Drama, Séries

Sons of Anarchy: 6ª Temporada (2013)

• O auge do Ceifeiro

Certas histórias nos fazem perder o senso de moral, né? Dependendo da obra, a gente pode ficar torcendo o tempo todo para os bandidos, sendo que na realidade não deveríamos apoiar esse lado. Sons of Anarchy é um exemplo disso. Desde os primeiros episódios, a gente aprende a torcer contra os mocinhos, porque os “vilões” são tão carismáticos e bem construídos que fazem a gente se identificar com eles de um modo peculiar.
A série sobre as motinhas de estrada chega a sua sexta temporada, depois de altos e baixos. Vimos o grupo dos Sons of Anarchy ter Clay como seu líder, seguido pelo protagonista Jax Teller. Vimos a evolução do enredo, e vimos o simpático Juice se tornar um personagem odiável. Vimos múltiplos arcos de incontáveis personagens, e vimos novas caras serem introduzidas no universo de Charming, como o agradável Nero Padilla. Amamos personagens, e passamos a odiá-los. Nos entediamos em algumas cenas, mas nossa atenção sempre retornou às telas.
Depois de uma primeira temporada regular, uma boa segunda, uma terceira mais ou menos e incríveis quarta e quinta, chega a sexta com a promessa de uma constante crescente. Jax Teller se tornou um líder implacável, disposto a fazer tudo pelo bem do clube e daqueles ao seu redor. Sua mãe, Gemma, demonstra cada vez mais a sua incapacidade de tomar boas decisões quando se vê sob pressão. O par romântico de Jax, Tara Knowles, mostrou que não é mais uma médica-rostinho-bonito e que compartilha da mesma característica de seu mozão – a inabilidade de abrir mão do que quer, nunca desistindo de seus objetivos.
Nesse ponto, Clay, que sempre foi o segundo personagem mais importante de Sons, veio perdendo cada vez mais seu espaço na trama. Outros que começaram como secundários foram ganhando força – temos os exemplos de Tig, Chibs e Bobby, embora nesta temporada em particular este último esteja mais apagado. Novos rostos são introduzidos, e o mais divertido é sem dúvidas Venus, uma mulher transsexual que pede ajuda aos membros de SOA e que desperta o interesse platônico de alguém importante da história, o qual não vou revelar quem é. Entretanto, os destaques vão para personagens que estão lá desde o princípio, sobretudo a “Trindade” da temporada: Jax, Gemma e Tara.
A temática do sexto ano da série gira em torno de um questionamento que tá cada vez mais presente na atualidade: armas. Não vou entrar no mérito desta questão aqui no pitaco, até porque aqui não é um blog político, e vocês dificilmente vão me ver abordando esses assuntos e colocando-os na nossa realidade. O que eu posso fazer é julgá-los, respeitosamente, sob a ótica do seriado, e não do mundo real. Então não quero ver ninguém reclamando disso, senão vou tomar medidas drásticas!!! Contudo, se cê discorda de mim e quiser discutir sobre, ficarei feliz em conversar contigo nos comentários.
Voltando à trama, vamo lá, armas. Nas temporadas anteriores, o gênio do Clay tratou de colocar o clube no ramo da indústria bélica, se envolvendo com o cartel e os carai. Na season premiere da sexta temporada, o roteirista Kurt Sutter coloca na mesa um acontecimento que molda toda a discussão da temporada, acerca da legitimidade moral de se vender armas, ainda que em algumas situações se esteja dentro da lei. É verdade que na maioria das vezes o bagulho é ilegal mesmo, mas enfim. O fato que o criador da série escolhe para tratar do tema armamentista é algo que infelizmente acontece mais do que deveria em alguns países, principalmente nos Estados Unidos.
A pergunta é: com algo polêmico assim e em um momento que a série se consolidou como uma das potências da área, a sexta temporada presta? Ah, se presta. Eu, particularmente, acho a quinta e a quarta as melhores de Sons of Anarchy. Porém, assim como a última, a sexta é marcante pra caralho, seja por meio de mortes importantes, seja por meio de uma história bem contada. No entanto, todos nós sabemos qual é a principal qualidade de Sons, né? Se você respondeu que é a bunda do Jax, você até pode estar certo, mas não é disso que eu tô falando. Pra mim, o que se destaca nesta série maravilhosa é a espetacular, incrível e impecável trilha sonora, com toques de folk country que nos deixam com vontade de pegar uma Harley e viajar pelo deserto de Nevada. É uma pena que o máximo que eu possa fazer é pegar minha bike e passear pela avenida aqui perto de casa.
A sexta temporada não é melhor que a anterior nem que a quarta, mas é sem dúvidas a com mais acontecimentos que definiram o destino que as coisas tomariam no desfecho da série. O final do último episódio é pra mim a segunda conclusão de temporada mais foda que eu já vi até hoje, atrás apenas do fim da quarta temporada de Dexter. Me recordo que assisti no quarto do meu irmão mais velho, com ele e meu pai, e ficamos absurdamente chocados quando os créditos passaram na tela. Ponto para Kurt Sutter.
Já falei isso algumas vezes aqui no blog, mas sinto que devo frisar: em um contexto geral, Sons of Anarchy me agradou mais do que a obra-prima Breaking Bad. Talvez ela não tenha o extremo cuidado do visionário Vince Gilligan ou a trama bem feita em TODOS os aspectos, quase nunca perdendo o ritmo, mas SOA pra mim é uma coisa de outro mundo. Que série, meus amigos, que série. E a sexta temporada não deve nada a ninguém.

