Ficção científica, Séries

Stranger Things: 3ª Temporada (2019)

• Portal III: O Inimigo Agora é Outro

Demorou, mas chegou. Na última vez em que a Netflix havia lançado uma nova temporada de Stranger Things, estávamos em outubro de 2017. Com quase dois anos de espera, o recesso acabou. Eleven, Mike, Will, Dustin, Lucas, Max e tantos outros retornaram à plataforma de streaming mais famosa do planeta. O desafio era grande: manter o excelente nível exposto até aqui, algo que as séries estão com cada vez mais dificuldade de fazer. Pois então, a terceira temporada completa foi disponibilizada no último 4 de julho, Dia da Independência dos EUA. E ela não decepcionou.

 

Sinopse

Cara, o que extrair de Coisas Mais Estranhas? A gente já viu um demogorgon ser destruído pela Eleven, um portal imenso sendo fechado por ela e algumas mortes significativas, como a do Bob Newby, nosso super-herói. No final da temporada passada, tivemos um gostinho da ameaça seguinte, no formato da sombra gigantesca de uma aranha demoníaca. Pois bem, o tempo passou e as nossas crianças cresceram. Eleven e Mike agora só querem saber de beijos, Dustin tá voltando de uma viagem, Lucas e Max namoram, Will permanece no mundo do RPG e Jonathan e Nancy seguem buscando uma boa carreira profissional. Enquanto isso, os adultos Hopper e Joyce lidam com as consequências dos recentes acontecimentos às suas próprias maneiras.
É verão em Hawkins e a vida parece boa. Boa até o momento em que coisas misteriosas começam a despontar na amaldiçoada cidade, como ratos em atividades fora do comum, desaparecimentos e seres humanos mais desajeitados do que o normal. Cabe aos nossos protagonistas investigar o que tá rolando e arranjar um jeito de superar os problemas.

Uma líbero e um levantador de vôlei

Crítica

Começo deixando claro que a primeira temporada continua sendo a minha favorita. Porém, a diferença entre as outras duas é pequena. No terceiro conjunto de Stranger Things, a série começa apostando no amadurecimento de suas crianças, que agora estão entrando na adolescência. Os primeiros episódios são quase inteiramente focados nisso, e a gente passa a estudar mais os lados humanos dos personagens que tanto amamos. As ameaças do Mundo Invertido se iniciam como algo secundário, e aos poucos vão ganhando a devida relevância, sobretudo no núcleo de Nancy e Jonathan. A dupla, aliás, vai muito bem na primeira metade, mas depois fica meio de lado.
E já que falei em duplas, a temporada novamente investe seu tempo na química do elenco, a melhor qualidade que Stranger Things possui. Os arcos são divididos de acordo com as parcerias, e isso pra mim ficou um pouco repetitivo e em alguns aspectos meio esquisito. Por exemplo, muitas vezes a Joyce se concentrava em resolver alguns mistérios de Hawkins e nem se dava ao trabalho de procurar saber se o Will tava bem. Achei que ficou um pouco fora da personagem. Entretanto, a série sabe muito bem quais times estão entrosados, e, como não é boba nem nada, se aproveita disso. Pra completar, ainda arrisca na formação de novos grupos, como Eleven e Max, e o quarteto Steve-Dustin-Robin-Erica.
Opa, quem é Robin?
A terceira temporada também traz novos personagens que se encaixam perfeitamente na trama. Entre eles, destaco a Robin, colega de trabalho de Steve na sorveteria em que está trabalhando. De cara, ela parece ser apenas a garota que implica com o garoto, mas é bem mais do que isso. As outras boas adições são as de Alexei, um cientista russo, e o repulsivo prefeito Larry Kline. Entre os nomes já conhecidos, Billy cresce de produção.
Nos pontos negativos, cito a insistência do enredo com a ideia dos comunistas anticristos. Sério, eu entendo que a série se passa na Guerra Fria, mas poderiam ter sido mais originais. O fato da Erica, irmãzinha do Lucas, ficar toda hora batendo na tecla de que os soviéticos eram maus também não ajudava muito. Além disso, a série em alguns momentos desliza em seu próprio ritmo, pecando na falta de ousadia em algumas decisões do roteiro.

Eu quero muito guardar esse cara num pote dentro do meu coração

Veredito

A terceira temporada de Stranger Things não deve praticamente nada às suas antecessoras. Eu, particularmente, a coloco no mesmo patamar da segunda e um pouco atrás da primeira. Viciante e fluida, a história prende a atenção e não deixa a gente perder o interesse. O entrosamento dos atores é algo sensacional de se ver, apesar dos personagens não se destacarem individualmente, e os efeitos visuais estão ainda melhores. O último episódio fecha um ciclo na produção, mas deixa margem para o futuro. Nota final: 4,5/5.

