Drama

Fear The Walking Dead: 1ª Temporada (2015)

fear the walking dead

• Como tudo começou

Certa madrugada, minha namorada sugeriu que assistíssemos a alguma das séries derivadas de The Walking Dead. A ideia era pegar da mais antiga pra mais recente, ou seja, a lógica seria começar por Fear The Walking Dead. Porém, como a série tem oito temporadas, optamos por iniciar World Beyond, a segunda mais velha. O problema é que ela é muito ruim e não tivemos saco de continuar depois de ver sete episódios e meio. Posteriormente, resolvemos então ver o comecinho do primeiro episódio de Fear, só pra saber qual seria a vibe. Foi então que devoramos a 1ª temporada em dois dias.

 

Sinopse

Alguns dias antes do apocalipse zumbi que decretou o fim do mundo como o conhecemos, uma família de Los Angeles tenta viver normalmente em meio à ameaça de um vírus desconhecido. Travis e Madison trabalham em uma escola e têm dois filhos: Nick, um jovem viciado em heroína, e Alison, uma garota academicamente inteligente. Quando Nick se depara com um acontecimento bizarro, a família começa a perceber que talvez a ameaça seja maior do que o imaginado.

Parece uma banda antiga em que dois membros já morreram e foram substituídos por músicos mais jovens

Crítica

O início de Fear The Walking Dead me lembra muito as primeiras temporadas da série original. Embora compartilhe muitos elementos em comum, a obra derivada se destaca por causa da sua premissa: abordar o despontar do apocalipse zumbi mais de perto, algo que não tivemos a oportunidade de fazer com a história de Rick Grimes.

Fear TWD aproveita muito bem esse conceito, desenvolvendo de forma gradual a queda da sociedade e mostrando o que exatamente deu errado pra tudo entrar em colapso tão rapidamente. Ao contrário do que a gente pensava, o desmoronamento da população não ocorreu de um dia pro outro e foi motivado por uma sequência de eventos que se transformaram em uma bola de neve.

Acredito que essa seja a maior sacada de Fear TWD, aproveitando uma brecha que estava ali, dando sopa, e justificando a própria existência da série. Se fosse só mais um conjunto de tramas dentro do apocalipse zumbi, mas com outros personagens, seria apenas uma variação de algo que já conhecíamos antes, pois eu tô presumindo que praticamente ninguém vai assistir isso daqui sem pelo menos ter visto um pouco da série original. Porém, eu gostaria que a obra tivesse apostado mais no lado científico. Acredito que foi uma oportunidade perdida, mas quem sabe isso ainda ocorre nas temporadas seguintes?

De qualquer forma, o fato de aproveitar um terreno não explorado é apenas o ponto de partida. Pra coisa realmente dar certo, era preciso ter uma boa narrativa e personagens que se conectassem com o público. Felizmente, isso acontece. Em comparação com a 1ª temporada de TWD, os personagens de Fear TWD são menos carismáticos, é verdade, mas possuem uma boa construção que faz com que a gente se interesse por suas jornadas.

Assim como a série original, Fear TWD sofre com algumas manias narrativas que me deram muita preguiça em determinados arcos de TWD. A maior delas dá as caras em situações onde há dilema moral. Parece que a série se sente obrigada em sempre colocar personagens com pensamentos muito antagônicos pra mostrar a diferença de filosofias em um cenário de sobrevivência. Às vezes isso fica meio mecânico e dá a impressão de existir só pra satisfazer essa necessidade do roteiro. Além disso, certos diálogos são repetitivos ou artificiais, com algumas falas que ganham tons de palestra em vez de conversas naturais.

Miley Cyrus – Flowers

Veredito

A 1ª temporada de Fear The Walking Dead faz a gente assistir de camarote a tudo aquilo que não foi mostrado na série original, enquanto seu protagonista estava em coma. Temos novos vislumbres sobre o início do apocalipse, com ótimas subversões e um estilo narrativo diferente, impondo a sua identidade. Alguns vícios negativos de The Walking Dead estão presentes, mas em geral é uma trama com ritmo muito agradável e convidativo. É impossível não querer continuar assistindo a um episódio atrás do outro, principalmente porque são somente seis.

