Séries, Super-Heróis

Gotham: 1ª Temporada (2014/15)

• O brilho dos vilões

Todo mundo conhece o Batman, certo?
Diversos filmes, jogos e animações já foram feitas sobre o homem-morcego, um dos super-heróis mais conhecidos pelo público. Porém, Gotham inova e ao invés de contar a história do Batman, ela conta a origem dos vilões icônicos da realidade fictícia da cidade de Gotham alguns anos antes do surgimento do herói.
O personagem principal é o já conhecido James Gordon, um cidadão de bem um novato detetive extremamente honesto que coloca a honra acima de tudo e não se corrompe por nada. Seu parceiro Harvey Bullock é o completo oposto, com sua personalidade mais experiente, malandra, desleixada e (por que não?) carismática. Juntos, os dois passam a acompanhar casos cada vez mais estranhos, uns até mesmo beirando o absurdo.
Apesar do foco não ser o Batman, a trama começa com aquele acontecimento que tá todo mundo cansado de ver: a morte de Thomas e Martha Wayne. Bruce Wayne aparece na série como um garoto de 12 anos que no começo faz somente umas pontas, mas que vai ganhando espaço ao longo da temporada, juntamente com seu mordomo, nosso querido Alfred.
O primeiro vilão marcante a ser mostrado é o Pinguim, que aqui em Gotham é representando por um jovem franzino e desengonçado, que sofre bullying de praticamente todo mundo. Ele trabalha para a empoderada Fish Mooney, uma mulher forte e imponente que por sua vez trabalha para o chefão da máfia, Carmine Falcone. Ela administra uma boate e conta com a ajuda de seu fiel escudeiro Butch Gilzean.
Além de Fish, uma personagem feminina que se destaca é Selina Kyle – que aqui possui a mesma idade de Bruce – a qual diz ter testemunhado o assassinato dos Wayne e desde cedo se torna peça-chave da trama. Barbara Kean também aparece bastante, assim como outras personagens menores que os fãs dos quadrinhos sempre adoram ver, como a Poison Ivy (Hera Venenosa), ainda uma criancinha delicada e um pouquinho esquisita.
Vários outros conhecidos das hqs também surgem, como o Charada, Harvey Dent (o futuro Duas-Caras), Don Maroni, o Espantalho, Victor Zsasz e Lucius Fox – ainda que tenha feito só uma ponta. A forma como os personagens são desenvolvidos é interessante, e conseguimos enxergar desde cedo o potencial deles para a vida de super-vilões.
O melhor vilão é de longe Oswald Cobblepot, o Pinguim. Muito bem interpretado pelo ator Robin Lord Taylor, é um daqueles típicos vilões que a gente torce pra se dar bem, mesmo sabendo que não é moralmente correto. Talvez seja porque Oswald sempre foi humilhado, e vê-lo dar a volta por cima e se tornar cada vez mais perigoso dá uma distorcida sensação de satisfação.
Ainda que tenha uma proposta ousada e uma premissa interessante, Gotham possui muitos defeitos. Começando por uma coisa que eu tenho muita birra nas séries atuais: mais de 20 episódios por temporada. Pode reparar que raramente uma temporada com esse tanto de capítulos nos prende a atenção até o final, e está sempre sujeita a nos enjoar com o tempo.
Outro defeito é a condução da trama. Falando assim até parece que sou um crítico profissional né, mas na verdade o que eu quero dizer é simplesmente que muitos arcos de Gotham são forçados e até meio bobos. Os casos às vezes são resolvidos de maneira simples demais, situações absurdamente incomuns tendem a ocorrer e a série aposta demais no estilo dos quadrinhos, o que pra mim não ficou muito legal por ter acostumado com abordagens mais realistas, como a de Demolidor ou até mesmo a da trilogia do Batman de Cristopher Nolan. Com sua atmosfera mais escura, Gotham se contradiz e carrega um enredo por vezes infantil, não se preocupando muito em se adequar ao mundo real.
Em diversos momentos fiquei com sono enquanto assistia, sobretudo nas cenas com Fish Mooney, uma personagem que apesar do conceito interessante – o da mulher independente que consegue demonstrar poder sem a ajuda de ninguém – é muito caricata, e toda hora parecia que ela tinha que falar alguma coisa foda, mais ou menos como Daenerys Targaryen em Game of Thrones, com a diferença que Fish não possui Dragons.
Os fillers (aqueles famosos episódios que não acrescentam em nada) são em sua maioria desinteressantes, o que me faz voltar a perguntar por que a série não reduz o número de episódios. Contudo, Gotham também tem seus momentos marcantes, como as jogadas do Penguim, o desenvolvimento do Charada, o arco do Ogro no final da temporada, a evolução ainda que um pouco deslocada de Bruce Wayne, entre outros pontos que chamam a atenção.
Resumindo, Gotham não é uma série ruim, apenas ainda não desenvolveu o imenso potencial que tem ao abordar a riquíssima galeria de vilões do Batman.

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Eita, não esperava que o Don Maroni fosse morrer já.
  • Que jogada de mestre do Pinguim, hein.
  • Barbara enlouqueceu, coitada.
  • Comemorei pakas quando o Pinguim empurrou a Fish em direção ao mar, mesmo sabendo que no mundo dos quadrinhos, raramente alguém fica morto por muito tempo, com exceção dos Wayne e do Tio Ben.
  • Foi muito sem noção o Maroni começar a falar aquilo na frente da Fish.
  • Leslie e Jim > Barbara e Jim.
  • Bruce e Selina >>>>> resto.
  • Que personagem foda o de Edward Nygma.
  • Aquele Loeb é um bosta, né.
  • Imagina que louco se no mundo real um bandido resolvesse amarrar pessoas num balão de gás hélio e soltá-las no ar?
  • E aquele Jerome, hein? Parece alguém que eu conheço…
  • Só acho que o medo de Bruce em relação à morcegos poderia ter sido melhor abordado, mas beleza.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Pinguim
Um dos melhores super-vilões do mundo das séries até agora, Oswald Cobblepot está um degrau acima de todos os outros na temporada.

O olhar tranquilo de quem sabe que é o dono da temporada
O olhar tranquilo de quem sabe que é o dono da temporada

+ Melhor episódio: S01E07 (“Penguin’s Umbrella”)
Uma reviravolta surpreendente me deixou vidrado e ansioso pelos episódios seguintes.

Não há nada mais perigoso que um homem honesto

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).