• Múltipla nostalgia

Stranger Things é o maior fenômeno cultural desde Game of Thrones. Nenhuma outra série da última década, com exceção dessa outra, conseguiu construir tamanha influência e se manter na memória coletiva desta maneira. Neste ano, enfim será lançada a 5ª e última temporada. Os primeiros quatro episódios ficarão disponíveis hoje, 26 de novembro, às 22h. Outros três estão marcados para o dia 25 de dezembro, e o capítulo final chegará à Netflix em 31 de dezembro, todos eles no mesmo horário. Para rumar com tudo em direção a esta épica conclusão, nada melhor do que revisitar a série – e foi justamente o que eu fiz. Este texto não será um resumo dos principais acontecimentos, apenas algumas impressões que eu tive ao assistir pela segunda vez. E, é claro, falarei spoilers!

Reflexões sobre o nível de qualidade da série

A internet transforma qualquer pessoa em um ser influenciável. Na minha cabeça, Stranger Things sempre foi uma série de excelente nível e não teve nenhuma temporada perto de mediana. O “pior” ano é melhor do que a maioria das produções, mas é verdade que a gente acaba sendo contaminado por algumas opiniões por aí. Ao longo dos últimos meses, eu li várias análises de pessoas dizendo que era uma série superestimada e repetitiva. Na hora de matar um personagem, sempre escolhem alguém recém-introduzido. Nas batalhas finais, frequentemente elas acabam da mesma maneira: com a Eleven esticando a mão e salvando o mundo enquanto seu nariz sangra. Embora algumas dessas afirmações sejam verdadeiras, eu ainda acho que não são fortes o suficiente pra derrubar a quantidade de coisas boas.

E cara, Stranger Things é MUITO boa. A 1ª temporada pra mim é a melhor até hoje, por causa do senso de novidade, os toques de nostalgia e o fato de que a história é bastante redondinha; praticamente todos os arcos possuem a mesma régua de qualidade. A 4ª é mais impressionante e, em seus melhores momentos, é superior à 1ª. Eu só a considero ligeiramente inferior porque alguns de seus núcleos são menos interessantes do que outros. Ou vai falar que você assistia às cenas de Mike, Will, Jonathan e Argyle com a mesma empolgação com que via as sequências da Max com o Vecna?

Sobre as outras duas temporadas, eu mudei de opinião na segunda assistida. Eu sempre achei a 2ª e a 3ª quase iguais no meu gosto, mas preferia um pouco a 3ª. Vendo novamente, considero a 2ª melhor. Sim, temos aquele infame episódio da irmã de Eleven, que tem um timing horrível e desperdiça reviravoltas promissoras ao dedicar um capítulo inteiro somente pra personagens que nem conhecíamos até ali. Mesmo contendo o episódio mais fraco da série, eu fiquei impressionado com a maturidade narrativa da 2ª temporada. A 3ª, por outro lado, ainda que possua uma parte visual icônica, é dona do enredo menos inspirado. Dito isso, a minha ordem fica assim: 1 > 4 > 2 > 3.

Reflexões sobre os personagens

Queria reservar este parágrafo pra falar sobre mortes de personagens. Sim, eu concordo que Stranger Things tem um certo medo de matar os mais queridos – é bem mais cômodo eliminar aqueles que chegaram há pouco. Bob na 2ª temporada, Alexei na 3ª e o Eddie na 4ª são os principais exemplos disso. E aqueles que morrem algum tempo depois de serem introduzidos, como o Billy na 3ª e o Brenner na 4ª, não eram personagens exatamente amados pelo público, né. Alguns podem considerar isso um defeito e eu até concordo que houve uma certa covardia da série ao manter a Max viva ao final da 4ª, mas quer saber? Nem toda produção precisa ser igual Game of Thrones. Mal comparando, é claro, mas ninguém acha O Senhor dos Anéis ruim porque o Tolkien não matou tantos personagens importantes assim. Eu acho que alguém relevante deve morrer na 5ª temporada de Stranger Things, mas não é mais algo que eu “cobro”.

Continuando, eu fui dar uma olhada nos meus votos pra Melhor Personagem de cada temporada: Eleven na 1ª, Hopper na 2ª, Steve na 3ª e Max na 4ª. É normal que a gente mude de opinião com o tempo, até porque o meu pitaco da 1ª temporada, por exemplo, é de 2016. Se a sua opinião de dez anos atrás é exatamente a mesma de hoje, alguma coisa tá errada. Apesar disso, eu considero as minhas escolhas boas. Nenhuma delas é absurda, e duas eu vou manter: a 2ª e a 4ª. Na 1ª, eu acho que a melhor foi Joyce Byers, e não a Eleven. Em 2016, eu não notei tanto isso, mas em 2025 eu fiquei impressionado com a potência da atuação da Winona Ryder. Por algum motivo, ela jamais conseguia alcançar esse patamar nas outras temporadas, mas na 1ª era um absurdo. Na 3ª, embora eu goste muito do Steve, vou transferir meu voto pro Dustin. É ele quem rouba a cena, especialmente com sua versão de Never Ending Story.

Reflexões finais e notas

Pra mim, o maior mérito de Stranger Things é a capacidade de nos fazer devorar um episódio atrás do outro. Na 4ª temporada, é um pouco mais difícil fazer isso porque os capítulos são muito longos, então eles exigem um certo respiro. Mas a eu assisti à 1ª praticamente inteira em uma madrugada. E, ao reler o meu próprio pitaco da 2ª temporada (quem quiser ler esses textos, é só pesquisar pelo nome da série na lupinha do site), me surpreendi relembrar que tinha visto quase todos os episódios dela em uma única madrugada também. Poucas séries são capazes de fazer isso com tanta frequência e habilidade.

E agora chegamos às notas. De acordo com a minha planilha pessoal, as notas que eu dei pras temporadas de Stranger Things eram as seguintes: 4,8 pra 1ª temporada; 4,5 pra 2ª e pra 3ª; e 4,8 pra 4ª. São avaliações justas e condizentes com o que eu achei na época em que assisti pela primeira vez, mas vou mudar um pouquinho agora. Vou subir a nota da 1ª temporada pra 4,9, perto da perfeição. Com a 2ª temporada, vou colocar 4,6. Já a 3ª eu vou abaixar um pouquinho pra 4,4, e a 4ª é a única que eu vou manter na nota original. Com isso, eu fecho a minha revisão da série.

E vocês, estão empolgados com a última temporada? Por aqui as expectativas estão altas!

FICHA TÉCNICA

Nome original: Stranger Things
Duração: 34 episódios
País: EUA
Showrunners: Matt Duffer, Ross Duffer, Karl Gajdusek
Direção: The Duffer Brothers, Shawn Levy, Andrew Stanton, Rebecca Thomas, Uta Briesewitz, Nimród Antal
Elenco principal: Winona Ryder, David Harbour, Millie Bobby Brown, Finn Wolfhard, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin, Noah Schnapp, Sadie Sink

RevisitandoSéries #01 – Justiça: 1ª Temporada (2016)

RevisitandoSéries #02 – Sons of Anarchy (2008-14)

RevisitandoSéries #03 – Breaking Bad (2008-13)

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?