• Aventura de plástico
Eu não sabia absolutamente nada sobre o Adão Negro antes deste filme. Quando começaram a falar “Shazam!” nos primeiros minutos, eu até chequei pra ver se não tinha colocado o filme errado. A ideia de um anti-herói em um universo compartilhado poderia ter rendido boas histórias e interações no mínimo interessantes com outros personagens, mas o fracasso definitivo do DCEU impediu que isso se tornasse realidade, pelo menos por enquanto.
Sinopse
Milênios antes do nosso tempo, a cidade de Kahndaq era o grande expoente da civilização, mas o império ruiu após a interferência de um governante sedento pelo poder e o embate com um herói mitológico. Agora, nos tempos atuais, o campeão Teth-Adam é convocado para salvar novamente aquela terra das mãos de invasores.

Crítica
Adão Negro é um legítimo filme de plástico. O que significa isso, meus deuses antigos do Egito?, você pode estar se perguntando. Bom, significa que quase tudo aqui soa artificial. Parte da estrutura narrativa é mais velha do que andar pra trás, os personagens são meros arquétipos típicos de um filme mediano de super-herói, os efeitos visuais são carregados e o senso de identidade é nulo. É como se fosse algo feito no laboratório, com todos os ingredientes necessários pra se produzir uma obra do gênero.
Não é um filme tedioso, só pra explicar. Adão Negro oferece um bom entretenimento e prende a atenção. Infelizmente, são poucos momentos de respiro pra que a gente absorva melhor tudo o que tá acontecendo. Cinco minutos depois de uma luta, vem outra luta. Quando essa outra luta é finalizada, temos duas cenas de diálogo antes de uma nova sequência de ação. Isso faz com que as batalhas em si fiquem repetitivas e sem graça, até porque o estilo de combate do protagonista é semelhante ao que vimos em O Homem de Aço, por exemplo.
Se na ação o filme não inova, o fato do Adão Negro não ser um herói convencional e tampouco um vilão é um trunfo parcial. The Rock até se descola daquela persona cômica que se tornou tão conhecida em sua filmografia, mas entrega uma atuação meio sem brilho. Os personagens ao seu redor também não são lá essas coisas – Ciclone e Esmaga-Átomo estão claramente sobrando, inclusive. O cenário de Kahndaq rapidamente fica enjoativo, a fotografia é opaca e o terceiro ato quase ousa, mas acaba ficando genérico e os efeitos visuais do antagonista são tenebrosos. Por outro lado, o roteiro traça alguns comentários políticos interessantes sobre a interferência externa dos EUA.
Eu não odiei Adão Negro, mas é o tipo de filme que, quanto mais você pensa nele, mais percebe que se trata de algo sem sal. Daqui a algum tempo, vou ter que consultar a minha própria crítica pra me lembrar o que eu achei dele, pois tenho certeza de que não vai grudar na memória.

Veredito
Se alguém colocasse todos os filmes de super-herói em uma fila indiana, em que o último é o pior e o primeiro, o melhor, Adão Negro provavelmente ficaria bem no meio. Ele representa tudo de artificial que foi se tornando padrão no gênero, mas não pode ser classificado como ruim. É divertido em alguns momentos, serve como passatempo e tem boas cenas aqui e ali, mas no final das contas é a representação perfeita de uma experiência mediana.

+ Melhor personagem: Doutor Destino
A presença de Pierce Brosnan chama a atenção, mas o design do personagem e a sua mecânica de poderes compõem uma das únicas coisas realmente estilosas em Adão Negro. Eu até gostei do protagonista e da Adriana, além de alguns outros nomes, mas nada demais também.

CURIOSIDADES
- Quando o filme foi anunciado em 2017, Jordan Peele, de Corra!, foi convidado pra dirigir o projeto, mas ele recusou por não gostar de super-heróis e não querer tirar o lugar de alguém que é fã do gênero.
- O ator Aldis Hodge, que interpreta o Gavião, utilizou os vídeos publicados por The Rock em suas redes sociais como motivação pra ir à academia e tentar buscar um físico parecido.
- Certa vez, The Rock perguntou para seus fãs qual personagem dos quadrinhos ele deveria interpretar: Shazam ou Adão Negro. Os fãs escolheram o Adão Negro.
- Nos planos iniciais do DCEU, Adão Negro apareceria em Shazam!, mas ficou decidido que ele seria apresentado em um filme solo. Sua presença também foi cogitada em O Esquadrão Suicida.
FICHA TÉCNICA
Nome original: Black Adam
Duração: 2h05
País: EUA
Diretor: Jaume Collet-Serra
Elenco principal: Dwayne Johnson, Pierce Brosnan, Aldis Hodge, Sarah Shahi, Bodhi Sabongui, Noah Centineo, Viola Davis
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OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO
- Ok, eu gostaria de ver uma briga entre Super-Homem e Adão Negro, como a cena pós-créditos sugeriu. É claro que o nosso querido Clark Kent ganharia, mas seria legal de assistir.
- É uma pena que o Destino tenha morrido e aparecido apenas neste filme. Agora que o DCEU foi pro brejo, ele já não teria espaço de qualquer jeito, mas fica aquela sensação do que poderia ter rendido.
- Pra que a Ciclone e o Esmaga-Átomo estão neste filme, sério? Eles não fizeram praticamente nada. Ela ficou só jogando uns ventinhos aqui e ali, enquanto ele só serviu como um alívio cômico meio besta.
- A interferência dos “mocinhos”, como o Gavião e sua trupe, é uma representação fiel de como os Estados Unidos se sentem quando invadem outro país com a justificativa de pacificar o local. Imperialismo super-heróico.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?