• O ciclo de 27 anos

A smile is something special
A ribbon is something rare
So I’ll be special and I’ll be rare
With a smile and a ribbon in my hair 🎶

Quem assistiu à 1ª temporada de It: Bem-vindos a Derry e não ficou com essa música na cabeça não assistiu direito. E quer jeito melhor de começar essa crítica do que falar sobre a abertura? Além da musiquinha que gruda na cabeça e mistura perfeitamente a sensação de inocência com ameaça velada, a parte gráfica também é legal pra caramba. Mas será que o conteúdo da série é tão bom quanto? Bora lá conversar sobre isso.

Sinopse

1962. Em Derry, no Maine, nos Estados Unidos, Leroy e Charlotte Hanlon se mudam para a cidade com o filho Will. Quando um outro garoto desaparece, o acontecimento leva a uma série de eventos conectados a experiências controversas do Exército, a tradições indígenas, a sumiços de crianças e a um palhaço conhecido como Pennywise.

Crítica

Embora eu ainda não tenha lido o livro, no audiovisual já assisti a tudo que o universo de It tem a oferecer, com os filmes de 1990, 2017 e 2019. Deles, o único que eu não gostei tanto assim da primeira vez que vi foi o de 2019, mas os outros dois são muito bons. Mesmo com essa familiaridade, eu até cogitei nem assistir à 1ª temporada de Bem-vindos a Derry pra poder focar em séries que eu já comecei, e também porque prequelas não costumam me atrair tanto. Ora, se eu sei como a história vai acabar, muitas vezes não me interesso em saber como ela começou.

Que bom que eu não segui esse meu impulso inicial, porque Bem-vindos a Derry foi muito divertida de assistir. O primeiro episódio começa meio devagar, mas o jeito que acaba é chocante. Contudo, no meu caso, ter visto esse episódio e esperado uma semana pra assistir ao outro diluiu um pouco esse choque, porque eu imaginava que tudo que havia ocorrido naquele desfecho não tinha acontecido e era algum tipo de pesadelo ou ilusão. Por isso, nem fiquei tão chocado e, ao ver o segundo episódio uma semana depois, a consciência de que foi um evento real naquele universo perdeu força.

Mas vamos às principais qualidades e defeitos. Bem-vindos a Derry tem uma construção de mundo bem feita. A ambientação dos anos 60, os comentários sociais sutis a respeito da questão racial, as críticas à cultura militar norte-americana e o desenvolvimento do passado de Pennywise são elementos que enriquecem o universo de It, em vez de apenas se aproveitarem dele. Bill Skarsgard retorna ao papel do icônico palhaço e tá ótimo como nunca, dominando cada cena em que aparece, com o auxílio de efeitos visuais funcionais, mesmo que não haja um orçamento cinematográfico.

Por outro lado, acho que as dinâmicas das crianças são irregulares. Eu demorei um pouco a me importar com eles, durante metade da temporada era um sentimento de indiferença. As atuações não são horríveis – Blake Cameron James, como Will, é o mais fraquinho do elenco infantil -, mas, na comparação ao filme de 2017, por exemplo, dá pra notar que há uma diferença esmagadora de nível. Outro defeito da série tá no último episódio, em que o roteiro abusa de conveniências narrativas e clichês, que destoa dos capítulos anteriores e faz com que o fim se tornasse a parte menos caprichosa da temporada.

Veredito

It: Bem-vindos a Derry é uma agradável surpresa nesta reta final de 2025. A 1ª temporada herda as boas características do filme de 2017, principalmente quanto à figura do palhaço Pennywise e aos cenários de Derry. O terror aqui faz menos o meu estilo, pois é mais visual do que psicológico, mas é efetivo no que propõe e desenvolve cenas marcantes. O elenco tem pontos fortes e fracos, assim como um roteiro que oscila entre decisões narrativas corajosas e preguiças textuais. Em geral, é uma série pela qual eu não dava nada e acabou me conquistando a cada episódio.

+ Melhor personagem: Dick Hallorann (menção honrosa a Rich Santos)
Eu fiquei muito na dúvida nesta categoria. Rich é indiscutivelmente o personagem mais cativante, muito por causa do carisma do jovem ator Arian S. Cartaya, mas ele brilha mais da metade da temporada pra frente. Dick Hallorann, por sua vez, é quem mais me deixou intrigado desde o início, além de ser o mais imprevisível e cheio de camadas. Por isso, optei por ele (mas eu amei o Rich).

+ Melhor episódio: S01E07 (“The Black Spot”)
É o mais quente de todos, e pra mim é onde a temporada alcança o seu ápice antes de cair um pouco no último capítulo.

FICHA TÉCNICA

Nome original: It: Welcome To Derry
Duração: 8 episódios
País: EUA
Showrunners: Jason Fuchs, Brad Caleb Kane
Direção: Andy Muschietti, Andrew Bernstein, Emmanuel Osei-Kuffour Jr., Jamie Travis
Elenco principal: Jovan Adepo, Taylour Paige, Chris Chalk, Clara Stack, Blake Cameron James, Arian S. Cartaya, Matilda Lawler, Amanda Christine, Bill Skarsgard

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO

• Vamos reservar os dois primeiros tópicos pra falar dos mortos. Fiquei agradavelmente surpreso quando as crianças morreram no cinema. Não porque eu gosto de ver crianças sendo atacadas por bebês demoníacos, mas porque não é algo que costuma ser feito com frequência no audiovisual; não achei que teriam essa coragem de mostrar a cena daquele jeito. É verdade que a coragem que tiveram de matar personagens importantes naquele momento, eles não tiveram quando o Black Spot foi incendiado e ninguém relevante partiu desta para a melhor, mas tá de boa.
• Sobre o Paulie, eu gostava bastante dele. No momento de sua morte, eu jurei que o Major Hanlon mataria o próprio filho, mas o amigo foi um herói. Sobre o Taniel, confesso que não me importava tanto assim com o cara, mas foi paia. Por fim, sobre o Rich, fiquei tristão. Era a criança mais legal do grupo, disparado. Depois que ele morreu, a parte infantil da série ficou mais capenga.
• Pulando pro final, desculpa, gente, mas aquela sequência no gelo foi bem ruinzinha. Pô, um grupo de soldados é desarmado facilmente daquele jeito, sendo que duas das pessoas que conseguiram o feito sequer eram treinadas e os outros dois estavam feridos? Mas o pior foi o Hanlon atirando no Pennywise, ficando sem bala e caindo no chão, e ninguém continuar atirando no palhaço. Em vez disso, a Charlotte ABANDONOU a própria arma pra ir socorrer o marido (???) e o restante ficou só olhando. O Pennywise também foi bem imbecil de não usar suas asas antes pra passar logo pela árvore, em vez de ficar andando com aquela caminhada dançante. Pelo menos o Rich aparecendo pra ajudar o grupo foi legal, apesar daquela cena ter sido meio clichê.
• Gostei da Beverly aparecendo no fim, o que me motivou ainda mais a reassistir aos dois filmes mais recentes novamente. Em primeiro lugar, pra relembrar da história e pegar referências que eu provavelmente perdi na série porque esqueci dos eventos. O outro motivo é ver se o segundo filme é realmente tão fraco quanto eu me lembro ou se eu mudarei de ideia.

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?