• Corridas de rua
Família. Uma palavra com tantos significados, não acham? Hoje em dia, não há como uma pessoa ligada a cinema dizer isso em voz alta e não lembrar de Velozes e Furiosos. Curiosamente, isso tem muito a ver com minha relação pessoal com a saga. Eu e meu irmão mais velho sempre fomos fãs, e várias vezes fizemos maratonas de todos os filmes. Com o passar dos anos, ficou mais difícil da gente se juntar e ver tudo de novo, mas a franquia continua sendo um elo de união entre nós, mesmo que a gente veja separados. Essa relação é ainda mais forte porque praticamente nenhuma outra pessoa do meu círculo social gosta da saga. Agora que eu já enrolei o bastante, vou dar o meu pitaco sobre os três primeiros filmes. Se você nunca assistiu, melhor dirigir pra longe daqui. Este texto estará recheado de spoilers.
Velozes e Furiosos – Onde tudo começou
Antes de mais nada, eu preciso esclarecer a minha divisão da saga aqui no blog. Se eu fosse falar de todos os filmes em uma só postagem, ficaria gigantesca e eu ainda teria de ficar atualizando, né, porque a série não acaba nunca. Portanto, decidi separar de acordo com as épocas. Os três primeiros compartilham coisas bem óbvias em comum: carros tunados, corridas de rua, garotas desnecessariamente seminuas, personagens machões e uma trilha sonora bem anos 2000.
Velozes e Furiosos, de 2001, é um dos meus favoritos da franquia. Não ironicamente, é um filme muito bom por si só, sem precisarmos colocar em perspectiva todas as outras milhões de continuações. A história é simples: um policial disfarçado que se apaixona pelo mundo do crime até abdicar da própria justiça para beneficiar aqueles que quebram a lei. Nesse sentido, é um sólido filme de ação, com personagens carismáticos, cenas empolgantes de perseguição e rachas de rua eletrizantes.
Já que toquei no assunto, tenho uma opinião possivelmente controversa sobre Velozes e Furiosos. As perseguições de carro, muitas vezes, pra mim são as partes menos legais dos filmes. O que eu mais gosto na franquia é aquela sensação de parceria e companheirismo dos personagens. É claro que algumas corridas são sim muito boas de acompanhar, mas acho que a saga é muito mais do que isso.
Voltando, acho que o maior mérito de Velozes e Furiosos está exatamente na sua simplicidade. Ele faz o que se propõe a fazer. Pra mim, é um baita filme clássico que se encaixa perfeitamente no contexto temporal em que foi lançado, onde basicamente todo mundo era fã de Need for Speed (o jogo, não o filme). Não tem como assistir e não ser transportado de volta pra aquela época, principalmente se você viveu parte dela.
Tem um monte de cenas memoráveis neste primeiro capítulo. Entre elas, não podemos esquecer do Brian salvando a vida do Toretto e o levando de volta pra casa; a briga super esquisita do Brian com o Vince; o bando do Johnny Tran atirando no carro do Brian; e o duelo final entre Brian e Toretto, com o Brian dando as chaves do carro pra ele.
Na minha opinião, é facilmente um filme nota 4,5/5, mas não vou ficar classificando por nota aqui. Melhor personagem: Dominic Toretto. Esse é o auge do Toretto, que é a alma de Velozes e Furiosos. O Brian é o coração da franquia, e neste início é ele que a gente acompanha de perto, mas o Toretto é quem rouba a cena primeiro.
+ Velozes + Furiosos – Sem Toretto, mas com muito entretenimento
Eu sempre enxerguei o segundo filme mais como um spin-off do que como uma continuação em si. Na minha mais recente maratona, percebi que esse aqui é um dos melhores. + Velozes + Furiosos pode até não ter o Toretto, mas a química entre Brian e Roman é TÃO boa que sustenta tudo com muita competência. É provavelmente o filme mais leve e divertido de assistir. Entre todos os Velozes, acho que esse é o que eu mais pararia pra ver se estivesse passando na TV. Se eu assistisse TV, é claro.
É um tanto quanto estranho, no começo, ver o Brian agindo como um corredorzinho de rua depois de arcar com tantos dilemas morais no filme anterior. Sim, dá pra entender que ele se deu mal depois de deixar o Toretto fugir, mas a gente não chega a ver (e nunca verá) a transição completa entre o Brian confuso ao final de Velozes e Furiosos, com o Brian leve e rebelde em + Velozes + Furiosos. Mesmo assim, não acho que configura um defeito, até porque, preciso repetir, o filme é divertido demais.
