Marvel (MCU), Quadros

MCULeleco #14 – Doutor Estranho (2016)

• Poder da barganha

O conceito de magia sempre esteve presente durante a História. Os antigos acreditavam que ela vinha de deuses ou de pessoas abençoadas com dons provenientes de algo muito maior que elas mesmas. O conceito se transformou em heresia, uma perversão demoníaca da ordem natural das coisas. Pode parecer clichê, mas considerando que o ser humano teme aquilo que não entende, não é de se espantar o ataque a tudo aquilo que tinha potencial para promover mudanças significativas na sociedade.
A magia é algo relativo. A definição dela é mutável. Segundo o dicionário, ela é qualquer prática baseada na crença de ser possível influenciar o curso dos acontecimentos e produzir efeitos não naturais, valendo-se da intervenção de seres fantásticos e da manipulação de algum princípio oculto supostamente presente na natureza. Nossa raça é tão pretensiosa que qualquer coisa que foge da nossa realidade atual já é taxada de magia. Será que entendemos tanto o universo assim? Stephen Strange achava que entendia. Mas o mundo lhe provou o contrário.

 

Sinopse

Em Capitão América: O Soldado Invernal, Jasper Sitwell explicou para Steve Rogers que a HIDRA vigiava certos indivíduos no planeta que poderiam alterar de alguma maneira o curso dos acontecimentos, seja de maneira pequena ou gigantesca. Entre os nomes que mencionou, o de Stephen Strange estava presente. Na época, o nome não significava tanta coisa assim em um ambiente com seres tão superpoderosos. Na época, Strange (Benedict Cumberbatch) era “apenas” um neurocirurgião muito talentoso, na busca por técnicas médicas com o poder de evoluir a área de modo integral. Com uma personalidade arrogante, ele viu tudo escapar de seu controle logo nos primeiros momentos de Doutor Estranho, quando se envolve em um acidente de carro, o qual ferra com as suas mãos e acaba com sua carreira como neurocirurgião.
Abandonado pelas técnicas ocidentais, ele viaja até Catmandu, no Nepal, para tentar uma nova estratégia. Após ouvir falar de um homem paralítico que voltou a andar, ele busca auxílio em Kamar-Taj. Lá, Strange passa a ter um vislumbre do tamanho de sua ignorância, mas seu ceticismo o impede de evoluir. Enquanto isso, mal sabia ele que havia caído no centro de um conflito prestes a explodir, liderado pelo fanático Kaecilius (Mads Mikkelsen).

Isso é que é uma make mágica

Crítica

A base do enredo de Doutor Estranho não tem praticamente nada de original. Um cara bem-sucedido, que perde tudo, tem um choque de humildade, mas no fim dá a volta por cima e se recupera. O cinema já está atolado de histórias do tipo, então não é o aspecto mais positivo da segunda obra da Fase 3 do MCU. O que mais chama a atenção é a criação de um universo místico dentro da Marvel. Com isso, os efeitos visuais se destacam e deixam a experiência interessante pra caramba.
Stephen Strange é quase um Tony Stark da medicina. Porém, ele não utiliza o sarcasmo do Homem de Ferro e possui um pouco mais de arrogância. Sim, isso é possível. O vilão não é grande coisa, é um mero recurso da trama para potencializar a jornada do protagonista. A figura da Anciã (Tilda Swinton) já é algo diferente. Ela transparece poder e é uma coadjuvante memorável. Outros, como Mordo (Chiwetel Ejiofor), discípulo da Anciã, Christine Palmer (Rachel McAdams), interesse amoroso de Strange, e Wong (Benedict Wong), um bibliotecário que nunca sorri, apenas cumprem seus papéis.
Doutor Estranho é um filme divertido de assistir. Seus efeitos visuais são a maior qualidade e a gente mergulha naquele mundo sem nem perceber. Na primeira vez que vi, em 3D, no cinema, fiquei com uma puta dor de cabeça, mas com o tempo isso parou de acontecer. Já é a quarta vez que assisto, acho. O roteiro não é grande coisa e o diretor Scott Derrickson erra a mão em algumas piadas, mas em geral é um longa com um puta entretenimento legal.

Eu e minha colega depois de recebermos nossa nota da prova em dupla

Veredito

Pra mim, os filmes do MCU podem ser divididos em cinco categorias. Na faixa dos fracos, temos O Incrível Hulk. Entre os médios, temos os dois primeiros Thor como exemplo. Na parte dos bons, Homem de Ferro 2 e Homem-Formiga. Temos ainda a categoria de excelentes, como a trilogia do Capitão América, e os épicos, como Os Vingadores e Guardiões da Galáxia (pra mim, pelo menos). Doutor Estranho se encaixa entre os bons. É um filme divertido, com uma boa origem e efeitos ótimos. Ele escorrega um pouco em algumas piadas mal colocadas e uma jornada óbvia. Apesar de tudo isso, é uma das obras que eu mais gosto do MCU. Depois faço uma lista completa pra vocês, prometo.

Como é que acende esta Tocha Olímpica?

 

Aviso: Tem duas cenas pós-créditos.

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Dormammu, eu vim barganhar.
  • Certo, todo mundo sabe que a verdadeira melhor personagem foi a Capa da Invisibilidade Levitação do Doutor Estranho. Isso é um consenso geral, né?
  • Dormammu, eu vim barganhar.
  • Mano, se eu fosse a Anciã também estaria drenando energia da Dimensão Escura lá. E pau no cu do Mordo por achar que a revolta do Kaecilius foi culpa dela – ele provavelmente se revoltaria de qualquer jeito. E ah, pau no cu do Mordo de novo por ter tornado o Pangborn paralítico outra vez na segunda cena pós-créditos.
  • Dormammu, eu vim barganhar.
  • Ok, momentos em que não deveria ter havido uma cena cômica: quando a Capa limpa as lágrimas do Doutor Estranho depois dele fazer cara de foda e quando o Doutor vai pedir mais livros e fala de um monte de cantores pro Wong. Ficou meio forçadinho. Em contrapartida, foi sensacional a parte da senha do wi-fi ser “Shambala”.
  • Dormammu, eu vim barganhar.
  • Eu amo as sequências que acontecem no hospital. Primeiramente, aquela envolvendo o reencontro do Stephen com a Christina e ele lutando contra o outro cara no plano astral. Segundamente, a morte da Anciã, que acontece logo depois da melhor parte do filme: aquele discurso dela sobre a vida e suas consequências.
  • Dormammu, eu vim barganhar.
  • ALL THE SINGLE LADIES, ALL THE SINGLE LADIES
  • Dormammu, eu vim barganhar.
  • #ApariçãodoStanLee: enquanto o Doutor Estranho e Mordo combatem o mal, eles se chocam contra um ônibus na Realidade Espelhada. Dentro do veículo, há um senhor lendo o livro As Portas da Percepção, de Aldous Huxley.
  • Dormammu, eu vim barganhar.
  • Doutor Estranho e Thor formam a dupla que eu não sabia que precisava. E como assim o Odin tá perdido e o Loki voltou pra Nova York? Vem treta por aí.
  • Dormammu, eu vim barganhar.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Stephen Strange (menção honrosa à Anciã)
Embora o humor do protagonista seja um pouco batido na Marvel, é legal a maneira como ele é forçado a adquirir humildade. A Anciã também é uma ótima e complexa personagem, e merece nosso reconhecimento.

Sherlock Holmes e Regina George, que dupla inesperada

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).