• Filosofia, religião e ciência
Opa, bão?
Hoje, a gente vai falar de um filme de ficção científica que eu revisitei recentemente e que, com o tempo, se tornou um clássico cult. Mas será que Contato é tudo isso mesmo? Vamos parar de enrolação e discutir isso agora!
Pra começar, preciso dizer: eu não sou muito fã de filmes que tentam ser extremamente realistas. Sabe aquele tipo que se explica demais, que tenta te convencer de que tudo poderia acontecer de verdade? Pois é, Contato tem um pouco disso, mas ao mesmo tempo, ele não esconde que é pura ficção científica.
E quem tá por trás disso é ninguém menos que o Robert Zemeckis. Se você não conhece, ele é o cara por trás de filmes como Forrest Gump e De Volta para o Futuro. O Zemeckis tem essa habilidade de mesclar realidade e fantasia como poucos. Geralmente, ele joga umas pitadas de ciência nos diálogos, só pra dar aquele toque de realismo, mas nunca perde de vista que é tudo ficção. E em Contato, ele faz isso, só que com um tom mais sério. E, sendo bem honesto, essa seriedade toda não me agrada muito.
Nos últimos anos, a gente viu vários filmes que tentam seguir essa linha narrativa mais realista. E eu entendo que tem um apelo, claro. Tem gente que gosta de ver uma abordagem mais pé no chão em filmes de ficção científica. Mas, na minha opinião, Contato poderia ter ido um pouco mais fundo no melodrama. Sabe o que é curioso? O filme realmente ganha força quando faz isso.
Se você comparar com filmes como Interestelar, que também flertam com essa ideia de realismo misturado com ficção, a diferença é que Contato não se preocupa tanto em te explicar tudo nos mínimos detalhes. Ele quer que você se conecte com a jornada. E, pra mim, é isso que nos engaja de verdade, não o fato de ser cientificamente preciso.

Contato explora temas filosóficos profundos, e isso é um dos grandes trunfos do filme. Ele levanta questões como: o que aconteceria se a humanidade realmente tivesse contato com uma civilização alienígena? Como isso impactaria a religião? Como a ciência mudaria? E, o mais importante, como a gente pode evoluir sem se destruir nesse processo? São perguntas grandes, e o filme não tenta dar respostas fáceis. E é isso que torna Contato interessante. Tem substância aqui.
Agora, vamos falar das atuações. A Jodie Foster está sensacional nesse filme. Eu sou fã dela, e aqui ela brilha muito. A forma como ela transmite emoção, seja indecisão, raiva ou certeza, é de um nível que poucas atrizes conseguem alcançar. Ela parece a pessoa certa no lugar certo, e isso faz com que a jornada dela se torne ainda mais envolvente.
E o Matthew McConaughey… Ele rouba a cena sempre que aparece. O cara tem um carisma que é impossível ignorar. Quando ele tá em tela, você automaticamente presta atenção nele. E o Zemeckis soube explorar isso muito bem. A relação entre os personagens da Jodie e do McConaughey tem uma química que move o filme. Cada segundo em que aparece, ele faz valer a pena.
Visualmente, Contato é impressionante. As cenas no espaço, as viagens pelos buracos de minhoca… Tudo isso é visualmente deslumbrante. Mas não é só o espaço que chama atenção. As cenas na Terra também têm uma fotografia belíssima.
O Don Burgess, que foi o diretor de fotografia de Forrest Gump e Homem-Aranha, manda muito bem aqui. Ele consegue capturar a vastidão do planeta de uma forma que é quase poética. E, claro, o charme dos anos 90 tá presente em cada frame.
Quando eu vi Contato pela primeira vez, eu tava completamente imerso no mundo da astronomia e assistindo à série Cosmos do Carl Sagan. E, revisitando o filme agora, dá pra ver claramente o quanto o Sagan deixou sua marca aqui. Ele é o cara que escreveu o livro que inspirou o filme, e a parceria dele com o Zemeckis foi perfeita pra contar essa história que mistura ciência e ficção de um jeito tão elegante.
Então, se você ainda não viu Contato, eu recomendo. Ele pode não ser perfeito, especialmente pra quem não curte esse tom mais sério e realista, mas é um filme que, mesmo com esses momentos, entrega uma ficção científica cheia de perguntas filosóficas importantes.
Ricardo Gomes
O Sharkboy que se formou em Jornalismo e ama o cinema
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Este texto faz parte de um quadro de colaborações com outros redatores. O artigo não foi escrito pelo maravilhoso Luiz Felipe Mendes, dono do blog, e não necessariamente está alinhado às ideias dele.