• Show de Horrores
O ano é 1952. Na pacata cidade de Júpiter, Florida, as gêmeas siamesas Bette e Dot são levadas para um hospital, após a mãe das duas ter sido assassinada. Lá, elas são acolhidas pela misteriosa Elsa Mars, que, por algum motivo, oferece às garotas um lugar em seu Show de Horrores. Dot, a gêmea chata e turrona, recusa, enquanto a inocente Bette se anima com a ideia. Dot só concorda com o plano de Elsa após a mulher lembrá-la de que as duas são as principais suspeitas na morte da mãe. Com isso, as três partem para o alojamento de Elsa, onde conhecem diversas outras pessoas com, digamos, certas peculiaridades. E é assim que American Horror Story: Freak Show inicia sua trama.
Vamos voltar a fita um pouquinho. AHS conta com ótimas primeira e segunda temporadas. A terceira? Nem tanto, mas ainda assim é legalzinha. Após o declínio entre as duas primeiras temporadas e a terceira, parecia que a série tomaria uma atitude foderosa e construiria uma história que marcaria a cultura pop. Olha, pelo menos isso eu reconheço, marcou muito. O problema é que, para mim, muito negativamente. Para isso, tenho que dar uma voltinha na pré-produção.
Meu irmão mais novo sempre gostou mais de AHS do que eu. Sempre esteve mais ligado nas notícias sobre a série, o elenco, este tipo de coisa. Por isso, sempre que saía um novo teaser trailer de Freak Show ele já me mostrava com animação no olhar. Confesso que sempre que ele me mostrava, eu realmente acreditava que uma temporada espetacular estava por vir. Os teasers davam a entender que a temporada exploraria pessoas com características incomuns e transformaria tudo num show de horrores horripilante. Me foi crescendo a ideia de que seria a temporada que mais abordaria o terror, porque na Lista Lelecal de Coisas Assustadoras, estão os seguintes elementos: 1) crianças; 2) bonecas; 3) idosos com olhares vagos; 4) pessoas com algum tipo de deformação explorada pela trama a fim de se tornar assustadora. Neste último tópico, posso citar alguns exemplos, como bocas costuradas, pessoas com membros amputados de forma violenta por um monstro terrível, e por aí vai.
Toda a ideia de se construir um terror com este tipo de característica parecia fascinante, é uma pena que não foi o que ocorreu. Os idealizadores da temporada transformaram as “aberrações” em mártires. Até aí tudo beleza, porque não era exatamente o que a gente esperava e poderia ter sido uma boa surpresa, sendo que aparentemente a temporada contaria com um palhaço assassino como vilão principal, como foi mostrado nos trailers. Contudo, o principal antagonista, na verdade, é um personagem que pra mim é o pior de todas as séries que eu já vi até hoje, e os arcos dos habitantes do Show de Horrores se torna altamente desinteressante, no geral.
Aliás, deixe-me explicar o que exatamente é este Show de Horrores, pra quem não viu a temporada e tá procurando um guia. Acho bem difícil essa possibilidade, porque quem é que vai preferir procurar por uma crítica aqui antes de tomar a decisão de assistir? Normalmente a gente procura sites mais famosos, tipo o AmoCinema ou o Ovo Frito. De qualquer forma, me distanciei do assunto. O Show de Horrores de AHS é basicamente um circo em que as atrações são pessoas diferentes, digamos assim. Um garoto com mãos de lagosta, a mulher mais baixa do mundo, um homem com braços atrofiados, anões, uma mulher barbada, outra com três seios e um cara extremamente forte são exemplos de atrações deste show comandado por Elsa Mars, uma mulher que tá convencida de que é talentosa, mas não consegue emplacar de jeito nenhum.
Toda esta premissa parecia espetacular no começo. Os primeiros episódios são um pouco lentos, mas contam com alguns elementos que nos deixam curiosos. Qual é a dessa Elsa Mars? As gêmeas Bette e Dot são do mal? Esse palhaço vai ser o novo Pennywise? Além disso, os personagens são, de início, bastante cativantes, cada um com sua própria singularidade. A rica diversidade em Freak Show é algo que nos prende a atenção.
O fato da temporada ter escolhido pegar o viés de “quem são os verdadeiros monstros?” foi um pouco clichê, vamo combinar. Entretanto, poderia ter sido um clichê bem-sucedido se tivessem construído algum bom vilão. O mimado Dandy, que se torna o principal antagonista, me dava vontade de arrancar meus olhos só pra não sofrer com as cenas em que ele aparece.
