• Nada como uma sátira
Eu já falei isso aqui algumas vezes, mas certos filmes merecem ser vistos sem ter muita ideia da sinopse. Ficção Americana é um desses. Por isso, a minha sinopse será um pouco mais vaga do que de costume. Espero que entendam.
Monk é um escritor que sofre pra publicar uma obra de sucesso. Após se reaproximar da família e viver acontecimentos inesperados, ele resolve mudar sua abordagem artística em tom de piada, mas a tentativa acaba dando mais certo do que ele gostaria.
Ficção Americana era um dos filmes que eu estava com mais curiosidade de ver nesta temporada de premiações. Eu simplesmente adoro sátiras; quase sempre elas me agradam. Adoro tramas irreverentes, diálogos sarcásticos e roteiros espertos. Este filme tem tudo isso, só que… eu esperava um pouco mais.
Sem dúvidas, Ficção Americana é um filme engraçado. É irônico na medida certa, sem transbordar demais pro lado do exagero, e tece constantes cutucadas sociais através da perspectiva de um homem afro-americano. O texto faz ponderações pertinentes e a forma como ele trabalha o sarcasmo deixa a experiência divertida.
No entanto, o filme não desenvolve tão bem as outras cartas que coloca na mesa. Os dramas familiares são um tanto quanto superficiais, jamais ganhando a importância necessária pra causar algum impacto real. As atuações são boas, mas a maioria dos personagens é subaproveitada, com exceção de dois: Monk (Jeffrey Wright) e Cliff (Sterling K. Brown). Coincidência ou não, os dois atores foram indicados ao Oscar.
A minha impressão é de que Ficção Americana apresenta um debate relevante a respeito de como a sociedade recebe a produção artística de pessoas negras, mas apenas pincela o tema. Só há uma cena realmente instigante sobre o assunto, quando Monk está conversando com outra escritora. Em geral, a obra deixa tudo muito em aberto, pavimentando caminhos que ficam pela metade.
Ficção Americana tem uma base de qualidade, mas não vai muito além do que estabelece. O final tenta ousar, de forma tardia, e ótimas ideias acabam desperdiçadas. É um filme bom, mas que poderia ter sido excelente.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?
