Ação/Policial

Round 6: 1ª Temporada (2021)

• Big Bad Brother

Antes de falar sobre Round 6, vamos abordar dois pontos. Pela 84324724ª vez aqui no site, eu mudei o meu sistema de avaliação. Desta vez, a alteração é simples e direta: não vou mais colocar “vale a pena”, “bom entretenimento”, “perda de tempo” ou qualquer tipo de nota na imagem de capa. Isso porque eu mudo demais de opinião, e não quero me prender às primeiras impressões que tive ao assistir a alguma coisa. Portanto, agora colocarei apenas o nome do filme ou série em questão. O segundo ponto que eu gostaria de apresentar na introdução é um pedido de desculpas pela minha quantidade pequena de postagens. Eu queria muito estar postando pelo menos uma vez por semana, mas ultimamente as coisas andam muito corridas. Ainda assim, me forcei a vir aqui escrever sobre uma das obras mais badaladas do ano. Cheguei um pouco atrasado, mas antes tarde do que nunca, certo?

 

Sinopse

Todo mundo adora competições, né? Vai dizer que você jamais assistiu um campeonato, torcendo para uma pessoa ganhar por algum motivo específico? Round 6 é mais ou menos isso, mas com um pouquinho mais de sangue. Ok, muito sangue. Na Coreia do Sul, misteriosos homens de terno convocam cidadãos economicamente desesperados a participar de um jogo. A ideia é simples. Os jogadores devem participar de seis etapas, e o vencedor leva para casa bilhões de wones, o dinheiro sul-coreano, enquanto os perdedores vão sendo eliminados. A questão é que “eliminados” é um termo muito brando. Depois de se comprometerem a participar dos jogos, não há como voltar atrás a não ser que a maioria opte por isso. Caso contrário, é mais ou menos igual o Jogo dos Tronos: ou você vence ou você morre.

O encontro entre La Casa de Papel e Annabelle

Crítica

Eu não fui fisgado no primeiro episódio. A apresentação dos personagens era necessária, mas não me deixou cativado o suficiente pra ansiar pelo capítulo seguinte. Do segundo pra frente, porém, é impossível parar. Por causa desta bendita série, eu cheguei a considerar faltar o trabalho e me demitir só pra poder maratonar com mais afinco. Se os meus chefes estiverem lendo isso, é só uma brincadeira, ok!

Round 6 mistura elementos de diversas obras distintas. A correlação mais óbvia que eu estabeleci foi com 3%, por se tratar de uma espécie de jogo que define o futuro de seus participantes. Porém, enquanto os perdedores da série brasileira sofrem de uma maneira mais lenta e gradativa, os perdedores da série sul-coreana têm finais abruptos e violentos. Cada etapa do Jogo da Lula (nome original da produção) representa uma brincadeira infantil diferente da Coreia do Sul, distorcida de forma a obrigar os competidores a apostar as suas próprias vidas em troca da chance de faturar uma grana.

Pode parecer óbvio, mas, apesar de ter brincadeiras infantis, Round 6 não é uma série para crianças. Estou escrevendo isso porque aparentemente várias crianças estão vendo sem a supervisão dos pais. Além de conter bastante sanguinolência, a obra tem cenas de sexo (na verdade, acho que só uma) e aborda críticas sociais que claramente não serão absorvidas por pessoas de pouca idade. E as críticas da produção são muitas. Em alguns momentos, elas são colocadas de maneira escancarada, em outras são inserções mais discretas. O fato é que a trama é muito competente em seus objetivos, e isso espirra em todas as metas.

Se você deseja assistir pelas cenas de ação, será bem contemplado. Se quer ver as emoções de um reality show mórbido, viverá bons momentos. Caso deseje acompanhar as tramas de ótimos personagens com histórias de fundo únicas às suas maneiras, terá o que quer. Round 6 mistura elementos de aventura, distopia, drama e chega até a flertar com uma comédia contida. É um prato cheio de entretenimento, e pode agradar os mais diferentes tipos de espectadores.