O desperdício de personagens é o principal defeito de Freak Show. Além dos vilões e dos habitantes do Show da Elsa, que teria ficado melhor se tivesse o Olaf, a Anna e o Kristoff, a temporada introduz um personagem com um potencial gigantesco, e que acaba se tornando meio blé. Edward Mordrake tinha tudo pra ser fodástico. Quer algo mais louco que um homem com uma cabeça extra na nuca, a qual possui sua própria personalidade, como se fosse uma relação Quirrell-Voldemort? Pois é, o núcleo dele começa massa, mas cai no marasmo.
Mesmo com toda essa porrada de críticas negativas que dei, estranhamente eu fiquei curioso o suficiente pra conseguir terminar a temporada. Eu queria saber aonde que tudo iria dar. A minha nota, 2 Lelecos, é a mais baixa que eu já dei neste site até hoje. Ainda assim, ela poderia ter sido menor, sendo que fiz duas imagens de capa do post, uma com 2 e outra com 1,5 Lelecos. Contudo, conversei com meu irmão mais novo, com meu amigo Daniel, e cheguei à conclusão de que Freak Show não é ruim no sentido de “que história bosta, vou nem continuar assistindo”, porque o enredo não é o principal problema. O plot central até que é interessante, e alguns dramas dos personagens me prenderam. O problema de Freak Show é que acaba sendo um grande desperdício, perto do que poderia ter sido.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}
{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Que coisa tosca aquele Dandy aaaaaa parecia que eu tava vendo um filme da Sessão da Tarde, principalmente quando ele dava chilique, grrrrr
- Precisavam ter matado o Meep? 🙁
- E por falar em precisar ter matado, e aquele final do Dandy matando todo mundo? Pareceu que os roteiristas estavam pensando “hmmm, o que fazer com todos esses personagens?”, “quem sabe a gente faz o Dandy matar todo mundo, porque aí resolve o problema e ainda transforma ele num vilão melhor!”, “hahahahaha, boa ideia, mano!!”
- Afffff o que foi aquilo que fizeram com o Twisty? Jurei que ele fosse ser um palhaço assassino de respeito, mas acabou que era só um cara com problemas. Pra que fizeram isso, mano, ficou uma bosta.
- Edward Mordrake tinha tudo pra ser um ótimo vilão principal, já que não iriam utilizar o Twisty. MAS NÃO, VAMOS COLOCAR O DANDY QUE É MELHOR, NÉ
- Talvez a cena mais foda da temporada tenha sido a que a vidente lá morre. Foi o único momento que conseguiu transmitir terror.
- Dell Toledo é a prova de que quando o cara paga de machão demais, muito provavelmente ele tem algo a esconder em sua sexualidade.
- Gente, fiquei bem “que” quando descobri que na verdade a Elsa não tem as pernas. Bem louca a história dela.
- Edward Mãos de Tesoura o caralho, aqui é Jimmy Mãos de Lagosta.
- Pepper melhor personagem sempreeeeee
- Gostava mais do Stanley quando ele tinha a cara queimada.
- Chester também tinha tudo pra ser foda, porque vamo combinar, bonecas são muito assustadoras. É realmente uma pena.
- Is there life on Maaaaaaaars
- Jimmy e Bette e também a Dot viveram felizes para sempre! Assim como a Elsa finalmente fazendo sucesso, mesmo que tenha sido depois da morte. Que fofinho.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Elsa Mars
É verdade que foi bem difícil achar um melhor personagem, mas acho que ela merece.
+ Melhor episódio: S04E10 (“Orphans”)
Um ponto fora da curva na temporada, focado em uma certa personagem já conhecida por nós, telespectadores.
+ Maior surpresa: Paul
Um personagem que me cativou, e até hoje não sei bem o porquê. Um dos únicos que eu realmente gostei e me simpatizei na temporada.
+ Maior decepção: Twisty
Eu poderia ter facilmente colocado Bette e Dot aqui também, mas devido à expectativa acerca deste Coringa sem grife, acho que ele merece este belo prêmio.
+ Pior personagem: Dandy Mott
Tomar no cu, que personagem ruim da porra. Dá raiva só de olhar pra ele.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?