• Romance proibido
Uma das coisas mais comuns em histórias de amor é a romantização do homem valentão que se apaixona pela garota “delicada”. Se puxarmos pela memória, temos os exemplos dos casais formados pelo atleta do ensino médio com a menina que não liga pra esportes, a princesa que se apaixona pelo monstro, até Shrek & Fiona entram nessa equação. A atração dos opostos já foi explorada exaustivamente na trajetória do cinema e da televisão, sobretudo em tramas adolescentes. A segunda temporada de Skam decidiu apostar as suas fichas em um romance do gênero. Infelizmente, o enredo concentrou-se tanto nessa parte que acabou deixando os demais acontecimentos em um segundo plano muito escondido, fazendo com que a série perdesse um pouco de sua essência.
Sinopse
Lembram do William, a paixão de Vilde e o pilar de sua primeira vez? Sim, aquele garoto que a humilhou na frente de todo mundo e levou uma catracada da Noora. Pois bem, ao final da primeira temporada, ele resolveu pedir perdão para Vilde, a fim de não deixar nenhuma ponta solta. Poderia ter sido um ato digno, se não fosse por um detalhe – o garoto o fez por pedido da Noora, preocupada com o bem-estar de sua amiga. O problema ainda maior foi que William só acatou a solicitação de Noora sob as condições de que ela toparia sair com ele. Com isso, a história deixa de ocorrer segundo o ponto de vista de Eva, transferindo suas ações para a figura de Noora, a qual precisa cumprir a sua parte do acordo e ir em um encontro com William.
Crítica
Uma história de romance funciona apenas se nós importamo-nos o suficiente com as pessoas envolvidas no mesmo. No caso de Noora e William, comigo isso foi unilateral. Não tem como assistir à primeira temporada e não gostar da Noora. Ela quase foi a melhor personagem, mesmo tendo muito menos espaço do que a Eva. Em nenhum momento eu senti algo parecido por William. O cara era claramente violento, tratou a Vilde (e várias outras garotas) igual lixo e ainda olhava pra todos com um nojento ar de superioridade. A partir do momento em que eu percebi que a série estava fazendo de tudo pra estabelecer um romance entre ele e Noora, fui acompanhando o enredo com uma descrença cada vez maior. Eventualmente, tive que superar o fato de que aquele era um caminho inevitável, e acabei me acostumando com o par. Entretanto, em praticamente nenhum momento torci por eles.
Por causa disso, minha experiência com a segunda temporada de Skam não foi tão boa quanto com a primeira. Na temporada anterior, tínhamos o casal Eva & Jonas como um dos temas principais, e eles não eram um par muito legal. Porém, tínhamos também os arcos envolvendo a Vilde, a Sana, a Noora, até o Isak. Na segunda temporada, o roteiro não dá espaço pra muita coisa além de Noora & William, tornando a maratona um pouco enjoativa, principalmente se você, como eu, não torceu pra que o casal ficasse junto.
Por outro lado, não tem como afirmar que a magia de Skam desapareceu totalmente. Presenciamos a Eva demonstrando uma mudança radical de personalidade, passando de uma garota tímida e insegura para uma garota extrovertida e desinibida, a Sana abandonou parcialmente sua grosseria e apresentou um lado mais gentil e brincalhão, Vilde substituiu algumas de suas obsessões por lampejos de curiosidade inocente, fofa de ver. Chris segue como a menos explorada das cinco protagonistas, mas tem seus momentos. A maior qualidade da série aflora quando o grupo aparece junto, e justamente por isso o quarto episódio é um dos mais legais.
Veredito
A maior qualidade de Skam está na amizade entre Eva, Noora, Vilde, Sana e Chris. Os melhores momentos da série são quando as cinco compartilham a tela. O erro da segunda temporada foi abrir mão desse ponto em decorrência de um romance que passou longe de me agradar. Na reta final, a trama entrou melhor nos trilhos e deixou a monotonia de lado, trabalhando temas como assédio, comportamentos violentos – suas causas e consequências -, feminismo e o valor da amizade, embora isso possa soar brega. Contudo, isso não apaga os tropeços cometidos nos capítulos anteriores, onde a história deu muito valor a algo clichê na ficção e optou por colocar em segundo plano seus maiores méritos como série. Resumindo, a segunda temporada de Skam tem uma cobertura recheada de potencial, mas a massa deixa a desejar. Nota final: 3,1/5.
