• Currahee!
“Nós saudamos o posto, não o homem”.
Sem sombra de dúvidas a Segunda Guerra Mundial é um dos temas mais interessantes, revoltantes e intensos da história da humanidade. Cada vez que eu leio sobre as batalhas e massacres, parece que descubro uma coisa nova que adiciono à esta aparentemente infinita galeria de acontecimentos marcantes da Segunda Grande Guerra.
Band of Brothers, desenvolvida pela HBO e co-produzida por pessoas mais ou menos conhecidas, como Tom Hanks e Steven Spielberg, possui uma proposta ousada. Uma das séries de tv mais caras de todos os tempos, B.o.B. se concentra em representar os passos da Companhia do Exército americano Easy Company a partir dos dias anteriores ao Dia D e dar veracidade à tudo o que ocorreu com os integrantes, e para isto precisou da ajuda dos próprios membros da companhia.
Baseado no livro de Stephen E. Ambrose, a minissérie de 10 episódios gastou tanto justamente porque fez de tudo para que os fatos fossem contados da maneira correta. Claro que existem alguns erros aqui e ali, mas Band of Brothers é praticamente perfeita neste quesito, e as entrevistas dos integrantes da Easy Company no começo de cada episódio dão um toque a mais de fidelidade à história, fazendo-nos ter a impressão de que conhecemos os caras de fato.
Embora a trama se desenrole a partir de Richard Winters, um tenente no primeiro episódio que vai subindo de posto, cada capítulo é contado pelo ponto de vista de um ou mais personagens diferentes. Por exemplo: no episódio 2 vemos tudo pela concepção de Winters, no episódio 3 vemos pelos olhos do inseguro Albert Blithe, enquanto no 4 vemos pelas perspectivas de Bull e dos novos soldados; mais uma originalidade apresentada na série.
Outro ponto super positivo é a reconstrução dos cenários. Cidades devastadas, fazendas invadidas, tudo isto mostrando a soturna e crua realidade das guerras. Além dos locais, armas, tanques e aviões também foram restaurados, deixando-nos cada vez mais abismados com tudo que aconteceu durante a Segunda Guerra.
O único ponto negativo que consigo lembrar é o fato de eu não ter conseguido gravar o nome dos personagens direito. Claro que os principais como Winters e Nixon foram fáceis de memorizar, mas todos aqueles que não tiveram um episódio inteiro sob seu próprio ponto de vista (como Blithe, Lipton e Eugene “Doc” Roe) se misturaram em minha cabeça, com constantes “pera, acho que este é o Guarnere. Não, é o Liebgott. Não, peraí, tenho certeza que é o Perconte”. Nem sei se deve ser contado como um ponto negativo, mas nos primeiros episódios isto me deixou bem confuso – vários personagens são extremamente bem trabalhados, enquanto outros se misturam um pouco.
Uma coisa que também foi legal foi ver o ator David Schwimmer participar da série. Pra quem não sabe, ele é o icônico Ross de Friends, e aqui em Band of Brothers ele interpreta Sobel, um capitão rígido e mandão que não passa de um vacilão (uau, até rimei!). Eu tentava evitar, mas quando Sobel gritava ordens para os soldados, só conseguia ouvi-lo dizendo “WE WERE ON A BREAK!!”.
As cenas com campos de concentração não poderiam ter sido diferentes: terríveis de se ver e de imaginar que tudo aquilo realmente aconteceu. Ainda que o foco da série seja a mudança dos combatentes ao longo das batalhas, os campos nazistas são também mostrados, mesmo que brevemente, e conseguem gerar o impacto que naturalmente vem com a crueldade destas ações.
As atuações são todas muito boas, e podemos observar o cansaço no olhar de cada um dos soldados da Easy Company. Um ponto que merece destaque também é o elenco recheado de atores que são famosos hoje mas que na época não eram, como Michael Fassbender e Tom Hardy.
As cenas finais são bastante tocantes, e ficamos tristes em perceber que os acontecimentos da guerra jamais deixarão as memórias dos combatentes.
Band of Brothers é perfeita naquilo que quer mostrar. Repleta de ação e drama, com certeza foi um investimento corretíssimo feito pela HBO e merece o renomado prêmio de 5 Lelecos.
* Ah, pra quem tá se perguntando: o título “Currahee!” é por causa da montanha que os soldados da Easy Company subiam e desciam em seus treinos, como mostrado no primeiro episódio – o qual inclusive também se chama “Currahee”.
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+ Melhor personagem: Richard Winters
Desde o primeiro episódio notamos que ele é um líder natural, e a devoção de seus homens para com sua coragem é muito bonita de se ver.
+ Melhor episódio: E06 (“Bastogne”)
Um capítulo cheio de perdas, tem o enfermeiro Eugene Roe como foco e representa sem rodeios as tragédias da guerra. Menção honrosa também ao episódio 4, focado em Denver “Bull” Randleman.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?