Eu não vou ficar batendo na tecla da barreira da língua, até porque não faz mais sentido em um mundo globalizado. Se alguém ainda acha ruim assistir algo que não esteja em inglês, em um mundo com La Casa de PapelDark Lupin, essa pessoa não gosta de séries. Sei que isso não é tão comum em brasileiros, pois já nascemos com uma cultura de ver coisas legendadas. No entanto, acontece, e mais do que imaginamos. De qualquer forma, Round 6 é mais uma prova de que qualidade pode vir dos mais diversos países, seja nas Américas ou na Ásia.

Voltando à série em si, infelizmente há um desnível brusco nas duas pontas do enredo. Como eu redigi lá em cima, o primeiro episódio de Round 6 não é exatamente cativante, mas pode ter sido simplesmente uma experiência pessoal minha. Digo isso porque, estruturalmente, não há nada de especialmente errado no capítulo de abertura. Por outro lado, o encerramento sim é passível de críticas negativas.

O ápice da obra, a última etapa do jogo e o embate entre personagens tinha tudo pra acontecer espetacularmente no último episódio. Entretanto, a resolução da disputa derradeira é rápida e os demais minutos são reservados pra uma enrolação tremenda. Eu não sou de ficar com sono assistindo às coisas, mas uma moleza genuína me acometeu no desfecho. Além disso, o roteiro coloca uma reviravolta que não acrescenta muita coisa, e que serve apenas como um choque vazio e sem brilho.

Eles estavam jogando Vivo ou Morto?

Veredito

Round 6 se tornou a série mais assistida da Netflix, e dá pra entender o porquê. O seu ritmo alucinante e instigante, os personagens que ficam na memória e o formato competitivo fazem parte de uma fórmula de sucesso que agrada a variados tipos de público. Quando você engata na trama, é difícil parar. Embora a minha avaliação seja muito mais positiva do que negativa, não acho que seja a melhor obra já produzida pela empresa. Se não fosse pelo seu final insosso, tal pauta estaria aberta pra discussão. Contudo, o desnível latente e a queda de qualidade no desfecho não podem ser ignoradas. Ainda assim, não deixe o Leleco amargo te enganar: essa série é boa pra caramba. Nota final: 4,5/5.