>> Crítica da 1ª Temporada de Skam
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco
Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Pra mim, a gota d’água pra ter a certeza absoluta de que eu não gostava do William foi quando a Noora contou pra ele a respeito do caso envolvendo o Nikolai. Em vez de pelo menos escutar o que ela tinha a dizer, William já foi tirando conclusões precipitadas e nem considerou a ideia de que poderia ter acontecido algo não consensual. Não quis nem ouvir, e saiu revoltado dando showzinho como se ele tivesse sido a vítima. Ridículo demais.
- E por falar no Nikolai, que cara psicopata. Sério, não dá pra defender alguém que nem ele. Adorei quando a Noora mandou a real sobre o que poderia acontecer com ele se fosse apreendido com a foto que havia tirado dela.
- Pra ninguém dizer que eu só falei mal do William, aquela cena da Noora cantando “More Than Words” foi bem elétrica, e foi bem fofo ele ter escrito a redação dela e ignorado as notificações de redes sociais. Naquela mesma situação, muitos outros poderiam ter cedido e dado uma olhada no perfil alheio.
- Qual o sentido daquela galera brigando entre si, velho? O único que eu perdoo por sair batendo em geral sem motivo algum é o Chris, porque ele é um tremendo gostoso.
- Gostei muito do episódio especial de Páscoa. O clima de filme de terror foi bem feito demais, com a Sana comandando as ações. Não vou mentir, até eu fiquei com um pouquinho de medo. Imagina se estivesse lá.
- A relação da Noora com a Vilde foi muito fofinha. É verdade que a Noora foi um pouco cuzona (sim, eu acho que ela não tinha o direito de fazer com que o cara que a Vilde gostava pedisse desculpa, ainda mais porque foi algo forçado, e também a Noora poderia ter contado que estava se apaixonando pelo William), mas o jeito que ela cuidou da amiga quando Vilde não estava se alimentando direito foi bem legal. E pirei no quanto a Vilde amadureceu de uma temporada pra outra. Absorveu tudo com naturalidade.
- Chris e Kasper é o meu novo casal favorito da televisão. E por que diabos deram o nome de Chris pra um menino e uma menina na mesma série? Só pra confundir minha cabeça.
- Gostei da Linn e do Eskild. Pra falar a verdade, no começo eu tava meio assim em relação a eles, achava o Eskild muito folgado e a Linn muito chatinha, mas depois passei a curti-los.
- A Eva da primeira temporada é a mesma da segunda? O que aconteceu com aquela Eva tímida? Quem é esta nova Eva loucona que sai beijando todo mundo, inclusive o Chris? Sexta, no Globo Repórter.
- Isak dando uma piscadinha pra câmera e revelando nas entrelinhas que será o novo protagonista, o Jonas de cabelo cortado e uma personalidade aparentemente mais agradável. A próxima temporada promete.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Noora Amalie Sætre
Em alguns aspectos, eu gostava mais dela na primeira temporada. Todavia, não dá pra negar que foi a melhor desta, sem nenhuma concorrência.
+ Melhor episódio: S02E10 (“Jeg skal forklare alt”)
Gostei bastante do quarto capítulo e de tudo que ele ofereceu, mas o antepenúltimo é o mais intenso da série até aqui. Ele aborda assuntos muito fortes ao mesmo tempo e consegue ser competente em todos eles.
+ Maior evolução: Vilde Hellerud Lien
Na primeira temporada, ela era a garota deslumbrada com o ensino médio. Sua inocência era a característica mais marcante. Aqui, Vilde demonstra ser uma das mais maduras do grupo.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?