• Batatinha frita, 1, 2…
Na minha crítica da 1ª temporada, eu citei que Round 6 me lembrava um pouco a série brasileira 3%, devido ao seu formato e tudo mais. Na 2ª temporada, não pude deixar de me lembrar da saga Jogos Vorazes. É incrível como a produção sul-coreana compartilha semelhanças com a obra literária distópica estadunidense. Assim como os livros de Suzanne Collins, a série tem um primeiro capítulo mais focado na dinâmica fatal que consiste em um prêmio. Na 2ª temporada, Round 6 espelha Em Chamas, com a repetição de uma fórmula de sucesso e um desfecho que deixa um gancho gigantesco pro futuro.
Sinopse
Depois de vencer o Jogo da Lula e faturar bilhões de wones, Seong Gi-hun não está satisfeito. Através do seu dinheiro, ele toma como missão pessoal desmantelar aquele jogo doentio. Para isso, monta uma rede de contatos com o objetivo de encontrar o homem que lhe recrutou, mas o plano muda radicalmente quando Gi-hun vislumbra a oportunidade de acabar com aquilo de dentro pra fora.
Crítica
Eu nunca tive muito otimismo em relação à 2ª temporada de Round 6, muito por causa do que aconteceu com uma certa série espanhola. La Casa de Papel tinha acabado de um jeito perfeito, mas a Netflix foi lá e tentou sugar até a última gota. A continuação começou boa, mas depois disso houve uma queda vertiginosa de qualidade. Nesta obra sul-coreana, o criador Hwang Dong-hyuk já tinha adiantado que a história havia chegado ao fim, mas eis que a plataforma de streaming encomendou uma sequência e ele se sentiu pressionado a seguir em frente.
Pra minha surpresa, a 2ª temporada de Round 6 é muito boa. Assim como a anterior, ela começa um pouco mais lenta, mas desta vez isso não me incomodou tanto. É claro que a trama dentro do jogo é mais empolgante, mas eu gostei de ver que o roteiro tentou se arriscar um pouco mais ao criar um arco de investigação que forneceu uma identidade diferente. A partir do momento em que os guardas com símbolos do PlayStation no rosto entram em cena pra vigiar 456 pessoas falidas, há uma redundância narrativa, mas isso não chega a ser um defeito.
Novamente, preciso fazer uma comparação com Em Chamas, da saga Jogos Vorazes. Assim como no primeiro livro/filme, o segundo concentra boa parte de seu enredo em uma repetição do que o antecessor havia feito, mas de alguma forma consegue manter o nível de interesse e ainda trazer um senso de inovação. A 2ª temporada de Round 6 é quase tão boa quanto a primeira, e só não superou porque termina de maneira bem apelativa. A 1ª também tinha terminado com um gancho, mas dava pra sentir que aquela história havia chegado ao fim, mesmo se houvesse espaço pra uma continuação. Na 2ª, a série executa a mesma estratégia, mas de um jeito artificial, fazendo aquilo simplesmente pra deixar a gente curioso de um modo nada sutil.
Apesar desse final que me fez sentir traído, a 2ª temporada vai melhorando a cada episódio que passa. Ao contrário do que ocorre na conclusão, o início dos jogos nos engana inteligentemente, antes de caminhar por um terreno novo. Os novos personagens são meros ecos daqueles que morreram na 1ª temporada, mas novamente alguns deles se destacam individualmente.
Veredito
Contra todas as chances, a 2ª temporada de Round 6, que não estava nos planos originais do homem que a concebeu, tem praticamente o mesmo nível da 1ª. Se você não gostou da anterior, com certeza não vai se atrair por essa. Por outro lado, quase todos os méritos da outra estão conservados aqui. Sem dúvidas, a trama não se arrisca além do necessário e, assim que enxerga uma brecha, opta por um caminho mais confortável e familiar. Não assista esperando grandes inovações narrativas, mas pode contar com qualidades semelhantes e que se sustentam ao longo dos episódios, ainda que haja uma forçação de barra no final.
