Ação/Policial, Séries

La Casa de Papel: Partes 1 e 2 (2017)

• La Resistencia!

Hola, maricón! Yo no consigo parar de hablar en español because of this série, alguién me pare, por favore!

La Casa de Papel. Se você mora no país internet assim como eu, você com certeza já ouviu esse nome por aí. Além disso, você provavelmente também já viu pessoas fantasiadas com um macacão vermelho e uma máscara bizarra de Salvador Dalí. E digo mais, você possivelmente já ouviu alguém xingando a Tóquio ou algo do tipo. Se não presenciou nenhuma destas situações acima, sinto dizer, mas você não está realmente na internet.
La Casa de Papel é uma série lançada no ano passado e que rapidamente ganhou os corações do público. Curiosamente, foi uma obra que fez um sucesso ainda maior no Brasil, não sei bem explicar o porquê. Logo de cara, o diferencial da série é o fato dela ser espanhola e contar com um elenco espanhol falando espanhol (uau!), uma verdadeira lufada de ar fresco sendo que a gente fica sempre ouvindo os estadunidenses conversando em inglês em todo lugar. Um detalhe legal é que eu sempre achei a língua espanhola meio feia, nunca fui muito com a cara. Porém, depois de La Casa de Papel eu me amarrei no idioma, e agora se as pessoas me perguntam se eu estou bem, eu faço uma voz igual a da Nairóbi e digo em alto e bom som: tranquilo, tranquilo.
Se você caiu aqui no blog de paraquedas, ainda não viu a série e quer saber sobre o que se trata, vou explicar direitinho. Devo dizer que isso é um cenário bastante improvável, confesso, porque não faz sentido você nunca ter acessado o Pitacos e vir aqui do nada para decidir se vai assistir algo ou não. Se fosse eu, provavelmente iria no AmoCinema ou no Ovo Frito, sei lá. De qualquer forma, seja bem-vindo! E quem já é de casa, ou seja, mãe, fique à vontade.
La Casa de Papel conta a história fictícia de um grupo de assaltantes que bola um plano básico, um roubo bem de boa – um assalto à Casa da Moeda da Espanha. A série nos mostra que se algum dia nós achamos que éramos fodões por roubar um Baton das Lojas Americanas quando éramos crianças, o personagem do Professor nos mostra como éramos ingênuos.

El Teacher

Para deixar claro, a mente brilhante por trás de todo o plano do assalto reside na figura misteriosa do Professor, uma espécie de Michael Scofield dos roubos, que recruta um bando de criminosos a fim de realizar o seu objetivo de invadir a Casa da Moeda. Para que isso funcione, ele determina várias regras, e uma delas é que nenhum deles deve saber a identidade um do outro. Por isso, se estabelece que todos vão ter um apelido, um nome de cidade como identificação. Tóquio, Rio, Denver, Moscou, Berlim, Nairóbi, Helsinki e Oslo são os integrantes do grupo, todos com suas respectivas importâncias para que o assalto funcione da melhor maneira possível. Entretanto, nenhum deles teria a mínima ideia do que estão fazendo se não fosse a genialidade do Professor, que chega até a ser meio exagerada algumas vezes, mas é tão foda que a gente simplesmente ignora o absurdo de sua inteligência.

Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio (2006)

Embora pareça que ele é o protagonista, a trama é narrada por Tóquio, uma explosiva e impulsiva mulher que age mais pela emoção do que pela razão. É uma personagem muito bem trabalhada, ainda que seja irritante em 90% das situações, PRINCIPALMENTE quando envolve seu boy. É bem difícil ela ser a favorita de alguém, mas a figura da mesma é importante para não deixar o enredo ficar previsível demais – ela está sempre lá para animar tudo, seja por bem ou por mal.
Do outro lado dessa mesma moeda, temos Rio, o mais jovem da trupe. O garoto traz uma carga de estupidez inocência à história, sendo constantemente tratado como o elo mais fraco de todos.

Após o clique da foto, ele Rio

Como personagem, Rio não tem tanto destaque positivo, não nos apresenta momentos em que ficamos “agora sim, mano!“, o que era de se esperar de alguém que carrega o nome de uma cidade do nosso Brasilzão. O romance é basicamente o seu arco mais relevante, e a inabilidade de enxergar o jovem como alguém mais do que um simples apaixonado fica muitas vezes evidente devido às escolhas do mesmo. Ainda assim, ele é essencial para mostrar a fragilidade de alguém que passa a gostar de uma pessoa que não deveria. Em situações como a da série, isso pode vir a se tornar fatal, sendo que o amor cega a maioria das pessoas (mitei!).

