DC (DCEU), Quadros

DCLeleco #07: Shazam! (2019)

• Metabolismo acelerado

Porra, que filme legal, velho. Desde os primeiros trailers de Shazam!, comecei a falar pra Deus e o mundo que eu acreditava que ele seria melhor que Aquaman. Todos me criticaram e disseram que eu tava louco, que Aquaman tinha muito mais potencial do que a introdução de um personagem ainda não visto nas telonas. Ainda assim, mantive meu pensamento, e ele se provou correto. Apesar de eu ter curtido a história do Rei dos Mares, achei a obra um pouco sem brilho, com raros momentos memoráveis. A trajetória de Billy Batson, por outro lado, é divertida, engraçada e única. A DC acertou em cheio e mostrou que seu Universo Estendido tem salvação, só falta a coragem de impor de vez a própria identidade.

 

Sinopse

O poder do Shazam precisa ser transferido. Essa é a missão pessoal do Mago (Djimon Hounson): encontrar uma pessoa com coração puro e coragem inabalável pra herdar as habilidades sobre-humanas de uma entidade. A tarefa é difícil, quase impossível. Quase todo mundo é corruptível, afinal. Acreditem se quiser, ele não escolheu nenhum cidadão de bem! Uma contagem regressiva passa a vigorar, porque os Sete Pecados Capitais estão prestes a ser liberados pelo Dr. Silvana (Mark Strong), ele que havia sido rejeitado pelo Mago na infância.
Assim, o Mago não tem mais escolha, a mamata o pente fino acabou. Ele transfere seus poderes para Billy Batson (Asher Angel), um garoto rebelde e solitário de 14 anos de idade. Quando os poderes são ativados, o adolescente se transforma em um adulto no seu auge físico, com superforça e um monte de outras coisinhas úteis. Billy Batson adulto é interpretado por Zachary Levy, famoso por ter sido o protagonista da série Chuck. Além disso, participou de Thor: Mundo Sombrio Thor: Ragnarok na pele de Fandral, um personagem secundário.

Pika Pika CHUUUUUU

Crítica

A ação do filme começa logo nos primeiros minutos. Ele não perde tempo com uma introdução quietinha, bota as cartas na mesa que é pro telespectador já ficar ligado. Logo após o primeiro ato, ele dá um salto temporal de muitos anos, deixando aquelas cenas iniciais em stand-by na nossa mente. Não vou mentir, Shazam! demora um pouco a decolar, em todos os sentidos. Ele nos pega no início, mas depois toma tempo pra contar a origem de Billy Batson. Eu acabei tendo a impressão de que o longa só começou de fato quando Zachary Levy entrou em cena, antes disso tava parecendo o prólogo de um livro. Só que, quando engata, o filme engata mesmo e prende a atenção até o fim.
Em suma, o enredo se divide em três blocos principais. Um deles envolve a descoberta dos poderes de Billy Batson e a sua tentativa de aprimorá-los, com a ajuda de Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer), que rouba a cena em diversos momentos diferentes. O outro núcleo é o dos dramas pessoais de Billy, e é aí que sua família adotiva entra. Acontece que, após se perder da mãe na infância, o garoto ficou sem lar, sempre à procura da mulher que lhe deu à luz. Quando ele finalmente passa dos limites, as autoridades determinam que Billy fique em uma casa de apoio, morando com vários outros jovens sem pais. Além de Freddy, ele passa a ter a companhia da carinhosa Darla Dudley (Faithe Herman), o gamer Eugene Choi (Ian Chen), o reservado Pedro Peña (Jovan Armand) e a quase-formada-na-faculdade Mary Bromfield (Grace Fulton). Os donos da casa são Victor (Cooper Andrews, o Jerry de The Walking Dead) e Rosa Vasquez (Marta Milans). O arco restante é o do vilão, Silvana.
Os dois primeiros conseguem ser igualmente interessantes, enquanto o terceiro sofre um pouquinho por causa da falta de carisma do personagem de Mark Strong. Porém, a veia cômica do filme compensa demais, porque ele não se leva a sério. É uma história de um super-herói adolescente, recém-saído da infância, e não tinha como ser sombrio. Os elementos da obra funcionam como devem funcionar e o resultado final é melhor do que o esperado.