+ Melhor personagem: Hwang In-ho
Nos primeiros episódios, eu tinha a certeza de que Gi-hun faria a dobradinha e novamente aparecia como o Melhor Personagem da temporada. Contudo, Hwang In-ho se consolida como o grande vilão da série e me deixou com a pulga atrás da orelha o tempo todo. Ah, um adendo sobre a categoria de Maior Surpresa, que eu reservo pro melhor novo personagem de uma temporada. Acho que há elementos pra colocar alguns, como Cho Hyun-Ju e Kang Dae-Ho, que têm bons momentos, mas não acho que tenham sido suficientes pra me fazer pensar “caramba, esse personagem mudou a série!”.
+ Melhor episódio: S02E05 (“One More Game)
Eu posso não ter ficado tão tenso neste episódio quanto no sexto da 1ª temporada, mas o sentimento de aflição foi semelhante.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco
Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco
Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO
- Eu gostei bastante da parte em que a galera ficou perseguindo aquele cara no metrô. Queria que o capanga tivesse durado mais tempo, mas a roleta russa decidiu acabar com a vida dele.
- Vou fazer minha aposta aqui: acho que, na 3ª temporada, a grávida Kim Jun-Hee vai ter seu filho dentro do jogo e o youtuber Lee Myung-Gi de alguma forma vai morrer como um herói, talvez até salvando a vida dela. O tempo dirá se eu acertei minhas previsões.
- O Thanos era um personagem irritante, isso é inegável, mas estranhamente um fragmento de mim gostava dele, principalmente pela sua constante mistura de idiomas. Do nada, saía uma frase em inglês da boca do cara. Sei que muitos personagens já fizeram isso em Round 6, mas não com a mesma frequência. Fiquei ligeiramente triste quando ele morreu com um garfo enfiado na garganta.
- Eu passei muito perto de eleger o Kang Dae-Ho como Maior Surpresa, mas acho que ele apareceu tarde demais na história pra isso. Mesmo assim, eu gostei da sua lealdade para com o grupo que se aliou e sua personalidade meio exagerada. Inclusive, não esperava que ele fosse entrar em pânico na hora de atirar nos guardas, devido ao seu histórico como militar
- Por falar em guardas, queria deixar uma crítica negativa. Não gostei tanto assim do último episódio porque senti que estava assistindo a alguma obra do universo Star Wars, com os guardas fazendo o papel de stormtroopers. A série não conseguiu me convencer de que, por mais que alguns dos jogadores tivessem passado pelo Exército, seriam capazes de matar um número tão maior de guardas supostamente bem treinados. Ou o treinamento não é tão intenso assim e eles servem mais como mascotes? Sei lá, não fiquei convencido.
- Ah, e estou curioso pra saber aonde vai chegar a história da Kang No-eul, a guarda que elimina todos os jogadores e não deixa nenhum moribundo. Será que ela vai se aliar aos mocinhos?
- Sobre a Cho Hyun-Ju: gostei da personagem e de seu arco envolvendo discriminação. Nos primeiros episódios, ela não chamou muito a minha atenção, mas com certeza gerou impacto nos capítulos finais, liderando os rebeldes contra os guardas. É a mesma situação do Kang Dae-Ho – faltou pouco pra ser eleita como Maior Surpresa.
- Fiquei genuinamente chateado com a morte do Gyeong-seok, pai daquela criança doente. Pra que serviu a trama dele então? Esperava mais daquele arco, e achei que a sua eliminação ocorreu sem mais nem menos e ele foi menos aproveitado do que poderia.
- Gostei da dinâmica entre Geum-ja e Yong-sik, mãe e filho, e não faço ideia de como isso vai terminar. Será que algum deles vai sobreviver? Ou talvez até mesmo os dois?
- Ok, foi meio previsível a morte do Jung-Bae, amigo do Gi-hun, e eu nem gostava tanto dele assim pra me importar profundamente. Mas cara, as ações do 001 me surpreenderam muito. Eu não tinha noção do que passava pela sua cabeça, se ele tinha se “convertido” ao lado dos jogadores, mas aparentemente isso nunca aconteceu. E uma dúvida que eu tenho: será que ele usava colete à prova de balas, pro caso de uma eventual eliminação? Acho que nunca saberemos.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?