Toda aquela sequência dos policiais perseguindo a galera, a estratégia de colocar todos os corredores pra confundir as autoridades, o Roman usando o botãozinho do capeta e o Brian jogando o carro em cima do barco do Carter Verone são momentos sensacionais. Inclusive, será que algum dia o Carter vai voltar, nem que seja só em uma menção? Mais importante do que ele, é uma pena que a Suki nunca voltou a aparecer. Acho que ela se encaixaria perfeitamente com a família atual.
O mais louco de tudo é que, mesmo eu gostando muito do Toretto e sabendo que Velozes e Furiosos não é o mesmo sem ele, o cara não faz falta aqui. Sinceramente, toda a vibe do filme teria sido diferente com ele presente, então removê-lo foi a decisão correta nessa parte da saga. Melhor personagem: Roman Pierce. Brian está em seu melhor momento em toda a franquia, mas o Roman consegue ser ainda melhor. Eu até gosto do Roman dos filmes mais novos, mas esse aqui era pura elite, misturando raiva, rancor e humor, tudo em um só pacote. Mais pra frente, ele virou só um alívio cômico genérico, infelizmente.
Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio – Um deslize pelo caminho
Ok, pode ser que eu seja xingado por isso, mas não posso deixar de ser sincero no meu próprio blog: Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio é um filme muito medíocre. Apenas três coisas o salvam de ser um completo desastre: Han, a premissa do drift e a trilha sonora. Todos os outros elementos, se não falham completamente, passam bem perto disso.
Eu sei que é um filme nostálgico e que capturou muito bem a essência do drift, de um jeito que praticamente nenhum outro filme mainstream conseguiu, mas o roteiro é tão ruim que chega a doer. Eu não consigo tankar o Sean ser um estudante do Ensino Médio. O CARA É CALVO E TÁ NO ENSINO MÉDIO. Fala sério. Tem tanta coisa problemática nesse filme (nem vou me estender na menina do começo do filme dizendo que quem ganhasse a corrida, poderia ficar com ela), mas o que me dá mais agonia é o quanto o roteiro é bobo.
É claro que a gente não espera que Velozes e Furiosos seja algo próximo da nossa realidade, mas tem um porém nessa questão. Desde o quarto filme (e, sinceramente, desde algumas partes do segundo), a saga estabeleceu muito claramente que não respeita as leis da física. Eu não vejo problema nisso, porque é uma decisão criativa dos filmes como um todo. Agora, não consigo simplesmente ACEITAR que um americanozinho qualquer desafiaria o sobrinho de um chefe da YAKUZA em pleno JAPÃO e a proposta SERIA ACEITA. O mais aceitável nessa situação seria o mafioso mandar alguém “sumir” com o americanozinho e expulsar o sobrinho encrenqueiro.
Quando eu assisti a esse filme na infância e na adolescência, eu achava maneirinho. Nunca foi o meu favorito, mas eu até gostava. Dessa última vez que assisti, foi uma verdadeira tortura ir até o final. 90% dos personagens são puro lixo, e a história simplesmente não funciona. Quando a gente coloca a nostalgia de lado, dá pra ver certinho todos os defeitos, e eles são muitos.
Se Desafio em Tóquio não fizesse parte dessa franquia, eu dificilmente voltaria a assisti-lo. Mas, como eu sou chato quando faço maratonas, sempre vou querer assistir todos os capítulos de uma saga pra ter aquela sensação de experiência completa. Sim, eu sou meio besta assim mesmo. Melhor personagem: Han. O único personagem realmente bom desse filme, e não é de se espantar que foi o único a ser aproveitado no futuro.
+ Veredito
Os três primeiros filmes de Velozes e Furiosos são muito distintos uns dos outros. O primeiro é mais sério e pé no chão, o segundo é mais divertido e descompromissado, enquanto o terceiro tenta fazer algo diferente, embora não tenha a mesma força por causa de seus personagens esquecíveis. Desses três, o que eu mais gosto é o primeiro, por ter sido onde tudo começou e por ter a história mais fechadinha da franquia até hoje. Eu o considero um clássico, e não só porque eu sou fã da saga. Acho que ele tem muitos elementos que o credenciam a isso, principalmente pela sua importância cultural. Também gosto muito do segundo filme, e acho que ele é outro que pode entrar na categoria de clássico do cinema. Infelizmente, costuma ser muito subestimado. Quanto ao terceiro, eu entendo quem gosta tendo em vista a mecânica dos drifts e tudo mais, só acho que ele traz mais problemas do que agrega valor.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê acha dos filmes. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?