Caminhante Branco tecnológico

Veredito

Shazam! é o filme solo do DCEU que eu mais gostei até agora, digo isso com tranquilidade. Mulher-Maravilha é excelente até sua parte final, quando descarrila a locomotiva criativa. Aquaman conta com uma qualidade boa e regular em sua totalidade, mas não traz nada espetacular. Shazam!, por sua vez, é leve, divertido, carismático e charmoso, ainda que apresente algumas falhas em seu início meio lento e na figura do vilão. No meu ranking de filmes do Universo Estendido, ele só fica atrás de Batman vs Superman, o mais subestimado do século. Sim, eu disse isso.

Não sei se faz sentido, mas senti uma vibe meio Power Rangers, sei lá

 

Aviso: Tem duas cenas pós-créditos.

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Gostaria que tivessem feito algo diferente pra ficar mais fácil de identificar os Sete Pecados. Sei lá, cada um poderia ter usado uma bandeirinha pra gente se guiar. Na hora da luta, eu não fazia ideia de quem era quem naquela bagaça.
  • Olha, o Silvana é um vilão bom e tudo mais, mas por que os filmes sempre apostam somente na figura amarga de um antagonista? Imagina se tivessem construído o Doutor como alguém assustado, às vezes com as próprias ações. Isso teria refletido muito melhor a personalidade da criança no começo do filme. E pelo jeito ele vai voltar a ser aproveitado no futuro, né, com aquela cena pós-créditos dele doidão. E jurei que o Adão Negro apareceria, fui iludido.
  • Mano, ver todo mundo adulto foi uma das partes mais legais. A Darla ficou perfeita, com aquele jeitinho deslumbrado com tudo. A Mary ficou meio pombo, não fez nada. O Eugene, no cover de Zach do 13 Reasons Why, foi massa de se ver. O Pedro ficou bonitão e fortão. O Freddy ficou imponente.
  • Ou, e já que eu toquei no assunto, tô certo em concluir que quando eles se transformaram em Shazam todos tiveram uma parcela do poder do Mago concentrada nos mesmos? A Darla ficou com a velocidade de Mercúrio. A Mary adquiriu a sabedoria de Salomão, pelo jeito. Eugene ficou com o poder de Zeus. O Pedro, com o vigor de Atlas, principalmente por causa daquela cena dele “sustentando” a roda gigante. O Freddy herdou a coragem de Aquiles e o Billy a força de Hércules. É isso?
  • Só uma observação aqui, é curioso perceber que cada vez mais os filmes e séries batem na tecla de que família não é apenas a biológica – muitas vezes ela é a menos importante. E de fato é assim. Acho que isso resume muita coisa que tá presente na nossa sociedade contemporânea. Filosofei agora, pois é.
  • Impressão minha ou deram a entender que o Pedro é gay naquela cena em que ele diz que “não é pra ele”, referindo-se à boate de strip tease? Ficou um duplo sentido no ar, porque poderia estar falando da música ou do ambiente, mas eu aposto neste último. E se for isso mesmo, meus parabéns pra DC.
  • Velho, como eu queria ter visto o Henry Cavill aparecendo como Super-Homem, imagina que foda que seria se isso tivesse acontecido. É uma pena que ele vá deixar o DCEU, porque pra mim era um personagem muito sólido. A saída de Ben Affleck como Batman eu até entendo, mas a do Henry Cavill não acho tão justificável assim.
  • Eu não acredito que os caras me fizeram esperar um tempão só pra ver o Shazam fazer referência ao Aquaman. Não que eu esteja reclamando.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Shazam/Billy Batson adulto (menção honrosa a Freddy Freeman)
O filme já estava bom antes do herói fazer sua primeira aparição, e a partir do momento em que isso acontece o longa cresce exponencialmente. Freddy, amigo de Billy, conectou-se de maneira natural na trama e é outro ponto positivo do roteiro, que valoriza bastante os seus coadjuvantes. Ah, coloquei “Billy Batson adulto” ali em cima porque decidi separar o protagonista mais velho de sua forma adolescente, eles são quase que dois personagens diferentes. Enquanto o primeiro brilha, o segundo não consegue se destacar.

Dupla mais funcional da DC até agora

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).