• Amor sensorial

Eu vi esse filme pela primeira vez há quase dez anos. Lembro que, na época, eu achei a história bonita, embora muito esquisita e distante da nossa realidade. No final do ano passado, resolvi assistir pela segunda vez, até pra conferir quais seriam as minhas impressões depois de tanto tempo.

Ela conta a história de um escritor solitário que se apaixona por um sistema operacional. Peraí, quem é ela? Não ela, Ela. O nome do filme é Ela. Entenderam? Certo, continuando. O homem, chamado Theodore, se afeiçoa a uma inteligência artificial com o nome de Samantha, levando ao questionamento do que é real quando se trata de amor.

Em 2013, o conceito de um ser humano se apaixonando por um computador poderia soar estranho. Uma década depois, é tão espantoso assim imaginar isso? Vivemos em uma sociedade cada vez mais voltada à tecnologia, ignorando o mundo real. Por outro lado, o que exatamente é o mundo real? O virtual não é apenas mais uma camada dessa suposta realidade?

Como vocês podem perceber, Ela desperta o meu lado filosófico, então peço desculpas. Voltando ao filme, o roteiro é um dos melhores dos últimos anos no cinema, e não à toa levou pra casa uma estatueta do Oscar justamente por essa qualidade.

No entanto, o texto bem escrito não é o único mérito, pois o longa conta com uma excelente atuação de Joaquin Phoenix, frente a uma fotografia marcante e colorida, além de uma bela trilha sonora. Tudo isso é capitaneado pela precisa direção de Spike Jonze.

A narrativa é poética e não faz juízo de valor sobre o sentimento de Theodore, mas questiona claramente os efeitos de uma vida atrelada à tecnologia de maneira tão intrínseca, abdicando da conexão natural que apenas o contato direto dos outros sentidos pode proporcionar. Afinal de contas, Samantha, dublada por Scarlett Johansson, desperta “apenas” a audição de Theodore, já que ele não a vê, sente e tampouco a cheira.

Ela é um filme obrigatório pra todos os amantes de cinema, e uma ótima tese de como os sentimentos humanos são complexos. É triste e feliz ao mesmo tempo, assim como a vida em si.

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?