O primo malvado do Anonymous

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Vamos enumerar cada uma das etapas do jogo e avaliar rapidamente. A primeira é a mais clássica, da batatinha frita. Bem simples, empolgante e direta. A segunda é a dos doces de açúcar. Tensa, mas estava na cara que todos os personagens principais passariam de fase, até porque precisavam ser desenvolvidos. A terceira é a do cabo de guerra. Foi muito boa e levou a galera ao limite, mas também dava pra saber que passariam de fase porque os oponentes eram coadjuvantes sem nome. A quarta foi o auge, com o jogo das bolinhas de gude. Cara, como eu sofri com aquilo. E achei muito foda que a série não tentou tomar um caminho mais fácil, enganando o espectador e mantendo todos os queridinhos vivos. Foi lá e matou logo três de uma vez. Dois, na verdade. Foi mais ou menos igual no começo, quando o Oh Il-Nam votou pra pararem o jogo, subvertendo as expectativas. Pra concluir, a quinta etapa foi muito massa com os pisos de vidro, e a sexta foi meio sem gracinha, mesmo tendo colocado a temática da série em prática.
  • Eu não suportava a Han Mi-nyeo e suas doideiras, mas pelo menos ela levou o Jang Deok-su junto pro abismo. E foi legal demais vê-la cumprindo a sua promessa.
  • Sobre o Hwang Jun-ho e o seu irmão líder de todos os guardas, talvez eu seja meio besta, mas jurava que o irmão seria um dos guardas mascarados. E, cara, sei que o Hwang levou um tiro e despencou de um penhasco, mas eu não duvido nada de ele ter sobrevivido à queda. Sem corpo, sem morte.
  • É claro que deu muita pena do Ali ser enganado pelo Cho Sang-Woo, mas pelo amor de Deus, né? Ele era ingênuo até demais. Não vou negar que fiquei triste por sua morte, mas me deu vontade de entrar dentro da televisão e sacudir a cabeça dele pra prestar atenção. Sobre a morte da Ji-yeong, essa não tem o que falar. Conhecemos a personagem por pouco tempo, mas doeu demais ter visto ela se sacrificar daquele jeito. Fiquei torcendo até o fim pra ocorrer algo que impedisse o destino, mas não rolou.
  • Não deu pra acreditar quando a Kang Sae-byeok morreu. Velho, eu jurava que ela e o Seong Gi-hun ficariam vivos no final, de alguma forma. Quando mostrou o Cho Sang-Woo com a faca ensanguentada na mão e ela morta a alguns passos dele, fiquei em choque. Depois daquilo, queria que ele se ferrasse da pior maneira possível. O que é interessante, pois lá no começo eu até torci um pouco por ele por causa de sua história com a mãe e o fato de ter perdido tudo tão subitamente. Um dos melhores personagens da temporada, querendo ou não.
  • Ok, vamos ao Oh Il-Nam. Que diferença fez ele ter sido um dos idealizadores do jogo? Pareceu uma reviravolta com o único intuito de ter uma reviravolta. Se não tivesse tido isso, a trama teria continuado a mesma e teria deixado um ar de mistério a mais. Sem falar que todo aquele diálogo com o Seong Gi-hun no final foi tedioso pra caramba. Eu gostaria de pelo menos ter visto o velhinho se dando conta de que tinha se enganado em relação ao homem lá embaixo na calçada, mas o maldito decidiu morrer antes.
  • Seong Gi-hun: que personagem incrível, né? Tínhamos todas as razões para desgostar dele, e ainda assim é difícil terminar a série não amando o cara. Só achei meio aleatório ele pintando o seu cabelo de vermelho. Talvez tenha sido um simbolismo com a cor vermelha dos uniformes dos guardas, mas pra mim pareceu meio deslocado. Talvez uma tatuagem teria funcionado melhor.
  • Uma coisa que eu não entendi. O jogo mórbido da galera lá tem em outros países além da Coreia do Sul? Ou é sempre lá, mas eles mudam constantemente as temáticas? Acho que perdi essa informação no meio do caminho.
  • E que satisfatório ver o policial enganando aquele organizador seboso lá. Humilhou foi pouco.
  • Fico pensando em quais serão as tramas das próximas temporadas. Pra mim, a série tinha de ter acabado aqui. Se eu pudesse fazer uma alteração no desfecho, teria deixado no ar se o Seong Gi-hun entrou no avião ou deu meia-volta. Porém, dava pra finalizar tudo do jeito que fizeram mesmo, sem a necessidade de uma nova temporada. O problema é que a galera acha que toda história precisa ter continuação, o que não é verdade. Sinceramente, não consigo me manter muito otimista pra segunda temporada, mas resta torcer pra que o criador Hwang Dong-hyuk acerte novamente, mesmo ele não querendo uma sequência (assim como eu).

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Seong Gi-hun
Este homem sorridente viciado em apostas tem um dos melhores desenvolvimentos de personagem que eu vi recentemente. Comecei não gostando nem um pouco dele, passei a compreender alguns aspectos de sua vivência, e terminei a minha maratona amando o protagonista.

Quem não se derrete com esse sorriso, está morto por dentro

+ Melhor episódio: S01E06 (“Gganbu”)
Juro que não lembro a última vez em que fiquei tão tenso com uma série. Eu literalmente fiquei com as extremidades geladas, e quando acabou o episódio, percebi que estava prendendo a respiração. Capítulo maravilhoso de bom.

As cores desse episódio são perfeitas, sério

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).