• Noite histórica para o Brasil

Pra fechar de vez o assunto Oscar 2025, vou fazer uma breve análise sobre os resultados da noite. Em geral, achei uma premiação justa, com algumas discordâncias aqui e ali. Pra poder opinar com mais propriedade sobre o assunto, eu assisti a todas as 50 produções indicadas e vou falar um pouquinho de cada categoria. Pra ler a lista completa dos vencedores, é só descer até o final do post.

Vamos começar pelo momento histórico para o Brasil. Ainda Estou Aqui levou pra casa o prêmio de Melhor Filme Internacional! Pela primeira vez, alcançamos esse posto, e espero que seja apenas o início de uma maior visibilidade para o cinema nacional. O final da cerimônia pode até ter sido um pouco frustrante, por causa dos resultados de Melhor Atriz Principal e Melhor Filme, mas precisamos aprender a olhar o lado positivo das coisas.

Até sobre isso, queria fazer um desabafo. Todo o orgulho que eu senti de ser brasileiro durante a temporada, devido à campanha imensa que fizemos pelo filme, se transformou em vergonha após a vitória da Mikey Madison.

Pra quem não sabe, ela era uma das favoritas. Tinha levado pra casa a vitória no BAFTA (Oscar britânico) e estava em uma disputa ferrenha com Demi Moore e Fernanda Torres. É verdade que as duas perderam provavelmente pela primeira estar em um filme de terror, algo historicamente rejeitado pela Academia, e a outra ser latino-americana. Não dá pra ser ingênuo também. Mas a vitória da Mikey tá bem longe de ser vergonhosa como a da Gwyneth Paltrow. O que eu vi nas redes sociais foi uma quantidade gigantesca de brasileiros tacando ódio na Mikey, algo que nos faz parecer mesquinhos e egoístas.

Dito isso, acredito que o reconhecimento de Anora no Oscar 2025 foi bastante exagerado. Até consigo entender as vitórias em Melhor Filme (por conta do critério preferencial de votação, em que o ganhador é definido por média) e Melhor Atriz. Nas outras categorias, acho que tinham concorrentes melhores. Pra mim, Brady Corbet, de O Brutalista, deveria ter ganhado Melhor Direção; A Substância deveria ter ficado com Melhor Roteiro Original; e Melhor Montagem deveria ter sido de Conclave. Sim, Anora é um bom filme, mas acho que ganhar cinco categorias principais foi um baita de um exagero.

Seguindo em frente, tivemos a deliciosa vitória de Flow em Melhor Animação. Isso é muito saudável pra indústria. Um filme da Letônia, com pouco investimento, derrotar produções da Disney/Pixar e da DreamWorks é um feito absurdo, a primeira vitória da história daquele país no Oscar. Na imagem de capa dessa postagem, inclusive, tá o diretor Gints Zilbalodis ao lado do nosso Walter Salles.

Emilia Pérez confirmou seu declínio ao longo da temporada e levou pra casa apenas duas estatuetas: Melhor Atriz Coadjuvante, com Zoë Saldaña, e Melhor Canção Original. Discordo de ambas as vitórias, mas se era pra esse filme mediano ganhar algo, pelo menos não foi nenhuma “grande” categoria. E, pela primeira vez, um longa indicado a Melhor Filme e Melhor Filme Internacional não venceu esse último prêmio. Bem feito.

O resultado dos curtas pra mim foi o momento mais baixo da noite – discordei de todas as vitórias. A Única Mulher da Orquestra só ganhou por causa da visibilidade da Netflix, porque era o pior dos cinco indicados. I’m Not a Robot é legalzinho, mas é inferior aos outros competidores, como A Lien e Anuja. Por fim, The Shadow of the Cypress foi a vitória mais surpreendente, embora tenha sido indicado ao Annie Awards. Achei uma categoria bem fraca nesse ano. O meu predileto foi Magic Candies, que acabou não levando.

Quanto às demais categorias, acho que deu a lógica. Como já falei demais delas nas outras postagens do site, não vou me estender. Sobre os meus palpites, eu errei cinco: Melhor Atriz Principal, Melhor Animação, Melhor Curta-Metragem, Melhor Documentário em Curta e Melhor Curta em Animação. Acertei 18 de 23. Não foi meu melhor ano, mas acho que tá bom.

Obrigado a todo mundo que acompanhou o Pitacos durante esse período, de verdade. Todos os filmes indicados têm crítica aqui no blog, caso tenham curiosidade. Pra facilitar, é só acessar esse link e rolar a postagem até o final, ou então pesquisar pelo filme desejado na aba de pesquisa. Se quiser ver meu ranking pessoal das produções no letterboxd, é só clicar aqui.

