Drama, Séries

Skam: 2ª Temporada (2016)

• Romance proibido

Uma das coisas mais comuns em histórias de amor é a romantização do homem valentão que se apaixona pela garota “delicada”. Se puxarmos pela memória, temos os exemplos dos casais formados pelo atleta do ensino médio com a menina que não liga pra esportes, a princesa que se apaixona pelo monstro, até Shrek & Fiona entram nessa equação. A atração dos opostos já foi explorada exaustivamente na trajetória do cinema e da televisão, sobretudo em tramas adolescentes. A segunda temporada de Skam decidiu apostar as suas fichas em um romance do gênero. Infelizmente, o enredo concentrou-se tanto nessa parte que acabou deixando os demais acontecimentos em um segundo plano muito escondido, fazendo com que a série perdesse um pouco de sua essência.

 

Sinopse

Lembram do William, a paixão de Vilde e o pilar de sua primeira vez? Sim, aquele garoto que a humilhou na frente de todo mundo e levou uma catracada da Noora. Pois bem, ao final da primeira temporada, ele resolveu pedir perdão para Vilde, a fim de não deixar nenhuma ponta solta. Poderia ter sido um ato digno, se não fosse por um detalhe – o garoto o fez por pedido da Noora, preocupada com o bem-estar de sua amiga. O problema ainda maior foi que William só acatou a solicitação de Noora sob as condições de que ela toparia sair com ele. Com isso, a história deixa de ocorrer segundo o ponto de vista de Eva, transferindo suas ações para a figura de Noora, a qual precisa cumprir a sua parte do acordo e ir em um encontro com William.

Fuckboys™

Crítica

Uma história de romance funciona apenas se nós importamo-nos o suficiente com as pessoas envolvidas no mesmo. No caso de Noora e William, comigo isso foi unilateral. Não tem como assistir à primeira temporada e não gostar da Noora. Ela quase foi a melhor personagem, mesmo tendo muito menos espaço do que a Eva. Em nenhum momento eu senti algo parecido por William. O cara era claramente violento, tratou a Vilde (e várias outras garotas) igual lixo e ainda olhava pra todos com um nojento ar de superioridade. A partir do momento em que eu percebi que a série estava fazendo de tudo pra estabelecer um romance entre ele e Noora, fui acompanhando o enredo com uma descrença cada vez maior. Eventualmente, tive que superar o fato de que aquele era um caminho inevitável, e acabei me acostumando com o par. Entretanto, em praticamente nenhum momento torci por eles.
Por causa disso, minha experiência com a segunda temporada de Skam não foi tão boa quanto com a primeira. Na temporada anterior, tínhamos o casal Eva & Jonas como um dos temas principais, e eles não eram um par muito legal. Porém, tínhamos também os arcos envolvendo a Vilde, a Sana, a Noora, até o Isak. Na segunda temporada, o roteiro não dá espaço pra muita coisa além de Noora & William, tornando a maratona um pouco enjoativa, principalmente se você, como eu, não torceu pra que o casal ficasse junto.
Por outro lado, não tem como afirmar que a magia de Skam desapareceu totalmente. Presenciamos a Eva demonstrando uma mudança radical de personalidade, passando de uma garota tímida e insegura para uma garota extrovertida e desinibida, a Sana abandonou parcialmente sua grosseria e apresentou um lado mais gentil e brincalhão, Vilde substituiu algumas de suas obsessões por lampejos de curiosidade inocente, fofa de ver. Chris segue como a menos explorada das cinco protagonistas, mas tem seus momentos. A maior qualidade da série aflora quando o grupo aparece junto, e justamente por isso o quarto episódio é um dos mais legais.

Wilhelm e Noora, óleo sobre tela

Veredito

A maior qualidade de Skam está na amizade entre Eva, Noora, Vilde, Sana e Chris. Os melhores momentos da série são quando as cinco compartilham a tela. O erro da segunda temporada foi abrir mão desse ponto em decorrência de um romance que passou longe de me agradar. Na reta final, a trama entrou melhor nos trilhos e deixou a monotonia de lado, trabalhando temas como assédio, comportamentos violentos – suas causas e consequências -, feminismo e o valor da amizade, embora isso possa soar brega. Contudo, isso não apaga os tropeços cometidos nos capítulos anteriores, onde a história deu muito valor a algo clichê na ficção e optou por colocar em segundo plano seus maiores méritos como série. Resumindo, a segunda temporada de Skam tem uma cobertura recheada de potencial, mas a massa deixa a desejar. Nota final: 3,1/5.

