Curtinhas do Leleco, Documentário

CurtinhasdoLeleco #86 – To Kill a Tiger (2022)

to kill a tiger

• Cultura prejudicial

É muito difícil escrever sobre esse tipo de filme. A temática é bem desagradável, pra dizer o mínimo. Infelizmente, o mundo pode ser um lugar terrível, e o documentário de hoje escancara um exemplo marcante disso.

Em um vilarejo pacato na Índia, uma menina de 13 anos é vítima de abuso por três homens. Em um ato de coragem e indo na contramão do costume local, a família reporta o caso à polícia e leva a julgamento. No entanto, essa decisão vem acompanhada de forte oposição e resistência por parte da comunidade.

To Kill a Tiger aborda um caso dolorosamente real. Mesmo se não fosse um documentário, a história contida aqui ainda assim seria verdadeira. O próprio filme diz, ao fim dos créditos, que a estimativa é de que 90% dos crimes sexuais na Índia não são reportados. Por aí, já dá pra imaginar que o filme não é fácil de digerir.

É preciso ter estômago pra assistir To Kill a Tiger, mas arrisco dizer que ele é mais revoltante do que chocante. O crime em si é chocante, claro, mas a reação das pessoas em volta é quase tão ruim quanto. As convicções dos habitantes do vilarejo são tão medievais que eu custei a acreditar que algumas pessoas realmente pensam daquele jeito. Mas tem muita gente assim. Ô, se tem.

O filme proporciona reflexões importantes sobre como a estrutura de poder que favorece ao homem não apenas o coloca em um pedestal simbólico, mas também esmaga o sexo oposto. O pior de tudo é que é algo cultural. Isso tudo fez eu reforçar ainda mais meu próprio ponto de vista de que, se qualquer cultura é prejudicial a alguém, ela tem de ser alterada.

Voltando ao documentário em si, o fato de possuir um tema importante garante a sua qualidade? Sim e não. Tecnicamente, é muito bem feito e prende a atenção, mostrando várias nuances do caso. A estrutura é sólida, mas eu acho que em alguns momentos o filme se estende um pouco além do necessário.

To Kill a Tiger tá longe de ser um filme simpático – e nem deveria ser. O documentário faz o que tem de fazer, apresenta um conjunto repulsivo de visões de mundo e transmite uma mensagem poderosa. Só por isso, já vale a assistida.

A importância de se ter uma rede de apoio

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).