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}

{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Respira, Leleco. Eu sei que depois de tantas mortes, eu não deveria me chocar tanto. Respira, Leleco. Sei que a série não chega a ser um GoT, mas frequentemente não perdoa nem os personagens principais. Respira, Leleco. Tenho total consciência de que a Gemma tava ficando cada vez mais incontrolável. Respira, Lelec… MAS POR QUE A TARA TINHA QUE MORRER DAQUELE JEITO?????? LOGO AGORA QUE ELA TAVA FICANDO FODONA E TINHA TOMADO UMAS DECISÕES MÓ AAAAA AÍ DO NADA VEM AQUELA FILHA DA PITA DA GEMMA E PEGA UM GARFO DE CHURRASCO VEI DE CHURRASCO E ASSASSINA A MINHA TARINHA GEMMA VOCÊ ME PAGA MULHER VOCÊ ME PAGA
  • Engraçado que quando o Jax matou o Clay, eu não senti nada. Vi a bala atingindo o pescoço de um personagem que foi se tornando cada vez mais detestável e eu não me senti “aeeee” de ver ele deixar a série, simplesmente assisti com uma certa indiferença. Se essa morte tivesse acontecido há duas temporadas, eu estaria gritando. Mas agora simplesmente pareceu que um ciclo foi terminado.
  • Prêmio de Personagem que Mais Passou por Maus Bocados e Ainda Assim Conseguiu Morrer Com o Máximo de Estilo Possível Entre Todas as Séries vai paraaaaa… Otto Delaney! Que homem! Cortou o pescoço daquele maluco do Lee Toric e ainda teve o culhão de sair dessa vida do modo mais foderoso possível. Sem palavras!
  • Se o Tig não ficar com a Venus no final da série eu nem sei pra que assistir essa bagaça.
  • Juice babacão, velho, matou o Roosevelt quando o cara tava ficando mais e mais gente boa e digno, apesar de quebrado. Já passou da hora do Suco visitar o Ceifeiro.
  • Quando a gente pensa que o Bobby vazou, o cara chega com novos recrutados. Outro homem maravilhoso, não acham?
  • Fiquei mó bad quando o Phil levou um tiro na cabeça do Galen, junto com aquele outro prospect lá. Ainda bem que o Jax deu o troco depois.
  • O Clay em seu modo ~HOLY PUSSY~ foi sensacional. Só de ver a cara daquele pastor já valeu a pena, e todo o discurso em si foi engraçado demais kjjkkkk
  • Brincadeira os caras não quererem fazer negócio com o August só por causa do tom de pele. Tsc, tsc, tsc.
  • Pesado a temporada ter começado logo com um tiroteio em escolas. É assustador como esse tipo de caso é tão recorrente na atualidade.
  • Cara, fui olhar os personagens introduzidos aqui e deixei passar aquela Patterson. Nem lembro direito como que ela era, confesso.
  • Pirei na Tara fingindo que tava grávida, pqp.
  • Você pode até conseguir escapar da morte, mas nunca vai ser o Unser escapando do câncer.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Tara Knowles
A Gemma é possivelmente a mais complexa, cheia de camadas e bem interpretada da série, mas coloquei a Tara aqui muito por causa da evolução da mesma durante a série. Acredito que seja bem merecido.

Acende, puxa, prende, passa

+ Melhor episódio: S06E13 (“A Mother’s Work”)
Não sei se, analisando o capítulo inteiro, ele foi o melhor da temporada. Contudo, por causa do desfecho fodástico, não tem como não dar esse prêmio conceituado à season finale.

Grrr reaction

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).