VENCEDORES DE TODAS AS CATEGORIAS NO OSCAR 2025:

Melhor Filme

• Ainda Estou Aqui
• Anora – VENCEDOR
• A Substância
• Conclave
• Duna: Parte 2
• Emilia Pérez
• O Brutalista
• O Reformatório Nickel
• Um Completo Desconhecido
• Wicked

Melhor Direção

• Brady Corbet (O Brutalista)
• Coralie Fargeat (A Substância)
• Jacques Audiard (Emilia Pérez)
• James Mangold (Um Completo Desconhecido)
• Sean Baker (Anora) – VENCEDOR

Melhor Atriz Principal

• Cynthia Erivo (Wicked)
• Demi Moore (A Substância)
• Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui)
• Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez)
• Mikey Madison (Anora) – VENCEDOR

Melhor Ator Principal

• Adrien Brody (O Brutalista) – VENCEDOR
• Colman Domingo (Sing Sing)
• Ralph Fiennes (Conclave)
• Sebastian Stan (O Aprendiz)
• Timothée Chalamet (Um Completo Desconhecido)

Melhor Roteiro Original

• Anora – VENCEDOR
• A Substância
• A Verdadeira Dor
• O Brutalista
• Setembro 5

Melhor Roteiro Adaptado

• Conclave – VENCEDOR
• Emilia Pérez
• O Reformatório Nickel
• Sing Sing
• Um Completo Desconhecido

Melhor Atriz Coadjuvante

• Ariana Grande (Wicked)
• Felicity Jones (O Brutalista)
• Isabella Rossellini (Conclave)
• Monica Barbaro (Um Completo Desconhecido)
• Zoë Saldaña (Emilia Pérez) – VENCEDOR

Melhor Ator Coadjuvante

• Edward Norton (Um Completo Desconhecido)
• Guy Pearce (O Brutalista)
• Jeremy Strong (O Aprendiz)
• Kieran Culkin (A Verdadeira Dor) – VENCEDOR
• Yuri Burisov (Anora)

Melhor Fotografia

• Duna: Parte 2
• Emilia Pérez
• Maria Callas
• Nosferatu
• O Brutalista – VENCEDOR

Melhor Montagem

• Anora – VENCEDOR
• Conclave
• Emilia Pérez
• O Brutalista
• Wicked

Melhor Filme Internacional

• A Garota da Agulha (Dinamarca)
• Ainda Estou Aqui (Brasil) – VENCEDOR
• A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha)
• Emilia Pérez (França)
• Flow (Letônia)

Melhor Animação

• Divertida Mente 2
• Flow – VENCEDOR
• Memórias de um Caracol
• Robô Selvagem
• Wallace & Gromit: Avengança

Melhor Trilha Sonora

• Conclave
• Emilia Pérez
• O Brutalista – VENCEDOR
• Robô Selvagem
• Wicked

Melhor Som

• Duna: Parte 2 – VENCEDOR
• Emilia Pérez
• Robô Selvagem
• Um Completo Desconhecido
• Wicked

Melhores Efeitos Visuais

• Alien: Romulus
• Better Man: A História de Robbie Williams
• Duna: Parte 2 – VENCEDOR
• Planeta dos Macacos: O Reinado
• Wicked

Melhor Figurino

• Conclave
• Gladiador II
• Nosferatu
• Um Completo Desconhecido
• Wicked – VENCEDOR

Melhor Design de Produção

• Conclave
• Duna: Parte 2
• Nosferatu
• O Brutalista
• Wicked – VENCEDOR

Melhor Maquiagem e Cabelo

• A Substância – VENCEDOR
• Emilia Pérez
• Nosferatu
• Um Homem Diferente
• Wicked

Melhor Canção Original

• El Mal, de Clément Ducol e Camille (Emilia Pérez) – VENCEDOR
• Like a Bird, de Abraham Alexander e Adrian Quesada (Sing Sing)
• Mi Camino, de Camille e Clément Ducol (Emilia Pérez)
• Never Too Late, de Elton John (Elton John: Never Too Late)
• The Journey, de Diane Warren (Batalhão 6888)

Melhor Documentário

• Diários da Caixa Preta
• Guerra da Porcelana
• Sem Chão – VENCEDOR
• Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno
• Trilha Sonora Para um Golpe de Estado

Melhor Documentário em Curta-Metragem

• A Única Mulher na Orquestra – VENCEDOR
• Death By Numbers
• I Am Ready, Warden
• Incident
• Instruments of a Beating Heart

Melhor Curta-Metragem

• A Lien
• Anuja
• I’m Not a Robot – VENCEDOR
• O Homem que Não se Calou
• The Last Ranger

Melhor Curta em Animação

• Beautiful Men
• In The Shadow of The Cypress – VENCEDOR
• Magic Candies
• Wander To Wonder
• Yuck!

E você, o que achou da cerimônia? Coloca aí nos comentários!