• Diversão requentada
Hanno é tomado como escravo pelos romanos e usa a oportunidade de lutar no Coliseu pra executar sua vingança.
Tá ficando cada vez mais comum em Hollywood surfar na onda dos clássicos pra produzir sequências que buscam utilizar o nome do original pra arrecadar milhões de dólares. Em boa parte das vezes, isso resulta em filmes que quase insultam seus antecessores. Em outras ocasiões, a continuação é pelo menos divertida. É o caso de Gladiador II.
A história se passa 16 anos após os eventos de Gladiador. O elenco é quase todo diferente, com exceção de Lucilla (Connie Nielsen) e Gracchus (Derek Jacobi). O segundo é meramente figurativo, mas a primeira tem grande importância e volta a mostrar que é uma boa personagem.
Paul Mescal interpreta o protagonista e faz bem o seu trabalho, mas quem rouba a cena mesmo é o coadjuvante Denzel Washington. As cenas parecem convergir pra ele sempre que o cara aparece, é surreal.
O enredo de Gladiador II é pra lá de familiar. Ok, é praticamente uma cópia do antecessor. As curvas dramáticas são muito semelhantes e até a jornada do protagonista é parecida. No quesito originalidade narrativa, este filme fica bem abaixo e ainda erra no desenvolvimento de seu personagem principal, que possui uma transição meio brusca entre a fúria e o perdão. A ideia era boa e começa bem executada, mas depois é apressada sem mais nem menos.
Por outro lado, enquanto o filme falha na tentativa de criar algo único e se desvincular pelo menos um pouquinho do original, não posso negar uma coisa: o entretenimento é de primeira. O diretor Ridley Scott esbanja criatividade nas cenas de luta, com direito a uma batalha naval em pleno Coliseu. Não temos confrontos que envolvem muita gente, mas esse aspecto intimista dos combates é um dos maiores charmes do longa.
Gladiador II talvez seja mais empolgante do que o seu antecessor, até por causa do avanço da tecnologia no cinema, mas entrega uma história requentada e com tropeços em seu desenvolvimento. Apesar de ser inferior, a sequência não estraga a memória do original e chama a atenção no fator diversão.
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