Bran, Osha, Hodor, Jojen e Meera à caminho da Muralha

 

>> Crítica da 1ª Temporada de Skam

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Pra mim, a gota d’água pra ter a certeza absoluta de que eu não gostava do William foi quando a Noora contou pra ele a respeito do caso envolvendo o Nikolai. Em vez de pelo menos escutar o que ela tinha a dizer, William já foi tirando conclusões precipitadas e nem considerou a ideia de que poderia ter acontecido algo não consensual. Não quis nem ouvir, e saiu revoltado dando showzinho como se ele tivesse sido a vítima. Ridículo demais.
  • E por falar no Nikolai, que cara psicopata. Sério, não dá pra defender alguém que nem ele. Adorei quando a Noora mandou a real sobre o que poderia acontecer com ele se fosse apreendido com a foto que havia tirado dela.
  • Pra ninguém dizer que eu só falei mal do William, aquela cena da Noora cantando “More Than Words” foi bem elétrica, e foi bem fofo ele ter escrito a redação dela e ignorado as notificações de redes sociais. Naquela mesma situação, muitos outros poderiam ter cedido e dado uma olhada no perfil alheio.
  • Qual o sentido daquela galera brigando entre si, velho? O único que eu perdoo por sair batendo em geral sem motivo algum é o Chris, porque ele é um tremendo gostoso.
  • Gostei muito do episódio especial de Páscoa. O clima de filme de terror foi bem feito demais, com a Sana comandando as ações. Não vou mentir, até eu fiquei com um pouquinho de medo. Imagina se estivesse lá.
  • A relação da Noora com a Vilde foi muito fofinha. É verdade que a Noora foi um pouco cuzona (sim, eu acho que ela não tinha o direito de fazer com que o cara que a Vilde gostava pedisse desculpa, ainda mais porque foi algo forçado, e também a Noora poderia ter contado que estava se apaixonando pelo William), mas o jeito que ela cuidou da amiga quando Vilde não estava se alimentando direito foi bem legal. E pirei no quanto a Vilde amadureceu de uma temporada pra outra. Absorveu tudo com naturalidade.
  • Chris e Kasper é o meu novo casal favorito da televisão. E por que diabos deram o nome de Chris pra um menino e uma menina na mesma série? Só pra confundir minha cabeça.
  • Gostei da Linn e do Eskild. Pra falar a verdade, no começo eu tava meio assim em relação a eles, achava o Eskild muito folgado e a Linn muito chatinha, mas depois passei a curti-los.
  • A Eva da primeira temporada é a mesma da segunda? O que aconteceu com aquela Eva tímida? Quem é esta nova Eva loucona que sai beijando todo mundo, inclusive o Chris? Sexta, no Globo Repórter.
  • Isak dando uma piscadinha pra câmera e revelando nas entrelinhas que será o novo protagonista, o Jonas de cabelo cortado e uma personalidade aparentemente mais agradável. A próxima temporada promete.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Noora Amalie Sætre
Em alguns aspectos, eu gostava mais dela na primeira temporada. Todavia, não dá pra negar que foi a melhor desta, sem nenhuma concorrência.

A sogra dela deveria chamá-la de Nora ou Noora?

+ Melhor episódio: S02E10 (“Jeg skal forklare alt”)
Gostei bastante do quarto capítulo e de tudo que ele ofereceu, mas o antepenúltimo é o mais intenso da série até aqui. Ele aborda assuntos muito fortes ao mesmo tempo e consegue ser competente em todos eles.

Vazou o elenco de “Sereias de Gotham”

+ Maior evolução: Vilde Hellerud Lien
Na primeira temporada, ela era a garota deslumbrada com o ensino médio. Sua inocência era a característica mais marcante. Aqui, Vilde demonstra ser uma das mais maduras do grupo.

Quem nunca usou um tabuleiro Ouija com as amigas?

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).