Respeitem essa mulher

La Casa de Papel consegue abordar a pressão que os indivíduos sofrem numa situação “claustrofóbica”, além de mostrar sempre a polícia como os adversários dos assaltantes. Como na maioria do tempo a gente vê a história sob a perspectiva dos ladrões, a gente acaba meio que torcendo para eles, ainda mais analisando suas motivações e modos de agir. Contudo, uma personagem nos faz ficar divididos, mesmo com esse foco no lado dos criminosos. A inspetora Raquel Murillo, chefe do caso envolvendo o assalto à Casa da Moeda, surge como uma mulher forte com um poderoso senso de justiça e uma sagacidade não prevista nos planos do Professor. Ela, para mim, foi de longe a personagem feminina mais bem conduzida, bem de longe mesmo. Nenhuma das outras consegue chegar aos pés da complexidade de Raquel.
Olha, eu adoraria ficar aqui falando o post inteiro sobre os personagens, sobre como eu comecei odiando o Denver e passei a gostar, sobre como quando ele ri me lembra o Baraka de Mortal Kombat. Eu poderia falar também de Nairóbi, que iniciou a série como quem não quer nada e foi subindo no meu conceito. Contudo, tenho que ir mais direto ao ponto, porque senão esse pitaco vai ficar maior que a filhadaputagem do Arturo.
La Casa de Papel é uma grata surpresa espanhola. Produzida pela Vancouver Media e transmitida originalmente pela Antena 2, ela possui 15 episódios em sua totalidade, mas depois que a Netflix adquiriu os direitos, ela tratou de bagunçar essa ordem tudo, dividindo a série como se fossem duas temporadas. De qualquer modo, com confusões de episódios ou não, a obra não conquista no primeiro momento – foi preciso devorar alguns episódios até eu ficar totalmente fisgado. O mesmo pode se dizer da música de abertura, que depois de uma maratona passa a se tornar um verdadeiro hino. A quem interessar, a música se chama My Life Is Going On, da Cecilia Krull.
Embora conte com uma trama bem produzida e elaborada, personagens cativantes e um enredo que raramente perde o ritmo, La Casa de Papel tem lá os seus defeitos. Em incontáveis ocasiões, como citei brevemente lá em cima, a série mascara alguns absurdos com ações fodas, e eu pessoalmente não questionei justamente porque eram momentos fodas. Porém, para um observador mais crítico, isso pode vir a se tornar um pequeno problema. Do jeito que eu tô falando, tá parecendo que a série é estilo Velozes e Furiosos de coisas impossíveis, mas não é isso. O esquema é que o Professor é simplesmente esperto demais, dá até raiva!!!
Outro defeito que depois eu fui parar bem para analisar tem a ver com o desfecho do seriado. Quando eu terminei, fiquei em geral bem satisfeito com o fim, tendo apenas algumas ressalvas. Todavia, depois de ouvir uma análise do meu irmão mais velho, concluí que realmente ele estava certo em uma questão. Seguindo a linha do andamento de toda a trama de La Casa de Papel, alguns elementos do último episódio ficaram um pouco novelescos. É verdade que esta característica de novela aparece constantemente, mas a conclusão da história deixa mais em evidência este fator.
Um dos maiores méritos da obra espanhola é também a consciência de que tudo deve acabar. Ao contrário de alguns filmes e séries por aí, La Casa de Papel não se estende além do necessário. Pelo contrário, o seu final é até mesmo um pouco abrupto, contrastando com toda a meticulosidade do restante da produção. Quando terminei, fiquei com uma sensação de “quero mais”, algo muito mais positivo do que finalizar algo e pensar “puta merda, finalmente acabou”.
No resumo da ópera, se você assistiu à série completa, vem discutir comigo ali nos comentários (e não se esqueça de ler as Observações Spoilentas!). Agora, caro leitor que ainda não assistiu, se mesmo depois de ler isso aqui tudo você ainda não se convenceu o bastante para ligar a Netflix e apertar play, não sei mais o que eu posso fazer. Só digo uma coisa: vai por mim e assista La Casa de Papel. Se não gostar, eu devolvo seu dinheiro.

 

P.S.: Se vier alguém aqui se referir a série como “Money Heist”, eu dou uma surra de tesoura sem ponta.

