• Ninguém está seguro
Quem te viu, quem te vê, The 100.
Sabe quando você vê fotos antigas de alguma pessoa e percebe o quanto a natureza foi bondosa com ela? O tanto que o tempo melhorou sua aparência? Pois é. Imagine que a primeira temporada de The 100 é uma foto antiga sua, em que você tá cheio de espinhas amareladas, o cabelo todo desarrumado e roupas desajustadas. Agora imagine que a terceira temporada é uma foto atual, com uma qualidade visual melhor e as coisas mais arrumadinhas. É com esta analogia esquisita que eu começo mais um pitaco.
É notável a diferença entre o começo da série e as temporadas posteriores. No início, The 100 era bem mais adolescente com clichês bobos e personagens caricatos. Não que eu tenha algo contra séries desse estilo, inclusive tenho mais preguiça de obras cult do que de tramas leves. O problema maior é que eu sou fascinado por histórias pós-apocalípticas, e o enredo de The 100 tinha um puta potencial. Quando vi que a história tava sendo meio desperdiçada, broxei geral, mesmo a temporada tendo bons aspectos (até dei 3 Lelecos pra ela). Porém, sou brasileiro e não desisto nunca, e o sangue BR me fez acompanhar um salto de qualidade imenso.
Depois de travar batalhas contra os Terra-Firmes e derrotar a galera maluca de Mount Weather, o desafio dos Sky People (não lembro exatamente qual a tradução usada) agora é algo mais interno. Será que nossos personagens conseguirão evitar os conflitos entre si ao mesmo tempo que administram uma aliança com os Terra-Firmes, além de precisarem lidar com uma nova ameaça por vir? Insira aqui uma música de suspense.
Pra você que está lendo isto aqui e nem lembra direito os principais acontecimentos da temporada passada, vamos dar uma revisada nas tramas. Clarke mandou matar geral de Mount Weather pra salvar a porra toda, mas acabou que uma das vítimas foi Maya, a namoradinha do Jasper; Bellamy se redimiu e ajudou a derrotar os vilões; Octavia se aproximou mais do Lincoln, sendo decretado assim o Casal Apocalíptico do Ano; Kane e Abby ainda estão naquela de não decidir quem vai liderar; e por último, Jaha e Murphy se depararam com um bagulho bem futurista, uma Inteligência Artificial chamada A.L.I.E., a qual viria a se tornar um dos principais pontos da terceira temporada.
A adição de alguns personagens construiu novas vertentes do enredo, como por exemplo Pike, um filho da puta de marca maior. A figura de A.L.I.E. não é exatamente nova, mas como a vimos praticamente só em uma cena ela funciona como uma novidade na série. Além deles, temos o filho da Rainha do Gelo, Roan, e a própria rainha, os quais se entrelaçam com a história de Clarke.
Vamos começar pelos defeitos da temporada: o primeiro deles se chama Jasper. Meu Deus do céu, que cara chato do caralho. Desde o princípio eu tenho meio que uma antipatia por ele, o que foge um pouco da opinião geral, que adora a amizade dele e do Monty. Pra mim, os dois tem o relacionamento mais manjado do mundo, a de dois melhores amigos pra vida toda que em algum ponto vão brigar pra dar um drama, apenas pra depois voltarem a ser BFF’s. E apesar de Monty ser meio apagadinho, pelo menos ele não é enjoado igual ao Jasper.
Pra quem ainda não entendeu o porquê de eu achar isto, vou tentar explicar. Sempre achei o personagem em si forçado, mas na terceira temporada ele ficou insuportável. É compreensível, sendo que seu mozão morreu de forma trágica, mas todo mundo ali perdeu alguém e nem por isso ficaram revolts daquele jeito. Sim, eu sei que cada um reage de uma maneira, mas em uma situação em que eles precisam estar com a cabeça no lugar pra sobreviver, em que precisam pensar na comunidade antes de em si mesmos, algumas de suas atitudes acabam sendo bem egoístas.
Monty, por outro lado, evoluiu bastante. Apesar de ser o clichezão asiático que manja dos computadores, algumas de suas atitudes nessa temporada provaram que ele pode ser mais que apenas isto. Seu envolvimento com um certo alguém deu mais profundidade a ele, revelando uma faceta que ainda não havia sido mostrada.
Continuando no campo dos defeitos, quero colocar em pauta Kane e Abby, os piores líderes que eu já vi na vida, piores até que meus colegas nos trabalhos em grupo. É legal ver pessoas que não nasceram pra liderança sendo obrigadas a tomar este posto, mostra que ninguém ali estava de fato preparado pro que tá rolando. Contudo, tive várias vezes a impressão de que alguns de seus erros só aconteceram como uma forma do roteiro continuar a história, porque não é possível que eles sejam tão moles daquele jeito.
