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AnáliseRicardo #27 – Passagrana aposta na boa e velha malandragem

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• Um bom filme de assalto

Fala, galera!

Hoje vamos de crítica sobre Passagrana, um filme de assalto brasileiro que me ajudou a entender melhor por que eu tenho uma relação complicada com esse gênero.

Quem aí já tá curioso? Então, bora trocar essa ideia!

Olha, vou começar sendo bem sincero: eu não sou muito fã de filmes de assalto, sabe?

Cacete, como eu odeio quando tudo é meticulosamente planejado, aquele esquema perfeito onde cada um dos personagens sabe exatamente o que fazer e tudo dá certo como num passe de mágica! Acho meio cansativo, sabe?

Pra vocês entenderem o que eu tô falando, Truque de Mestre é um ótimo exemplo do tipo de filme que não curto. Mas foi assistindo Passagrana que eu percebi por que filmes de assalto raramente me conquistam – ou melhor, o que realmente me falta nessas histórias pra eu curtir.

Curiosamente, um dos poucos filmes de assalto que eu realmente curto é brasileiro também: Assalto ao Banco Central. O que eu gosto nesse filme é a sujeira… Calma, calma, já explico!

Quando falo ‘sujeira’, tô falando da moral dos personagens. Eles não são aquelas figuras injustiçadas e puras; são personagens que sabem que o que estão fazendo não é bom. Eles entendem as brechas, são espertos e estão nessa pelo próprio interesse. E Passagrana também consegue captar um pouco disso, só que com um toque bem brasileiro: a boa e velha malandragem.

A trama de Passagrana acompanha quatro jovens que, desde pequenos, precisaram se virar pra conseguir algo na vida. Pra eles, os golpes e furtos se tornaram uma forma de sobrevivência. Mas quando partem pra algo maior, acabam caindo nas mãos de um policial corrupto, que os obriga a reembolsar um dinheiro que ele perdeu por causa dos moleques.

Só nessa sinopse já dá pra ver o coração do filme: uma história de amizade e um contexto social que é muito real, que muita gente conhece na pele.

O ponto alto do filme é, sem dúvida, a dinâmica entre os quatro protagonistas. A química entre o Zoinhu, interpretado pelo Wesley Guimarães; o Linguinha, pelo Juan Queiroz; o Mãodelo, pelo Elzio Vieira; e o Alãodelom, pelo Wenry Bueno, é sensacional.

Dá pra ver que o diretor sabe usar bem essa conexão entre os atores, criando momentos em que a gente torce muito pelo sucesso deles. Essa energia que o elenco principal traz é fundamental pro filme funcionar.

Os quatro protagonistas

Mas nem tudo são flores. A direção do Ravel Cabral, que faz sua estreia aqui, tem falhas. Embora ele saiba extrair boas atuações do elenco, ele peca na fluidez do filme e deixa algumas cenas meio soltas. Sabe quando você sente que uma sequência quebra o ritmo ou parece jogada ali sem muita razão?

A montagem de Passagrana também vai por esse caminho. Momentos que deveriam ser pausas pra gente respirar e pegar a profundidade dos personagens acabam ficando rasos, fracos, porque a direção e a edição não seguram a tensão que deveriam.

E falando em problemas de roteiro, o romance que envolve a personagem da Giovanna Grigio… Ah, pessoal, decepcionante. Ela até começa como um recurso interessante na trama, uma possível saída para o assalto, mas acaba virando só um par romântico. Perde uma baita oportunidade de explorar a personagem em um contexto que poderia ajudar a trama principal.

Essa falta de profundidade faz falta e deixa claro que o roteiro precisava ser um pouco mais redondo. A direção, infelizmente, falha em explorar o potencial dela na história.

Agora, voltando pro lado bom, preciso falar da trilha sonora de Passagrana, porque Fabio Góes mandou muito bem!

O cara já fez trilha pra Turma da Mônica: Laços, e aqui ele dá um show de novo. A trilha é urbana, acompanha o ritmo da cidade e da situação que os personagens estão vivendo. Ele usa as batidas e os silêncios pra gente sentir o que eles sentem.

Essa trilha ajuda demais a entrar na vibe do filme, faz a gente sentir a adrenalina deles e os momentos de respiro. Palmas pro Fabio Góes!

Então, Passagrana é um bom filme, especialmente considerando que eu fui ver sem esperar nada. Ele tem uma boa história, carisma e sabe explorar bem o cenário brasileiro e as questões sociais por trás dessa galera que se vira como pode.

Claro, ele tem seus altos e baixos nas partes técnicas, mas o que realmente deixa a desejar é a execução, que parece não dar conta do potencial da história. No fim das contas, ideias boas não faltaram, mas algumas escolhas não foram as melhores.

 

Ricardo Gomes
O Sharkboy que se formou em Jornalismo e ama o cinema

 

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Este texto faz parte de um quadro de colaborações com outros redatores. O artigo não foi escrito pelo maravilhoso Luiz Felipe Mendes, dono do blog, e não necessariamente está alinhado às ideias dele.

Publicado por Ricardo Gomes

O cara que mais perde tempo assistindo TV e escrevendo sobre, segundo Michelle (minha gata).