Séries, Suspense/Terror

American Horror Story: 3ª Temporada (2013/14)

• Caça às bruxas

Já tinha visto muita gente citar a decadência de AHS depois da segunda temporada.
Mesmo sabendo disso, não pude deixar de ter uma certa esperança em relação à terceira, até porque as duas primeiras pra mim foram sensacionais. Ainda possuía aquele pingo de fé, aquele sentimento de “ah, talvez nem seja tão ruim assim“. Por um lado, isto foi bom sendo que não criei expectativas desnecessárias, mas realmente a terceira temporada, de nome Coven, tá bem abaixo das outras.
O conceito da história é interessante. Toda obra de terror que se preze inclui bruxas em seu roteiro, e aqui chegou a hora de AHS colocar isto em prática. Depois de introduzir fantasmas, exorcismos e a loucura em si, a bruxaria ganha enfim seu espaço. Com um tema tão cheio de coisas pra se falar, Coven começa com originalidade mesmo apresentando clichês, mas infelizmente cai de produção mais ou menos lá pra metade da temporada.
Nova Orleans, 2013. A protagonista da vez é Zoe, a Violet de Murder House, uma garota que se encontra com o Hagrid e descobre ter poderes mágicos. Porém, er, digamos que seus poderes não são tão tradicionais assim. Hm, como posso dizer, ela tem a habilidade de matar pessoas ao levá-las para a cama. Puta poder bosta, eu sei.
Já as suas companheiras de bruxaria, as quais ela conhece quando passa a frequentar uma Academia de Bruxas que definitivamente não é Hogwarts, possuem poderes bem mais legais. Queenie é uma jovem boneca de vodu humana, Nan é uma vidente e Madison consegue mover as coisas com a mente.
Além das garotas, temos é claro a diretora Cordelia Foxx, a Lana Banana de Asylum, e a Suprema Fiona Goode – basicamente a bruxa mais foderosa de todas. E adivinha quem a interpreta? Sim, Jessica Lange, de longe a melhor atriz da série. Em Coven sua atuação também é boa, mas confesso que seus papéis já estão começando a ficar um pouco repetitivos. Ela sempre faz a personagem foda, e se isto continuar os produtores estarão desperdiçando uma atriz diferenciada.
Em outras frentes que se cruzam lá na frente, surgem as fascinantes Marie Laveau e Madame LaLaurie. A primeira só pode ser definida como foda, aquela personagem que você sabe na hora que é zika memo. A segunda é aquela típica personagem que está totalmente deslocada com o mundo moderno, mais ou menos no estilo do Capitão América. Apesar de ser uma tremenda fdp do pior tipo, ao final da temporada construímos uma estranha simpatia por ela.
Por último e pra completar a gangue da mulherada poderosa, temos Misty Day com seus poderes de ressurreição. Ainda temos outras, como Myrtle Snow (a Moira de Murder House) e o decepcionante Kyle, com uma storyline tão ruim mas tão ruim que quase me fez desligar a TV e ver 20 horas seguidas de Olicity.
O saldo positivo de Coven vai para algumas personagens e para o começo da temporada. Aliado ao fato que já falei lá em cima, de eu ter ido sem muitas expectativas, acabei achando bem legal os primeiros episódios. Contudo, parece que a criatividade foi se esvaindo, dando lugar a muitos episódios de lenga-lenga, sobretudo os com a cantora Stevie Nicks. Sério, em alguns momentos parecia que eu tava vendo American Nicks’ Story.
A maior decepção provavelmente é a participação de Evan Peters. Depois de interpretar o icônico Tate e o mocinho Kit Walker, seu personagem Kyle é extremamente bosta. Acho que a palavra que descreveria perfeitamente Kyle é “inexpressivo”.
Outro problema foi a forçação de barra com algumas personagens. Uma coisa que apoio pra caramba é a inserção de boas personagens femininas, como em Game of ThronesThe Walking Dead The 100. O problema é que algumas séries, e eu já até falei isto aqui em algum pitaco que não lembro qual é, não conseguem trabalhar isto tão bem e as coisas acabam ficando exageradas, quase como se o roteiro estivesse dizendo “olha só que foda, mano, essas mulheres são muito fodas, elas só fazem coisas fodas, já mencionei que são fodas?“.
American Horror Story: Coven é de fato muito inferior às duas primeiras. Talvez não seja tão ruim quanto eu pensava que seria, mas ainda assim é uma grande queda pra quem se acostumou com a qualidade de antes.

 

Querido diário, nossos personagens são um tédio

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Cordelia seria o par perfeito do Demolidor, né. Desculpa, fui insensível.
  • Finalmente conheci o meme do “Surprise, bitch“. Sempre fiquei curioso em relação a isso.
  • É estranho eu ter ficado com um pouco de dó da LaLaurie com o passar do tempo? Por favor, digam que sim. Eu sei que ela era uma fodida racista, mas sei lá, mano.
  • Pqp, aqueles caçadores de bruxas foram muito merdas. Deu vergonha alheia, desperdiçaram totalmente uma trama.
  • Outro desperdício: Axeman. Ele tinha um dos arcos que eu mais gostava, apenas pra acabar de maneira bem tosca.
  • Estudos dizem que a palavra “Suprema” foi dita 4938420485304834059 vezes em Coven. É verdade, tá na Fatos Desconhecidos.
  • Como alguém pode querer fazer mal pra uma pessoa como a Misty Day?? Não entra na minha cabeça.
  • Quer um casal sem química? Zoe e Kyle resolverão o seu problema!
  • Juro que morro de preguiça de séries em que os personagens nunca morrem de verdade. Não dá pra sentir o impacto das mortes, fica bem manjado.
  • Como eu imagino o inferno: chamas, danação eterna (parafraseando Rick Riordan), gritos, gente sofrendo. Como é o inferno de Coven: garotas terminando com o namorado e dissecação de sapos.
  • Papa Legba talvez seja uma das únicas coisas realmente legais na temporada, né, mesmo não tendo nada a ver com a história original.
  • Que cena foda a da LaLaurie assistindo àquele programa. Chega arrepiei.
  • A Marie Laveau é outra que tinha um potencial gigante e no final foi ficando meio nhe.
  • Fiona, uma bruxa forte e influente, morreu de câncer. A vida é assim, crianças.
  • Eu realmente não esperava que a Cordelia fosse se tornar a Suprema. Foi uma conclusão legal.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Madison Montgomery
Acho que nem chegou a ser a minha favorita, mas sempre que pensar em Coven vou imediatamente associá-la a esta personagem marcante. Ponto também para Marie Laveau, Madame LaLaurie e Queenie.

Madison Square Garden

+ Melhor episódio: S03E09 (“Head”)
Com uma das melhores cenas da temporada, o capítulo é recheado de destaques positivos, pra contrastar com o restante dos episódios.

Última moda em Paris

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).