Ação/Policial, Séries

Narcos: 2ª Temporada (2016)

• A decadência e o fim

A segunda temporada de Narcos começa imediatamente após o final da primeira, com nosso querido amigo Pablito fugindo de sua “prisão”. Como a própria Netflix disse em teasers, a história de Pablo Escobar se encerraria aqui, com a morte do mesmo.
O mais engraçado era ver gente reclamando de spoiler. Cara, dizer que a morte do Pablo Escobar é um spoiler é o mesmo que dizer que é um spoiler JFK morrer em seu filme biográfico. Eu até entendo quem esperava que o enredo de Medellín continuasse por mais uma temporada, mas a primeira acaba já perto da morte de Escobar.
Enfim, a segunda temporada começa a todo vapor com Pablito moralizando uns guardinhas colombianos. O enredo é todo centrado na decadência do narcotraficante mais famoso da história, e Wagner Moura consegue transmitir isto com excelência. O desmantelamento de seus negócios, as traições por parte de supostos aliados e a morte e captura de seus comparsas mais próximos foi tratado de forma excelente embora não tão fiel à história real.
O narrador Steve Murphy aparece um pouco mais apagado aqui, sua vida pessoal não sendo tão abordada, abrindo espaço para Javier Peña brilhar mais pelo lado dos policiais. Mesmo assim, Peña não é um “mocinho” tradicional, e várias de suas escolhas geram polêmica. Além dos dois principais, novos personagens são apresentados, como Limón, Messina, Maritza e o advogado-geral Gustavo de Greiff.
O núcleo do presidente Gaviria também perde muito espaço, sendo que a temporada é inteiramente focada na decadência de Escobar e nos esforços para capturá-lo/matá-lo. O Cartel de Cáli ganha muita importância e se torna um dos principais arcos da temporada com a formação de Los Pepes, essencial para o destino final de Escobar. Quem também ganha muito destaque é a família de Escobar, que se uniu bastante devido à quebra de poder do mesmo.
As atuações continuam impecáveis, sobretudo a de Wagner Moura como Pablito. Suas expressões botam medo até naquele seu amigo corajoso que diz que não se assusta com nenhum filme de terror, transmitindo todo o poder que ele ainda possui, mesmo nos últimos meses de sua vida.
Uma questão engraçada que está presente desde a primeira temporada é o fato de nós torcermos de certo modo por Escobar, mesmo sabendo das atrocidades que cometeu durante toda a sua vida. Sua devoção à família é estranhamente fofa de se ver, apesar de ele sempre colocar os negócios e o poder acima de tudo, mesmo nunca tendo reconhecido isto. Esta característica se assemelha à personalidade de Walter White em Breaking Bad, onde suas intenções começam sendo pela família mas ele mesmo acaba assumindo que gosta daquilo que faz.
Percebemos que (spoiler da 1ª temporada) com a morte de Gustavo, seu primo, Pablo perdeu um pouco o controle que tinha, porque um homem como ele necessita de uma pessoa que o coloque nos eixos e o confronte quando está prestes a cometer um grande erro. Agora na maioria das cenas Escobar fica com uma carranca e passa a ser ainda mais um osso duro de roer (tropa de elite, osso duro de roer, wagner moura hahahaha sacou? Foi ruim, eu sei).
Pra mim, esta temporada tá no mesmo nível da primeira. Cada uma com suas peculiaridades e suas qualidades, com tons diferentes mas com as mesmas virtudes. O que me fez não dar 5 estrelas talvez tenha sido porque o ritmo da série caiu bastante em relação à primeira temporada. Isto poderia ter sido evitado se tivessem dividido melhor a trama de Escobar nas duas temporadas.
A produção da série é sensacional (te amarei pra sempre, Netflix :*) e a reconstrução das paisagens é de tirar o fôlego. O ciclo de Escobar se fechou na hora certa: acredito que se tivessem estendido por mais uma temporada, provavelmente teria ficado maçante e talvez até desinteressante. Ainda bem que a Netflix foi esperta e encerrou a história na hora certa.
O final da temporada deixa um gancho para o tema da terceira, que não será mais centrado em Escobar, por razões óbvias. Só sei de uma coisa, se a qualidade de Narcos continuar a mesma, ela pode vir a ser consolidada como uma das potências do mundo das séries.

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Comemorei como se fosse um gol do meu time quando a Judy Moncada se ferrou. Não aguentava mais ver a cara de presunção dela.
  • Igual eu vi em um comentário em algum lugar: e o Pablo tivesse sido criado pelo pai, talvez ele teria sido uma pessoa totalmente diferente.
  • Pô, fiquei mó tristão quando o Carrillo morreu, mesmo sabendo que ia acontecer. Eu sei que os métodos dele eram meio extremos, mas era o único jeito de derrotar Escobar.
  • Hipocrisia define o Pablito – sai matando todo mundo e ainda critica o governo.
  • Wagner Moura mostrando pra todo mundo que aqui é BR, carai!
  • Pensar que filmaram a cena da morte do Escobar no exato lugar onde aconteceu. Foda demais, cara.
  • Que gracinha aquela Maritza, vontade de guardar ela num pote.
  • Sem palavras praquela cena do Pablo com seu primo Gustavo.
  • Muito legal os verdadeiros Steve Murphy e Javier Peña terem feito uma ponta no último episódio.
  • E aquela foto dos policiais ao lado de um Escobar morto é muito forte e crua, pirei.
  • Temporada 3: Peña x Cáli.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Pablo Escobar
Sim, de novo ele. Mas sério, alguém discorda desta escolha?

Até com uma roupa brega o Escobar fica foda
Até com uma roupa brega o Escobar fica foda

+ Melhor episódio: S02E04 (“The Good, The Bad and The Dead”)
Frenético até o final, fiquei entre ele e o episódio 6, que também foi bastante movimentado.

Tá me esperando na janela, ai, ai

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).