• Hipocrisia humana
Em um universo distópico, o ex-policial Deckard é convocado de volta pra eliminar um grupo fugitivo de replicantes, seres artificiais criados com o objetivo de servir à humanidade.
Consigo entender perfeitamente por que Blade Runner é considerado um clássico e como ele deve ter impressionado o público na época em que foi lançado. A ambientação é única e me fez pensar no quanto influenciou outras obras em diferentes tipos de mídia. Cito como exemplo o game Cyberpunk 2077, cuja cidade fictícia Night City se parece muito com o que vemos aqui.
O conceito e a premissa de Blade Runner são muito bons. Há um comentário social sobre como o ser humano trata as suas próprias criações e a hipocrisia de eliminar seres que foram concebidos com a ideia de ser escravos. A dinâmica de um policial deixando a aposentadoria pra acabar com a ameaça também funciona muito bem.
Tirando esses fatores positivos, Blade Runner não me agradou. Pior do que isso, me entediou e eu não me conectei com os personagens. O romance é mal construído, e a história que começou instigante perde o pique à medida que o filme diminui o ritmo e é incapaz de dar profundidade aos personagens. A direção peca nos detalhes (minha namorada notou que a maquiagem da Pris mudava de uma cena pra outra toda hora) e o roteiro tenta ser profundo, mas bate na superfície.
Além disso, preciso falar sobre o terceiro ato. A sequência de perseguição final é uma bagunça. O protagonista não consegue enfrentar o vilão por aparentes lesões, mas ele nem se machucou tanto assim pra justificar tal abatimento. Em vez disso, fica tentando correr e escalar prédios, a pior opção possível levando em conta os seus únicos ferimentos reais. A sequência é boa, mas a razão de sua existência não faz sentido na trama.
Blade Runner: O Caçador de Androides tem seu lugar marcado na história do cinema, mas não envelheceu muito bem. E não tô falando de efeitos visuais, porque a caracterização é um dos maiores méritos. O problema é mais estrutural, com uma história que não espreme o que há de melhor na proposta que ela mesma criou.

CURIOSIDADES
- Blade Runner é baseado no livro “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, de Philip K. Dick. Ele morreu em 1982 e nunca chegou a ver o filme inteiro, só os 20 primeiros minutos de filmagem (que adorou).
- Na cena em que Pris encontra Sebastian pela 1ª vez e quebra a janela de um carro, isso só ocorreu porque Daryl Hannah escorregou. A atriz levou oito pontos no cotovelo, porque era vidro de verdade.
- A frase “todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva” foi improvisada por Rutger Hauer. “All those moments” (todos esses momentos, em inglês) virou o título da autobiografia do ator.
- A última cena foi filmada poucas horas antes dos produtores serem autorizados a tirar toda a liberdade criativa do filme das mãos do diretor Ridley Scott, por questões de tempo e orçamento.
FICHA TÉCNICA
Nome original: Blade Runner
Duração: 1h57
Países: EUA, Reino Unido
Diretor: Ridley Scott
Elenco principal: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Edward James Olmos, M. Emmet Walsh, Daryl Hannah, Brion James
>> Clique aqui para conferir todos os filmes avaliados nas Curtinhas do Leleco
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: pra saber sobre quais filmes eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco: Filmes
Nota nº 4: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?