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}

{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • É tanta coisa que aconteceu que eu nem sei por onde começar. Vamos lá: não faço ideia se a relação entre Denver e Monica foi proveniente da síndrome de Estocolmo, mas eles são tão fofinhos que não quero estragar isso.
  • Único momento em que a Tóquio realmente prestou na série inteira foi ela metralhando geral depois das esperanças parecerem perdidas. É verdade que também foi foda ela chegando de moto na Casa da Moeda, mas como aquilo culminou na morte do Moscou, não quero exaltá-la por isso.
  • Tá, vamos falar sobre os defeitos do final. Primeiramente, ressalto que eu sou um adepto de finais tristes e trágicos, para fugir da obviedade de um desfecho feliz. Contudo, como várias obras agora estão seguindo essa linha de pensamento, torci o tempo todo para que La Casa de Papel tivesse um final feliz, bem clichê. Não queria que mais ninguém morresse, queria que o plano desse certo, porra. No primeiro momento, quando os créditos rolaram, só formulei uma reclamação. Por que diabos eles não mostraram pelo menos um pouquinho o destino dos personagens? Custava ter mostrado uma cena de cada um? Nem precisava ter colocado fala, só de ver o que aconteceu com eles teria sido muito melhor do que mostrar só o Professor. Depois da análise do meu irmão, no entanto, fui parar para pensar sobre o arco da Raquel. Ainda acho que teria sido muito mais foda ela escolher ser presa ao invés de compactuar com o lado criminoso, mas já que ela viu que tava fodida, a série podia ter construído isso um pouco melhor. Pareceu que tudo soou falso, principalmente naquela cena em que o Professor a amarrou, ela tava brigando com ele e tudo mais, e depois de um simples discurso a inspetora mudou radicalmente de pensamento. Não estou reclamando do destino da Raquel em si, mas sim de como a história dela caminhou até lá, porque a relação entre ela e o Professor estava sendo muito bem desenvolvida até então. Uma pena que escolheram o caminho novela.
  • Não quero ser frio, mas o Oslo é aquele tipo de personagem que morre, a gente não se importa tanto, mas era algo que precisava acontecer para o andamento da história. É, talvez eu seja frio.
  • Sergio Marquina, Silene Oliveira, Andrés de Fonollosa, Aníbal Cortés, Ricardo Ramos, Ágata Jimenez, Agustín Ramos, Yashin Dasáyev e Dimitri Mostovói. Até sem a identidade dos países os nomes dos personagens são fodas, mano.
  • “Questa mattina mi sono alzato
    O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao!
    Questa mattina mi sono alzato
    E ho trovato l’invasor”
  • ^ Que coisa maravilhosa essa sequência, a simbologia, tudo que envolve essa música no contexto da série. Palmas para os produtores, casaram perfeitamente a melodia com todo o resto.
  • Fiquei com dó da Nairóbi por causa do filho, ainda mais por causa da cuzagem da Tóquio :/
  • Qual é a relação entre o Professor e Berlim?? Vi uma teoria de que eles são irmãos, que a “criança enferma” que o Professor descrevia na verdade era o próprio Berlim, mas vai saber. Fiquei feliz por eles terem deixado essa informação no ar.
  • Este tópico é reservado somente para transmitir meu profundo repúdio ao personagem Arturo Román, autor de inúmeras ações impensadas e ignorantes. Vai tomar no seu cu, Arturito.
  • Se algum dia eu for passar trote no telefone eu com certeza vou perguntar pra pessoa que roupa ela tá vestindo, esse tipo de questionamento. Se bem que isso seria bem escroto, né? Ah, deixa pra lá.
  • Você pode até ser iludido, mas nunca será igual ao Ángel.
  • A Alison Parker é uma gatinha, confesso, mas não cansava de fazer merda também, pqp.
  • Para mim, o melhor personagem da série é o Berlim, disparado. Mesmo assim, não consegui ficar de luto pela sua morte. O cara já estava para morrer, e foi embora desse mundo da maneira mais estilosa possível. Isso é que é uma despedida.
  • E ah, pra deixar claro, acho o Berlim melhor que o Professor porque este último foi feito para ser foda. Não sei se faz sentido pra você, leitor, mas pra mim faz kkk
  • A cena em que os reféns estão todos com aquela máscara diferente lá é mais assustadora que todas as temporadas de American Horror Story somadas.
  • Queria que tivessem explorado mais o lado da inflação que a produção daquele montante de dinheiro poderia causar na economia, porque eu não entendo merda nenhuma do assunto.
  • Como diabos o Helsinki/Oslo, não lembro bem quem tava naquela hora, não ouviu o carinha refém lá colando as fitas no corpo? E como a senhorita Gaztambide, meu mozão com cara de atriz brasileira, foi tão burra naquela hora que “se revelou” no banheiro para Berlim? Vai entender.
  • Por favor, pelo amor de todos os deuses, alguém compra um prendedor de cabelo pra Raquel. Urgente.
  • Aquele povo tudo preocupado com o dinheiro e eu só querendo organizar um batalhão pra roubar o coração da morena. Triste vida.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Berlim
Você pode até não concordar com suas ações. Você pode achá-lo um escroto manipulador e cínico, até mesmo coisa pior, e a probabilidade de eu não discordar de você seria grande. Mas cá entre nós, como personagem o cara é foda, né? Meu Berlindo <3

Um rosto lindo e um sorriso encantador

+ Melhor episódio: E07 (“Refrigerada Inestabilidad”)
Pra mim, esse foi o momento definitivo que me fez viciar nessa série maravilhosa. A sequência da parte final é simplesmente espetacular. Sem palavras.

Eu quando venço um bolão dos parças

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).