Por último, o defeito final é a mudança repentina na individualidade de uma certa galera. Enquanto alguns personagens são muito bem desenvolvidos, como Clarke e Octavia, outros mudam seus pensamentos de uma hora pra outra, sem nenhum aviso prévio. E fica maior ainda a sensação de que estas mudanças são apenas recursos dos roteiristas pra coisa toda andar.
Agora, passemos pras qualidades. O clima da série mudou demais, pqp. Tudo tá mais elaborado, e finalmente temos aquele sentimento de que ninguém está seguro naquele mundo, algo que não acontecia tanto assim na primeira temporada. Outro ponto que foi alterado, ainda que pequeno, foi a aparência do pessoal. Quando os 100 chegaram à Terra e o tempo foi passando, parecia que eles estavam num reality show, os homens todos com a barba bem feita e as mulheres com os cabelos impecáveis. Agora isto já foi alterado, dando mais realidade à série.
Os antagonistas também são destaques. Eu adoro quando vou maratonando e vai acontecendo merda atrás de merda, fico cada vez com mais vontade de saber como a história vai ser concluída e o que vai acontecer com todo mundo. E a terceira temporada de The 100 é muito interessante de assistir, altamente viciante.
Todos os pontos positivos das outras temporadas foram potencializados, de modo que percebemos uma série muito mais adulta, apesar de ainda trazer a pegada adolescente. A presença feminina forte é algo a ser admirado, sendo que algumas obras não entendem que “personagens femininas fortes” não são simplesmente garotas que sabem lutar e caminham com a cara fechada. Em The 100, cada uma tem a sua particularidade. Clarke é uma líder nata, tendo que lidar com dilemas pelo bem dos companheiros. Octavia faz a ponte entre os Terra-Firmes e os arcadianos. Raven talvez seja a mais forte, passando por situações que deixariam qualquer um maluco. Indra faz o papel de guerreira impetuosa, e por aí vai.
Apesar das melhores personagens da série serem mulheres, temos um cara que costuma me deixar em conflito: Murphy. Inicialmente, eu o odiava. Depois, tive pena. E agora gosto muito dele, mesmo com algumas ações bem controversas. É aquele típico caso em que você ama odiar alguém e acaba torcendo por seus planos.
The 100 tá longe de ser perfeita, é claro. Mas uma coisa eu garanto, provavelmente é a série que mais me surpreendeu com o passar do tempo e a que mais conseguiu subir em meu conceito, com uma terceira temporada que definitivamente vale a pena assistir.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Quero até ver se vai dar merda a Clarke ter desativado a A.L.I.E.
- Jaha, vai se foder. Na primeira temporada eu fiz um post no TVShow Time falando que você tinha sido o rei do episódio final e cê vai e me faz isso. Assim cê me complica, mano.
- Monty tendo que matar a mãe DUAS vezes foi pesado :/
- Se você estiver se sentindo indeciso, lembre-se do Bellamy. Porque aquele ali é impossível de entender.
- Voltando ao segundo tópico ali, fico triste que eles mudaram tão drasticamente o Jaha. Ele deveria ter morrido na nave e o arco da A.L.I.E. ter sido passado pra outro. Não curti muito essa jogada.
- Cara, fiquei boladão pela morte da Miley Cyrus tribal, ela fazia um bom par com a Clarke. Mas o gênio do Titus tinha que atirar errado, né.
- Velho, como assim tiveram coragem de matar o Lincoln??? Fiquei chocado com aquilo, pqp. Era um dos meus favoritos.
- Octavia matando o Pike no final foi o melhor momento da temporada. Que satisfação.
- Genial os deuses dos Terra-Firmes serem simplesmente o povo do espaço. Até achei meio que uma criticazinha à religião em geral, mas que foi uma revelação bem construída, isso foi.
- Murphy tá cheio das pretendentes, né.
- Simplesmente ignoraram aquele boy da Raven, poxa. Eu sei que parece que o ator era meio cuzão ou algo assim e por isso saiu da série, mas eles podiam ter pelo menos falado que o cara morreu na história, sei lá.
- Lexa matando a Rainha do Gelo foi bem pika.
- Abby e Kane, awwwwwwn.
- Ontari é uma Otária™
- Sinclair :(((
- E no final, a única Luna que tem moral comigo continua sendo a Lovegood.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Octavia Blake
Uma das mulheres mais fortes e independentes da série alcança seu ápice no terceiro ano de The 100. Além de ganhar o prêmio de melhor personagem, ainda ganhou meu coração.
+ Melhor episódio: S03E09 (“Stealing Fire”)
Um dos mais poderosos capítulos, aqui está a prova definitiva do patamar que a série conseguiu atingir.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?