• À margem da sociedade

Andrew Beckett é um advogado que ganha prestígio dentro da empresa em que trabalha, mas é demitido injustamente após descobrirem que ele é portador do vírus HIV. Para processar a companhia, Andrew vê como única opção de defesa um outro advogado competente, mas homofóbico.

Filadélfia é um filme atemporal. Ainda que a gente tenha evoluído em algumas discussões abordadas no longa (muito menos do que deveríamos como sociedade, diga-se de passagem), é uma representação cruel de como o ser humano teme aquilo que não entende. Além disso, é uma trama que expõe com primazia como a desinformação pode ser uma arma destruidora.

Os excepcionais Tom Hanks e Denzel Washington não carregam o filme nas costas porque as interpretações não são os únicos méritos de Filadélfia, mas é inegável que os dois atores dão uma encorpada considerável ao conjunto e entregam um nível de sensibilidade impressionante. A direção de Jonathan Demme sabe como extrair o melhor de suas estrelas, o melhor do texto do filme, o melhor das sequências de julgamento e o melhor do que a trilha sonora e a fotografia acinzentada têm a oferecer.

Em todas as vezes que eu assisti Filadélfia na vida, dei nota alta. De tempos em tempos, eu o vejo novamente com o pensamento de que talvez possa ter se transformado em um filme datado, que explora discussões que hoje são tratadas de maneira totalmente diferente. Contudo, ele não é de mal gosto nem se utilizássemos um olhar anacrônico. A obra captura uma realidade específica com delicadeza e, na época de seu lançamento, ainda ajudou a colocar um pouco de luz em cima de um assunto tabu.

Filadélfia é um filme de muitas camadas. Pra mim, uma palavra o resume: sentimento. Ao longo da duração, ele é capaz de nos fazer sentir alegria, raiva, desespero, revolta, melancolia, ternura; acima de tudo, provoca um emaranhado de reflexões sobre pessoas marginalizadas. A trilha sonora encabeçada por Bruce Springsteen e Neil Young traduz em melodias, de maneira perfeita, todo o amontoado de sentimentos presentes na história ficcional, mas bastante real, de Andrew Beckett.

CURIOSIDADES

• Para atrair um público menos familiarizado com a AIDS e tirar o estigma da condição, o diretor foi atrás do cantor Bruce Springsteen para escrever a música-tema. A estratégia funcionou.
• Ironicamente, segundo a Entertainment Weekly, o diretor precisou convencer a produtora TriStar a contratar o ator Ron Vawter, porque ele era HIV-positivo e a seguradora não queria cobri-lo.
• A cena em que a personagem de Mary Steenburgen diz que odeia aquele caso foi improvisada pela atriz. O diretor a incentivou a incorporar isso no papel, para que ela parecesse mais humana.
• A ideia original era que o advogado Joe Miller fosse interpretado por algum ator de comédia, como Bill Murray ou Robin Williams. A situação mudou quando Denzel Washington se interessou pelo papel.

FICHA TÉCNICA

Nome original: Philadelphia
Duração: 2h05
País: EUA
Diretor: Jonathan Demme
Elenco principal: Tom Hanks, Denzel Washington, Mary Steenburgen, Antonio Banderas, Jason Robards, Ron Vawter

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