• Abstração do luto
Eu gosto muito de A Viagem de Chihiro. Quem não gosta, né? Era o único filme do diretor Hayao Miyazaki que eu havia assistido até então, e eu estava curioso pra ver um pouco mais de suas viagens em mundos abstratos. Infelizmente, desta vez o filme não me pegou tanto assim.
Mahito é um menino de 12 anos que acabou de perder a mãe. Quando se muda pra uma nova cidade, ele luta pra se adaptar. Tudo piora quando uma garça falante e irritante chega com informações referentes à mãe de Mahito, impelindo o garoto a entrar em um universo metafísico.
Cara, é difícil dizer exatamente por que O Menino e a Garça não funcionou pra mim. Eu poderia dizer que teve algo a ver com a barulhenta sala de cinema em que eu estava. Isso pode até ter atrapalhado a experiência, mas não acho que tenha sido um fator determinante.
A verdade é que O Menino e a Garça não entrega uma história centrada o suficiente pra que eu seja tocado totalmente por ela. No primeiro ato, acho que constrói bem a rotina melancólica de Mahito, e o filme vai melhorando à medida que a garça entra em cena. Em um certo ponto, o enredo vira de cabeça pra baixo e indica um destino interessante, mas tudo passa a ficar confuso e disperso.
Uma das coisas que eu mais gostei em A Viagem de Chihiro foi a utilização da imaginação como maneira de construir elementos fantásticos. O Menino e a Garça tenta fazer o mesmo, mas parece não usufruir da mesma inspiração criativa. A animação é visualmente linda, mas falta um pouco de senso marcante de identidade.
O roteiro passeia por diversos assuntos, como luto e sacrifício. Contudo, passa muito tempo construindo a personalidade de Mahito antes de ele embarcar na jornada. Quando a tal jornada começa, tantas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo que o filme não consegue dar a devida atenção a elas. Isso acarreta em arcos finalizados de forma parcialmente satisfatória, querendo contar várias histórias de uma só vez e sem conseguir desenvolvê-las.
O Menino e a Garça pincela um quadro conceitualmente bonito em um cenário cheio de potencial, com ótimos personagens. É uma pena que não tenha conseguido organizar melhor as ideias.
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?