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AnáliseRicardo #22 – Todos Menos Você não consegue trabalhar seus clichês

todos menos você ricardo

• Salvo pelas atuações

Fala, galera! Quem me conhece sabe que eu sou fã de carteirinha de comédias românticas, e o último vídeo de listas já deixou bem claro esse amor. Dito isso, por que raios eu demorei tanto pra ver Todos Menos Você? Pois é, eu vou explicar tudinho nesse texto de hoje, então simbora!

Normalmente, eu sigo minha intuição quando vejo o pôster e leio a sinopse de um filme. Às vezes, até pego o começo de um trailer, só pra sentir se vou curtir ou não. Com este filme, eu fiz tudo isso: li a sinopse, vi o pôster, vi o trailer… e ainda fiquei com um pé atrás. Resultado: demorei um ano pra assistir.

Minha percepção inicial era que seria mais uma daquelas comédias românticas estilo Netflix, sem muita novidade ou química entre os protagonistas. E os meus queridos ricardolas sabem que eu curto o Glen Powell, mas só depois que eu assisti Imaculada foi que eu pensei: “Pô, a Sydney Sweeney pode sim segurar um filme inteiro e fazer esse bonitão funcionar com uma química digna de comédia romântica.”

E olha, a química entre eles realmente é relevante. Eu diria que, assim como em Armadilha do Shyamalan, a atuação salvou o filme. Mas calma, já já eu falo mais da atuação, primeiro deixa eu explicar por que o resto do filme só tá lá pra compor cena.

A química entre Glen Powell e Sydney Sweeney

Se você acha que comédia tem que ser boba e pronto, sinto te informar: você precisa de um detox de filmes hollywoodianos. A verdade é que a Academia de Cinema – aquela mesma, cheia de velhos brancos de Hollywood – conseguiu diminuir o valor de produções focadas no gênero de comédia e terror. Basta olhar o desprezo por gênios como Chaplin, Jim Carrey, ou até Jackie Chan. E nem preciso falar do tratamento que eles dão aos filmes de terror.

“Mas, Ricardo, por que você tá falando disso aqui?” Bem, ao longo dos anos, a gente aprendeu a desvalorizar esses gêneros, relativizando o que eles podem oferecer. E é aqui que entra minha argumentação sobre Todos Menos Você.

Quando se trata de comédias românticas, os estúdios geralmente diminuem o orçamento e deixam passar muita coisa: seja uma regravação mal feita, a falta de cuidado com a fotografia, ou até um roteiro preguiçoso. Como eu já falei várias vezes, eu não costumo ligar tanto pra parte técnica se a história me prende ou me envolve. Mas aqui, o problema é que além da fórmula já estar batida, o filme não se esforça em quase nada.

“Aah, Ricardo, é uma comédia romântica, não exige muito do filme, né?”

Lembra da minha argumentação lá de trás? Pois é.

“Ah, papinho de fotografia e roteiro em uma comédia romântica?”

Recentemente, eu fiz uma lista de comédias românticas, e um desses filmes foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado: Doentes de Amor. Outro tem um trabalho de fotografia incrível, que captura a essência da cidade: Mesmo Se Nada Der Certo. Eu nem vou apelar com Questão de Tempo ou Assassino por Acaso, mas o fato é que, quando falamos de comédias românticas, é impossível fugir da comparação com outros filmes do gênero – principalmente quando o protagonista roteirizou um desses filmes.

Agora, falando de atuação: essa foi, sem dúvida, a melhor escolha do filme. Glen Powell e Sidney Sweeney estão numa fase em que precisam se firmar em Hollywood, e nenhum dos dois quer ficar marcado por filmes ruins ou esquecíveis. Eles realmente se esforçam, e apesar do roteiro, conseguem construir uma química forte.

Outro ponto positivo é a direção. O Will Gluck sabe aproveitar essa química e transforma as situações em oportunidades pra eles brilharem. Eu gosto de alguns trabalhos dele – podem falar o que quiser, mas Amizade Colorida e A Mentira provam que ele entende do gênero.

Agora, vou colocar um pouquinho mais de lenha na fogueira: a fotografia às vezes parece inspirada em banco de imagens, e a montagem quase perdeu momentos que poderiam ter sido mais divertidos.

No fim, Todos Menos Você é fraquinho. Na mão de um estúdio que realmente apostasse no projeto, ele poderia ter sido bem melhor desde o início. Ainda bem que fez sucesso, e com isso, pode abrir portas para mais comédias românticas. Mas eu acho que, da próxima vez, eles precisam começar a acreditar no filme já na fase de produção.

 

Ricardo Gomes
O Sharkboy que estuda Jornalismo e ama o cinema

 

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Este texto faz parte de um quadro de colaborações com outros redatores. O artigo não foi escrito pelo maravilhoso Luiz Felipe Mendes, dono do blog, e não necessariamente está alinhado às ideias dele.

Publicado por Ricardo Gomes

O cara que mais perde tempo assistindo TV e escrevendo sobre, segundo Michelle (minha gata).