• Defeitos especiais
Como eu assisti a The Flash dois anos depois de seu lançamento, tive a oportunidade de tecer uma opinião apoiada por um pequeno “distanciamento histórico”. Na época do lançamento, eu estava bastante desligado de notícias sobre o DCEU, então não chegaram em mim muitas impressões de público e crítica a respeito do filme, somente que a recepção geral tinha sido meio mista e que os efeitos visuais eram precários. Eu achava que essa última parte poderia ser exagero, mas meu irmão em Cristo… não é.
Sinopse
Quando Barry Allen percebe que é capaz de ultrapassar a velocidade da luz e usar seus poderes pra voltar no tempo, ele fica determinado a impedir que a mãe seja assassinada e o pai condenado sob a acusação de matá-la. No entanto, como era de se esperar, alterar o passado gera consequências imprevisíveis no tecido da realidade.

Crítica
Durante cerca de uma hora, eu fui surpreendido positivamente por The Flash. Precisei pausar o filme pra beber água, e enquanto me dirigia até a geladeira, fiquei dizendo pra mim mesmo “uai, isso tá melhor do que eu pensava. Será que é mais um exemplo de efeito manada, em que muita gente simplesmente começou a odiar sem tantos motivos pra isso?”. Ao retomar a história, aos poucos fui entendendo o porquê de algumas críticas negativas.
The Flash parece inacabado. Quando a gente assiste a filmes de empresas milionárias como Marvel e DC, nem sempre esperamos por tramas originais, roteiros multifacetados e diálogos inspirados, mas esperamos pelo menos ser recompensados com um bonito e empolgante universo fantástico no qual tudo é possível. Por isso, quando nos deparamos com as séries da Disney+ ambientadas no MCU, além de filmes como Thor: Amor e Trovão, o gosto fica amargo porque nem o básico nós recebemos. E o DCEU seguiu pelo mesmo caminho aqui.
Os efeitos especiais de The Flash são péssimos, e não de um jeito discreto; o filme parece fazer questão de nos mostrar o quanto aquilo tudo é artificial. As lutas se assemelham a sequências de videogame, a direção de arte é excessivamente saturada, os enquadramentos são porcos e os atores, durante cenas de movimentação, ficam com o rosto tão digital que chegou a me dar vergonha alheia. A impressão que fica, e que provavelmente está correta, é de que o estúdio direcionou grana e paciência pra vários lugares, mas tacou o foda-se pra outros pontos, sem dar tempo suficiente pra que o CGI fosse refinado, por exemplo.
Também é possível perceber esse desleixo na montagem bagunçada e no roteiro frágil. Esse defeito ficou claro pra mim na cena em que Barry descobre o paradeiro de um certo personagem depois de cochilar em cima de uma mesa e, ao acordar, ver um arquivo convenientemente colocado a alguns centímetros de sua mão sem qualquer explicação plausível. A partir dali, algumas inconsistências que eu estava ignorando pelo bem da minha própria experiência se afloraram e The Flash foi ficando cada vez pior.
Igual eu disse no começo da crítica, eu estava gostando do filme durante pelo menos metade dele. Eu curti os obstáculos enfrentados pelo Barry, a ideia do efeito borboleta e o suspense que o enredo foi construindo sobre como resolver o problema. Infelizmente, todos esses pontos que estavam funcionando são trocados por fan-services baratos que estão mais preocupados em chamar a atenção do que fazer algo criativo como complemento.

Veredito
The Flash claramente tentou surfar na onda de filmes-evento do subgênero de super-heróis, em que os estúdios trazem de volta atores de filmes anteriores pra gerar expectativa sem tanto esforço. Como estratégia de marketing, isso pode até convencer o público a assistir ao filme, mas não é garantia de que ele será bom. Neste caso em específico, a ideia inicial me fisgou e eu fiquei investido na história durante pelo menos metade da duração. A última hora, porém, esbarra na preguiça narrativa e nos grosseiros efeitos visuais, e acaba impressionando menos do que poderia.

+ Melhor personagem: Barry Allen
Por falta de opção melhor, acho que o personagem mais destacado deste filme é de fato o protagonista. Ezra Miller tem uma interpretação meio irritante às vezes, mas em geral fez um bom trabalho. O vilão é reciclado e a maior parte dos coadjuvantes tá ali mais pra preencher espaço do que pra acrescentar algo de novo. O retorno de Michael Keaton como Batman é legal, mas não passa muito disso também.

CURIOSIDADES
- The Flash foi anunciado em 2014, mas seu lançamento só ocorreu em 2023. Nesse espaço de tempo, foram lançadas todas as 9 temporadas da série Flash, com Grant Gustin no papel de Barry Allen.
- As brasileiras Bruna Marquezine e Isis Valverde eram duas potenciais escolhas pra viver Supergirl, mas a pandemia da Covid-19 impediu que elas viajassem pra Londres. Sasha Calle ficou com o papel.
- Uma das primeiras pessoas a ver o filme foi Tom Cruise, que teve uma cópia enviada para sua casa meses antes do lançamento nos cinemas. Ele gostou tanto do filme que ligou pro diretor e o elogiou.
- Henry Cavill chegou a filmar uma breve cena para The Flash, mas ela foi cortada após o anúncio de que o DCEU seria descontinuado. O ator recebeu 250 mil dólares pela cena descartada.
FICHA TÉCNICA
Nome original: The Flash
Duração: 2h24
Países: EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia
Diretor: Andy Muschietti
Elenco principal: Ezra Miller, Michael Keaton, Sasha Calle, Michael Shannon, Ron Livingston, Maribel Verdú
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Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
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Nota nº 3: pra saber sobre quais filmes eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco: Filmes
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OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO
- Ok, hora da confissão: eu nunca assisti aos filmes antigos do Batman, só vi do Christian Bale pra frente. Por isso, a aparição do Michael Keaton reprisando o papel de Bruce Wayne não me deixou arrepiado, mas entendo o quanto deve ter sido legal pra quem de fato acompanhou. Acho que a maneira como o filme o utilizou foi mediana, mas gostei de terem tratado a morte dele como inevitável. E a aparição do George Clooney na última cena realmente não me pegou de surpresa, eu meio que já esperava por aquilo.
- A Supergirl já me deixou um pouco decepcionado. Ela aparece muito tarde no filme, dá a entender de que não se importará com os humanos, criando um problema ainda maior pro Flash, até que do nada ela volta pra salvá-lo com uma justificativa bem simplificada. Sei lá, ela e o Zod foram só cortina de fumaça e não geraram nenhum momento marcante pra mim.
- Bicho, eu me irritei um pouquinho com o Barry Allen do passado. Ok que ele era mais jovem, mas parecia que o cara tinha 15 anos de idade, e não 18. Acho que o filme poderia ter feito com que ele fosse um pouquinho menos insuportável. Na comparação, o Barry do “futuro” pareceu até sóbrio demais em certas cenas. Pelo menos a Terra foi destruída naquela realidade.
- Eu peguei tanta birra da música-tema da Mulher-Maravilha no DCEU, sério. Eu achava foda pra caramba na época em que tocou pela primeira vez em Batman vs Superman, mas depois disso os filmes ficaram usando toda hora. Quando ela deu as caras com o Laço da Verdade lá na ponte, eu virei os olhos, mas confesso que a cena com os segredos do Batman e do Flash foi engraçadinha. Sobre a aparição do Aquaman na cena pós-créditos, foi ok. Nada demais.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?