Ação/Policial, Séries

Dexter: 8ª Temporada (2013)

• Lobotomia

Esse pitaco é histórico, senhoras e senhores. Quando eu criei meu blog em maio de 2016, há quase três anos, eu poderia ter pegado o caminho mais simples e começado a escrever sobre as séries que assisti a partir daquele momento. Em vez disso, decidi aceitar o desafio e escrever sobre todas aquelas que eu já tinha visto na vida, com exceção das produções de comédia e animação. A missão foi difícil, porque tinha muita obra que eu não lembrava quase nada, e tive que passar dias inteiros vendo vídeos de recapitulação e lendo resumos na internet, porque eu não ia assistir tudo de novo, né. Depois de tanto tempo, escreverei sobre meu último pitaco do grupo dos antigos. Fiz críticas de TODAS as séries que eu já vi até hoje, temporada por temporada. As postagens que farei daqui pra frente serão daquelas que vi recentemente, e a probabilidade de trazer produções mais novas agora é maior. Por isso, é com muito orgulho que eu venho resenhar a polêmica oitava e última temporada de Dexter.

 

Sinopse

Toda postagem eu falo isso, mas não dá pra saber se quem tá lendo tá ligado nesse bagulho. Bom, nessa primeira seção eu não solto spoilers, coloco-os em uma parte reservada ali no final. Porém, eu preciso abordar revelações de temporadas anteriores, porque senão não dá pra eu fazer uma sinopse decente. Por isso, saiba que estarei falando sobre coisas que aconteceram antes da última temporada de Dexter, pra poder dar um panorama geral.
Mano, Dexter Morgan já passou por muita coisa. Precisou lidar com seu irmão, acusações contra si, a ameaça de um cara que viria a se tornar o seu melhor amigo, a morte trágica de sua esposa e a descoberta de sua irmã acerca de seu mais profundo segredo. Ainda por cima, ele testemunhou sua maninha, que não tinha nada a ver com seus instintos assassinos, matar uma pessoa inocente. E o pior, para protegê-lo. E não era qualquer inocente, mas sim a Capitã Maria LaGuerta, que havia acabado de descobrir a verdadeira identidade do analista forense.
A oitava e última temporada de Dexter conta a saga final do universo da delegacia Miami Metro. Como de praxe, um novo serial killer dá as caras, com a alcunha de Neurocirurgião. Como se já não tivesse tido bizarrice o suficiente na cidade, a bola da vez é um matador que arranca pedaços do cérebro de suas vítimas depois de mortas. Tomar no cu, eu é que não quero morar em Miami.
A aparição do novo assassino em série é o foco dos problemas profissionais do protagonista, mas a chegada da Dra. Evelyn Vogel (Charlotte Rampling) atinge também a vida privada de Dexter. Com vínculos atrelados ao passado do personagem, ela chega pra mudar o rumo das coisas na vida dele. Em outra frente, Debra Morgan tenta aprender a lidar com as consequências de seus terríveis atos na temporada passada, começando uma nova empreitada com o detetive particular Jacob Elway (Sean Patrick Flanery).

Que refeição diferente

Crítica

É de consenso geral entre críticos e fãs que a última temporada de Dexter é um lixo total e o final dela é uma das piores coisas já feitas pela humanidade, à frente até da ascensão dos digital influencers. Eu acho isso um pouco exagerado. Afinal, não tem como ser pior do que digital influencer. Bom, mas falando na moral, de fato a oitava é, ao lado da quinta, a temporada mais fraca da série. É bem verdade que a produção foi perdendo sua essência ao longo do tempo e seu desfecho é a consolidação da queda. Também é correto dizer que a história de nosso psicopata favorito poderia ter acabado de um jeito mais digno e mais marcante. Não é errado falar que a trama e o antagonista da vez não são dos melhores. Isso tudo abaixa bastante o nível da temporada, mas também não achei ela tão catastrófica quanto costumam dizer.
Primeiro, vamos falar do enredo. A decadência de Debra é bem trabalhada, ainda que doa em nossos corações ver uma personagem tão querida sofrendo com as cicatrizes da vida. A trama geral, apesar de ser bem fraquinha em comparação àquelas envolvendo o Ice Truck Killer, o Bay Harbor Butcher e o Trinity, ainda é interessante o suficiente pra nos fazer ter curiosidade de saber a conclusão. O modus operandi do Neurocirurgião chama a atenção, mesmo que o vilão em si não seja lá muito marcante. A maior qualidade, no entanto, talvez esteja nas consequências da presença da Dra. Vogel, a psicóloga que entra no caso do novo serial killer pra ajudar a polícia, mas que se envolve na vida pessoal de Dexter. Ela em si não é uma personagem incrível, mas os arcos que inspira são bons e fecham de modo satisfatório alguns núcleos.
Sobre o desfecho do fim da conclusão final, eu entendo por que todo mundo ficou puto com os roteiristas. Sem dar spoilers, a série tinha em mãos um fechamento decente, ainda que não espetacular, mas optou por seguir um caminho mais controverso. Eu entendo o porquê da série ter optado pela segunda estrada, e juro que os acontecimentos tiveram sentido pra mim. Não fiquei irritado com o final em si, mas sim com a queda de qualidade e identidade que vinha ocorrendo há um bom tempo.  É um final fraco, mas não tão terrível quanto eu imaginava. É verdade que eu já sabia qual seria o último destino de Dexter antes de assistir porque não consegui fugir das revelações, então é possível que isso tenha feito eu ficar menos decepcionado. Eu sinceramente não sei.

