• Pecando pelo excesso
Quem não gosta de um bom suspense? Eu, particularmente, adoro. O filme de hoje é estrelado por Anna Kendrick e Blake Lively, em uma trama que possui semelhanças com Garota Exemplar. Mas até onde essas semelhanças vão?
Stephanie é uma mãe dedicada e bondosa, que comumente é chamada de “santa” por ter características quase puritanas. A sua visão de mundo se altera quando conhece Emily, uma mulher que é o seu completo oposto. Quando a nova amiga desaparece, a situação fica ainda mais complicada.
Um Pequeno Favor demora um pouco pra engrenar. De início, o filme demonstra nuances de uma comédia romântica, mas não parece ter a plena intenção de seguir por esse lado. Com o passar do tempo, ele vai pulando de gênero em gênero até que fica difícil de identificar qual é o principal deles.
Eventualmente, o roteiro se estabiliza e eu fiquei com a sensação de que enfim a proposta do enredo estava tomando forma de verdade. O filme então começa a melhorar, principalmente quando surge em tela uma certa rivalidade entre personagens. Contudo, o excesso de reviravoltas prejudica muito a experiência.
Todo mundo gosta daquele plot twist bem pensado, e novamente eu trago Garota Exemplar pra discussão. Na obra de David Fincher, o filme segue uma toada específica até a metade, quando finalmente expõe todas as suas cartas e desenvolve a história a partir dali. Um Pequeno Favor faz algo parecido. Porém, depois de inserir a primeira reviravolta, ele continua apostando em mais mudanças de rumo.
Infelizmente, essa indecisão acerca de qual caminho tomar desorienta mais do que instiga. Na reta final, a trama se transforma em uma farofada tão grande que parte do meu cérebro não conseguiu mais processar o que estava acontecendo. Isso até poderia ter dado certo se o roteiro tivesse se inclinado mais para a comédia, mas ele nunca abraça totalmente essa ideia.
Um Pequeno Favor tem pontos interessantes e um clima caótico favorável ao entretenimento. Até certo ponto, ele consegue entregar a diversão que promete, mas acaba pecando nos próprios excessos e na identidade que tenta desenvolver.
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