Drama

Fear The Walking Dead: 2ª Temporada (2016)

fear the walking dead 2

• Fronteiras

Fear The Walking Dead nada mais é do que uma boa oportunidade pra gente enxergar o universo criado pelo cartunista Robert Kirkman de forma mais ampla. Como a série original começa quase dois meses depois do início do apocalipse zumbi, não tivemos a chance de ver o que aconteceu durante esse período e como a sociedade se comportou; até comentei sobre isso na minha crítica da 1ª temporada. Em seu segundo ano de existência, a obra derivada desperdiça parte do potencial que tinha ao cair na mesmice.

 

Sinopse

Depois de deixarem Los Angeles e se instalarem na mansão do enigmático Victor Strand, o grupo é obrigado a embarcar no navio Abigail quando a cidade começa a ser bombardeada. Em alto-mar, os sobreviventes elaboram um destino e viajam até o sul, na busca por um possível refúgio no México, encontrando diferentes perigos pelo caminho.

Jack e Rose em Titanic

Crítica

Eu gostaria de começar parabenizando Fear The Walking Dead por algo que deveria ser natural, mas que infelizmente quase nunca acontece em produções estadunidenses. Nesta série, quando personagens mexicanos estão em tela, a grande maioria fala em espanhol. Óbvio, Leleco, é o idioma deles!, você pode estar pensando. Pois é, só que eu cansei de ver filmes e séries com longas sequências no México, recheadas de personagens que sabem falar inglês fluentemente. Isso acontece aqui, mas de maneira bem mais natural e crível. Porém, li alguns comentários de pessoas dizendo que o espanhol dos “mexicanos” parece muito mais um espanhol da Colômbia. Ainda assim, acho que já é alguma coisa, né?

Enfim, idiomas à parte, a 2ª temporada de Fear The Walking Dead tem muita coisa boa. O artifício de utilizar o sangue dos zumbis como camuflagem é bem mais utilizado do que na série original, o que eu considero um acerto. Sempre pensei em por que o pessoal não fazia aquilo com mais frequência. Tanta gente poderia ter sobrevivido lá atrás, era só usarem a cabeça. Também gosto de como a trama deixa claro que estamos no início do apocalipse. As pessoas sequer sabem que, se forem mordidas na mão, por exemplo, uma amputação evita que a infecção se espalhe. Isso deixa o perigo mais real, mesmo sendo um pouco frustrante.

Assim como aconteceu entre a 1ª e 2ª temporadas de The Walking Dead, em que o número de episódios pulou de 6 pra 13, aqui há um aumento de 6 pra 15. Uma maior quantidade de capítulos em uma temporada não é sinal de que ela vai ficar melhor, nem perto disso. Por um lado, o roteiro tem mais espaço pra trabalhar os seus personagens com calma e desenvolver diferentes histórias. Por outro, existe um risco maior de que o enredo se estique desnecessariamente.

Isso acontece na 2ª temporada de Fear The Walking Dead. Acredito que a trama como um todo possui três blocos: água, oásis e refúgio. Não vou dar mais detalhes a respeito de cada história pra não cair em terreno de spoilers, mas cada um desses blocos passa por altos e baixos. O arco do Abigail começa muito bem, passa por alguns percalços, mas possui boa conclusão.

O arco do desembarque no México é o pior deles, pois repete quase exatamente a mesma dinâmica da 2ª temporada de The Walking Dead – até o desfecho é parecido. Isso me fez perceber que Fear estava perdendo a oportunidade de pegar novos ganchos, como havia feito na 1ª temporada, e passou a repetir as mesmas coisas da série original, só com uma ambientação diferente.

Depois desses dois primeiros arcos, a 2ª temporada de Fear desenvolve uma história regular. Ela possui alguns momentos maçantes, mas também conta com cenas indiscutivelmente legais e que conseguem dar um aspecto de novidade àquele universo.

Parada pra dar aquela bebidinha no apocalipse ✌️

Veredito

Após começar com a interessante promessa de dar novas perspectivas a um mundo pós-apocalíptico, a 2ª temporada de Fear The Walking Dead repete as mesmas manias narrativas da série que lhe deu à luz. Diálogos óbvios, dilemas morais previsíveis e histórias que já foram abordadas antes estão entre os principais defeitos do segundo ano. Contudo, há espaço pra bons conflitos e momentos de maturidade. Dá pra perceber que existe aqui um grande potencial que inclusive já foi mostrado lá atrás – ele só precisa ser resgatado e estabelecido de vez.