Apenas um dia normal no Miami Metro

Veredito

Dexter não acaba com o mesmo crédito com que começou, não mesmo. Perto da primeira, segunda e quarta temporadas, a oitava parece ter saído da mente de um amador. Entretanto, é um capítulo derradeiro legalzinho e que cumpre sua função em amarrar as pontas que ficaram soltas depois do sétimo ano da série. Aqui temos algumas qualidades na narrativa e decisões ousadas dos responsáveis, mas o produto final é apenas mediano.

Sim, ela tá de volta, para a alegria (?) dos fãs

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}

{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Acho que não deve ser só eu que achei a historinha do Masuka com a filha meio chatinha, né? Aliás, saudades do Masuka de antigamente, esse tava muito sem graça.
  • A maneira com que a Deb morreu foi uma das coisas mais tristes que eu já vi na televisão. Se tivesse morrido em combate seria uma coisa, mas ter morte cerebral confirmada depois de entrar em decadência emocional acabou com meu coração. E por que diabos o Dexter jogou o corpo dela no mar? Não era melhor só ter desligado os aparelhos não?
  • Muita gente reclamou do fato da morte de Deb ter surgido nas mãos de Oliver Saxon, um assassino que não foi nem de perto o mais interessante do seriado. E muita gente também reclamou do fato dele ter sido escolhido como último vilão. Eu achei até boa a ideia de que tudo acabasse com um cara que nem era a maior ameaça, tornou tudo mais irônico. Porém, o roteiro foi bem preguiçoso ao fazer aquele carinha libertar o Saxon após Dexter tolamente deixá-lo, fazendo com que o filho da Vogel atirasse na Deb.
  • Olha, pelo menos foi foda o Dexter matando o Saxon com uma caneta de uma forma com que fizesse tudo parecer legítima defesa. Muito bem bolado.
  • Pois é, eu não gostei muito da Vogel, mas foi massa de ver uma pessoa conhecendo o Dexter mais do que ele imaginava e presenciar a revelação de que o Código de Harry na verdade nunca foi do Harry. Foi um arco até bem desenvolvido, mas quando a personagem morreu, não lamentei nem um pouco.
  • Eu shippava muito a Debra com o Quinn, aff.
  • Sobre o desfecho de Dexter, que permaneceu vivo mesmo depois de entrar no olho de uma tempestade fodidona, eu entendo a decisão dos roteiristas, de fazê-lo se torturar todos os dias com o som de motosserras sendo usadas, em alusão ao assassinato de sua mãe. Contudo, eles não deveriam ter mostrado ele pilotando seu barco em direção a uma tragédia, porque ficou parecendo que ele iria morrer mesmo. Tive a impressão de que eles só não mataram o personagem pra ver se resgatavam a série lá na frente, como Prison Break bizarramente fez. O pior é pensar que essa possibilidade não é tão louca quanto parece, mas espero que não mexam.
  • Não sei por que o povo odeia tanto a Hannah. Tipo, eu não a amo, sou meio indiferente só. Pelo menos ela vai cuidar do Harrison daqui pra frente. Eu espero, né.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Debra Morgan
Uma das personagens mais fortes que eu já vi em séries de televisão. Ponto final.

A Queen e o Quinn

+ Melhor episódio: S08E11 (“Monkey in a Box”)
A “calma” antes da tempestade. Quase que literalmente.

Iti malia, queria adotar os dois

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).