Isso é que é casa

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Eu vou começar pelo final, falando um pouco sobre a morte da Liza. Não vou mentir e dizer que chorei quando aconteceu. Sinceramente, eu não me importava tanto assim com a personagem. Contudo, acho que ela ainda potencial pra se desenvolver. A série chegou a explicar exatamente qual era sua profissão? Lembro daquela médica falando que ela não era enfermeira, mas não me recordo de uma explicação sobre a verdadeira ocupação da Liza. Pode ser que eu tenha perdido essa informação, mas enfim.
  • No início, eu gostei do Travis e da sua dificuldade em administrar duas famílias diferentes ao mesmo tempo. Também gostei de vê-lo dando o benefício da dúvida pro Nick e indo visitar a igreja que ele mencionou. A partir do momento em que o Exército tomou o bairro deles, parei de gostar do Travis. Sei lá, o tipo de personagem que eu mais odeio no universo de TWD é o pacifista que quer resolver tudo no diálogo e sempre acredita no que há de melhor nas pessoas. Sei que foi duro matar a própria ex-esposa, mas espero que aquilo tenha feito ele cair na realidade.
  • Sobre a Madison, também me vi mudando de ideia constantemente. Comecei gostando e imaginando que ela era alguma delegada ou advogada, pela maneira que estava agindo. Acabou que não entendi muito bem a sua função na escola, mas imagino que era algum tipo de guarda, segurança ou sei lá. O que mais me irritou foi a sua atitude de tentar “proteger” a Alicia como se ela fosse uma criança, em vez de abrir o jogo sobre o que estava acontecendo, e a sua falta de atitude em não aproveitar o tempo que o Travis esteve fora pra estocar suprimentos e se preparar pra uma possível crise. Em vez disso, ficou lá jogando Monopoly.
  • E o Chris, meio chatinho, hein? Me lembrou aqueles adolescentes revoltados e idiotas que sempre faziam alguma merda em The Walking Dead. Beleza, eu sei que ele deve ter raiva de todo o planeta pelo divórcio dos seus pais e tudo mais, só que não consegui sentir empatia pelo cara. É oficial: eu odeio adolescentes
  • Ah, a Alicia também não disse a que veio até agora, mas não vou crucificá-la tão cedo. Não foi uma personagem que me agradou, mas também não me incomodou. Ela só esteve lá, existindo. Vamos ver se vai ganhar mais importância daqui pra frente.
  • Jurava que aquela família do cabeleireiro seria mó secundária, mas acabou que eles se tornaram regulares na série. É uma pena pela Griselda, mas, em um contexto como aquele, sua morte foi uma das mais misericordiosas e “tranquilas” que se poderia esperar. Sobre a Ofelia, fiquei em choque quando o soldado deu um tiro nela e acho que, narrativamente, a série teria ganhado mais com a sua morte, mas vamos ver o que o futuro lhe reserva. Por fim, sobre o Daniel, gostei de seu pragmatismo em alguns momentos, mas em outros ele ficava dando palestrinha demais. É uma mistura de Shane com Dale, ambos de The Walking Dead.
  • Pra finalizar, acho que o Strand tem potencial pra se tornar um dos melhores personagens da série. Estiloso: check. Boas frases de efeito: check. Noção de como não sucumbir em um apocalipse: check. Capacidade de negociação e malandragem: check. Sinergia com o Nick, atualmente meu personagem preferido: check. Um bom ator, na pele de Colman Domingo: check. Além de tudo, o cara é rico e ainda tem um barco. Esse sabe viver – e sobreviver, pelo jeito.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

Melhor personagem: Nick Clark
Fazia tempo que eu não tinha tanta facilidade em eleger um Melhor Personagem. Com o conflito interno mais interessante de todos, de longe, Nick é quem dá o pontapé inicial da série e aquele que mais se parece com uma pessoa real. Travis e Madison têm seus momentos, Strand surge como uma boa surpresa na reta final, enquanto alguns outros ainda estão devendo, como Alicia e Chris.

O Nick é aquele ali da direita em pé, ok? Não é o cara deitado

Melhor episódio: S01E01 (“Pilot”)
A sequência de abertura de Fear The Walking Dead pode não ser tão icônica quanto o início de The Walking Dead, mas definitivamente cumpre o propósito de nos deixar no clima da série. O episódio como um todo é uma excelente introdução pra nos fazer mergulhar de cabeça naquele universo fictício.

Fazendo uma reclamação com a operadora de telefone

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).