• Sentença antecipada
Em uma cidade pequena, um homem que trabalha em uma escola infantil é acusado de abuso contra uma menina de cinco anos e tenta desesperadamente limpar o seu nome.
Eu tenho muita agonia de histórias que envolvem injustiça. Me dá uma aflição gigantesca porque fico imaginando como eu agiria numa situação daquelas. Será que eu conseguiria manter a cabeça no lugar pra provar a minha inocência e não piorar ainda mais as coisas? Ao ler a sinopse deste filme, já sabia que me depararia com essa ansiedade. De fato, foi o que aconteceu.
A Caça tem uma premissa inicialmente simples. Em poucos minutos, o filme apresenta seus personagens, ensaia o conflito e então o aplica, dando início a uma sequência de eventos que não param de evoluir até o epílogo. A acusação contra Lucas, interpretado por Mads Mikkelsen, vira uma bola de neve e o nosso receio pelo destino do protagonista cresce junto.
Se você olhar de maneira superficial, pode até questionar a existência de um filme que coloca a figura de um homem como “herói” e de uma criança como “vilã”, mas A Caça vai bem além disso. Na minha visão, o principal ponto de discussão do roteiro sequer tá nos dois personagens.
Acredito que o diretor Thomas Vinterberg quis expor como a sociedade é rápida pra tecer julgamentos e, mesmo em um caso em que reações hostis seriam no mínimo compreensíveis ou quiçá, justificáveis, há uma indiscutível dose de hipocrisia nesses comportamentos.
Este longa dinamarquês mostra que nem tudo é preto no branco. Grande parte dos personagens não se importa de fato com a criança. Em alguns momentos, eles até utilizam a vítima como desculpa pra cometer atos terríveis e promover uma espécie de caça às bruxas sem um pingo de imparcialidade. E, além disso, o enredo ensina uma poderosa lição: todo ser humano é capaz de mentir ou de distorcer a verdade.
A Caça apresenta uma trama revoltante e que diz muito sobre como a sociedade pode ser cega e volátil. É um filme tenso, complexo e desconfortável, que mostra como a cultura do abuso, seja de qual tipo for, funciona como um efeito dominó sobretudo na mente de uma criança.
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?