Eu quero muito guardar esse cara num pote e jogar o vidro no chão

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}

{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Eu não visitei páginas sobre a série pra saber se tem mais gente pensando assim, mas aquele Cara Russo do Mal™ não lembra um pouco o Arnold Schwarzenegger em O Exterminador do Futuro? E eu gostei dele, é o típico vilão genérico legal. Gostei ainda mais do Hopper rasgando ele inteiro naquela máquina soviética.
  • Ok, eu não vou negar que eu shippei pra caralho Robin e Steve, mesmo sabendo que seria super clichê se eles ficassem juntos. Contudo, gostei bastante da decisão da Netflix acerca do relacionamento entre ambos. Mostrou que só porque dois personagens de sexos opostos possuem química não quer dizer que eles precisam ter algo romântico ou sexual. A amizade dos dois foi muito bem trabalhada.
  • Teve gente reclamando da cena do Dustin cantando com sua webnamorada, mas foi um dos momentos mais legais. Primeiro porque a Suzie claramente achou que era algum tipo de zoeira do nosso menino Henderson. Segundo porque eles são crianças, mano. Aquilo foi uma cena totalmente refrescante no meio de tanta tensão, sem falar que foi bem engraçada.
  • Era óbvio que o Billy teria algum passado traumático e razões pelas quais ele era tão cuzão, mas ainda assim gostei de como o desmistificaram. Achei um rumo digno para o personagem, e ele se foi do jeito mais nobre possível. Bela evolução.
  • Se o Alexei não tivesse morrido naquela festinha lá (gostei muito dele e, mesmo sabendo que eventualmente morreria, fiquei triste :(), será que ele teria formado um casal com o Bauman? Porque eu senti meio que uma vibe entre os dois. Porém, como no caso de Steve e Robin, pode ser que fosse somente impressão.
  • Eu simplesmente amo a maneira com que a Millie Bobby Brown pronuncia as palavras no papel da Eleven. Dá uma identidade pra personagem fora do comum. Ela falando “Illinois” depois de fazer sua visita vendada me fez admirar o trabalho da pequena atriz, mesmo que ela não tenha brilhado tanto na temporada. Inclusive, gostei deles terem feito a galera distrair o monstrão com os fogos de artifício e Joyce, Hopper e Bauman resolverem a parada. Se a Eleven tivesse sido a heroína de novo seria repetitivo.
  • Eu protegerei o Will pra sempre de todos os percalços da vida!! Sério, me veio um sentimento de ternura tão grande nas partes em que ele só queria brincar com o RPG, enquanto tava todo mundo brincando de namorar. Pra falar a verdade, fiquei com mó vontade de jogar aquele RPG de mesa com ele, deve ser divertido pra caramba. Ah, e espero que ele forme uma bela amizade com a Eleven, seria algo no mínimo interessante de se ver.
  • Sim, eu confesso que a piada envolvendo “America” da Erica foi boa e ela teve alguns momentos isolados legais. Porém, podiam abrandar um pouco sua personalidade pra que ela fique sincera sem ser exagerada. Eu ainda tentei gostar dela, mas não me desce. Uma pena, de verdade.
  • Os caras fizeram mesmo um homem parecido com o Trump, pqp. Confesso que tenho um pouco de preguiça disso, mas segue o jogo.
  • Regra número 407 das séries de televisão: se o corpo não foi mostrado, é porque o personagem muito provavelmente não morreu. Sim, eu acho que o Hopper tá vivo lá na União Soviética, sobretudo por causa da fala do soldado lá mencionando um “americano” na jaula. E finalizo dizendo que chorei muito com a carta escrita pelo policial na intenção de estabelecer limites com Eleven e Mike. Sério, desidratei.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Steve Harrington
Se fôssemos selecionar a pessoa que mais evoluiu ao longo da série inteira, ele levaria os louros sem dúvida alguma. Nesta temporada, se superou e foi o que mais se destacou individualmente, tanto por suas convicções quanto por suas ações. Dustin também foi muito bem.

Dois reizinhos do sorvete e do webnamoro

+ Melhor episódio: S03E08 (“The Battle of Starcourt”)
Eu pensava que o quarto capítulo ficaria com o prêmio, mas a season finale é não somente o melhor episódio da temporada, mas um dos melhores da série. Ele me transmitiu emoções de todos os tipos.

Parece um clipe de uma banda indie alternativa

+ Maior evolução: Billy Hargrove
Ele passou de valentão genérico pra um indivíduo com muitas camadas. Mais do que a gente imaginava, inclusive.

O maluco roubou as roupas do CJ de GTA San Andreas

+ Maior surpresa: Robin
Esta personagem veio do nada e foi um acerto em cheio da Netflix. Só faltou o Batman pra completar

Mensagem motivacional pra vocês

+ Mais subestimado: Murray Bauman
Sério, esse bicho é do caralho. Muito desvalorizado pela fã-base.

Eu assistindo ao 7×1 em 2014

+ Pior personagem: Erica Sinclair
Pouca gente tá falando disso na internet e eu não sei o porquê. Sério, não sei como cês aguentam essa menininha. Caricata ao extremo e com falas forçadas, ela tem poucos momentos bons, e são justamente aqueles em que age como CRIANÇA, algo que os roteiristas pareceram esquecer só pra transformá-la na Sincerona™.

Hoje eu tô só aquele garoto no canto direito

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).