El sangre de los mexicanos

 

>> 1ª Temporada de Fear The Walking Dead

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Eu adoro o Nick, é meu personagem favorito, mas ele não pode ver alguém falando bonito que já cai no papinho, né? Foi assim com o Strand, a Celia e o Alejandro. Não posso negar que virei um pouco os olhos quando ele começou a acreditar que os mortos ainda tinham algum tipo de salvação, mas, como o Strand falou, fez muito sentido aquilo tudo. Afinal de contas, o Nick é um garoto viciado em abstinência jogado no meio de um apocalipse. Estabilidade emocional não é o forte dele. Ainda assim, o cara conseguiu liberar a galera rumo à fronteira, ao lado da Luciana. Ele é fera.
  • Zzzzz, que preguiça eu tive do arco da Celia, sério. A gente já não viu a mesma coisa com o Hershel na 2ª temporada de TWD? Me irrita muito esse tipo de arco narrativo. Fiquei aliviado e comemorei quando a Madison trancou a mulher naquela adega, mas isso me deixou com o pé atrás. Eu não vi nenhum corpo, então será que ela escapou? Acho difícil, porque não era uma personagem tão relevante assim. Mas e o Daniel Salazar? Tem caroço nesse angu.
  • Já que eu falei do Daniel, o que a Ofelia ainda tá fazendo na série, na moral? Pensei que ela fosse ganhar mais importância nesta 2ª temporada, mas ela não faz nada de interessante. Tá simplesmente ali, existindo. Eu genuinamente me esquecia dela quando não tava em tela. Quando voltava, eu ficava tipo “ah é, verdade, tem ela”.
  • Sobre o Chris. Sim, ele era insuportável, mas era provavelmente o melhor matador de zumbi de todo o grupo. É uma pena que o Travis não conseguiu ajudá-lo a ter uma redenção na série, acho que tinha espaço pra isso. E achei esquisita também a morte do Chris. O jeito que a cena foi montada me deu a impressão de que o Travis estava imaginando aquilo tudo, mas pelo jeito é real.
  • Falando do Travis, eu tenho uma relação de amor e ódio com ele. Morro de preguiça de algumas de suas filosofias, mas achei muito foda ele indo como um tanque de guerra pra cima daqueles moleques que mataram o Chris. E bicho, por que aquele povo ficou interferindo em um pai tentando vingar o filho, considerando o contexto sem leis em que estavam situados? O Travis estava claramente ensandecido, qualquer pessoa que entrasse naquela sala estaria em perigo, até a Madison. Mas não, o Oscar resolveu entrar, levou uma portada na cabeça e depois acabou morrendo. Não que ele tenha merecido morrer, mas foi uma situação totalmente diferente daquela mulher esfaqueando o Strand de propósito, a sangue frio.
  • Pirei na Alicia assassinando o irmão do cara que morreu no hotel. Acho que ela tem potencial pra virar uma boa sobrevivente, depois de fazer aquela merda no começo da temporada, em que ficou batendo papo com um desconhecido pelo rádio.
  • Uma das minhas cenas favoritas da temporada foi a Madison conduzindo os zumbis até um mergulho no píer. Acho que ela também tem potencial de virar uma personagem poderosa, mas atualmente algumas coisas nela ainda me incomodam, como essa proteção excessiva com os filhos (especialmente o Nick).
  • Não gostei muito da maneira com que aqueles mexicanos lá morreram. Sim, eu sei que tinha muito zumbi invadindo o refúgio do Alejandro, mas porra! Os caras tinham armas, vantagem geográfica e ainda poderiam entrar em inúmeros edifícios naquele lugar pra se esconder. Como é que conseguiram a façanha de morrer? Dava pra pelo menos ter fugido. Mas ok, bola pra frente.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Nick Clark
Sim, temos dobradinha do Nick nesta categoria, após ser o melhor da temporada passada! Eu comecei tendo certeza absoluta de que Victor Strand seria o melhor personagem da 2ª, mas, após o encerramento do primeiro grande arco, ele perdeu espaço na mesma hora em que Nick começou a crescer e evoluir, depois de alguns episódios questionáveis. Gostei também do Travis e da Alicia, os quais mostraram que podem ser bons personagens no futuro. Quase coloquei um dos dois como Maior Evolução, mas acho que ainda não chegaram lá. Tenho minhas reservas quanto à Madison, muito por causa da atuação da Kim Dickens. Sério, às vezes o rosto dela parece ser feito de pedra devido a tanta inexpressividade. Na outra ponta do pêndulo, Chris é frequentemente detestável, mas não acho que isso faça dele um personagem necessariamente ruim (sei que não é uma opinião popular). Então, não vou colocá-lo como Pior Personagem.

Pique-esconde

+ Melhor episódio: S02E14 (“Wrath”)
Eu gostei de vários aspectos isolados de determinados episódios, como a aventura de Nick, Alicia, Chris e Daniel no terceiro capítulo e a estratégia da Madison no 11º. Contudo, o penúltimo episódio da temporada possui a sequência mais impactante e uma das que mais ficam na memória.

Faltou o filtro amarelo

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).