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AnáliseRicardo #26 – Dias Perfeitos é um convite para viver

dias perfeitos ricardo

• Como ter um dia perfeito

A gente poderia entrar na filosofia e tentar entender como alcançar a vida ou o dia perfeito, mas… talvez não haja exemplo melhor disso do que o filme que eu trouxe.

Hoje eu vou te explicar por que Dias Perfeitos me pegou de jeito. Então, fica comigo até o final, porque essa é uma experiência que vale a pena compartilhar.

Dias Perfeitos, do Wim Wenders, me transportou pra algo que vai além do cinema. É um convite pra viver.

Eu sempre fui fascinado pela filosofia. E, pra mim, tudo começou quando eu assisti 2001: Uma Odisseia no Espaço, do Kubrick. Foi ali que o cinema deixou de ser só entretenimento e virou uma lente pra enxergar o mundo.

Quase 10 anos depois, essa visão moldou a forma como eu vivo. Hoje, eu tento não perder nenhum detalhe. Seja no trabalho como fotógrafo e videomaker, ou na vida pessoal, eu busco significado em cada momento.

Por exemplo: eu tenho um cachorro e uma gata. Se você me segue nas minhas redes sociais, já deve ter visto algum deles no meu dia a dia.

Enquanto eu tô tomando meu café, o meu cachorro deita nos meus pés esperando que eu termine para ir passear com ele. Nesse mesmo tempo, a minha gata decide ir tomar o café dela também.

Na hora do almoço, meu cachorro aproveita o cheiro da comida para enganar o psicológico dele. Às vezes eu pego ele comendo a ração enquanto direciona o nariz para a mesa do almoço. Já minha gata, ela fica na porta da cozinha como se tivesse querendo me dizer que esqueci algo.

No fim do dia, eu passeio com meu cachorro e minha gata fica correndo como se quisesse segurar a coleira do cachorro antes do passeio.

Esses momentos não são grandiosos, mas são eles que fazem meu dia um pouco melhor. Porque um dia eles não vão estar mais aqui, ou eu não vou estar.

E é exatamente essa a sensação que Dias Perfeitos passa. Wim Wenders, o mesmo diretor de Paris, Texas, te coloca no dia a dia de um faxineiro no Japão.

Paz e tranquilidade de um dia qualquer

Agora, deixa eu te avisar: esse filme não é fácil. Ele é devagar, ele é silencioso. Se você tá acostumado com a fórmula hollywoodiana de ação e reação, pode achar que não tá acontecendo nada.

Mas, olha… se você der um passinho pra trás e entrar na proposta, vai perceber que ele é um furacão escondido na calmaria. Cada detalhe importa. Cada raio de sol atravessando as árvores, cada música que toca, cada momento pequeno te transporta pra dentro da rotina do protagonista.

O próprio filme do Deadpool brinca sobre a vida ser um acidente de trem com breves momentos de felicidades. O roteiro de Wenders e Takuma Takasaki brilha em trazer essa história de forma que, ao invés de um melodrama, consegue trazer a monotonia da vida.

O roteiro de Wim Wenders e Takuma Takasaki consegue transformar o mundano em poesia.

Kôji Yakusho, que interpreta o nosso protagonista, consegue levar seu personagem a uma rotina que se torna nossa junto dele.

Sem precisar dizer muito, nós sabemos o que ele quer falar. Sem muito se expressar, nós sabemos o que ele está sentindo. Isso aqui é uma das melhores atuações que eu vi em um filme do ano de 2023.

Eu nem cheguei a falar sobre a trilha sonora e muito menos sobre a fotografia linda de morrer que a gente tem aqui, mas eu acho que vocês entenderam onde eu quero chegar, até porque, como em todas as outras críticas que escrevo, esses foram os destaques mais importantes, não que sejam os únicos que eu possa trazer para cá.

E você pode tirar isso da crítica também, não é apenas sobre filmes. É sobre viver e saber aproveitar as coisas que tornam nossos dias perfeitos.

O filme te lembra que momentos simples – como alguém feliz com uma música, uma sobrinha lendo seu livro favorito ou um estranho jogando jogo da velha com você anonimamente – são o que realmente fazem um dia perfeito.

É um exercício de reflexão. Um lembrete de que a vida tá nos detalhes.

 

Ricardo Gomes
O Sharkboy que se formou em Jornalismo e ama o cinema

 

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Este texto faz parte de um quadro de colaborações com outros redatores. O artigo não foi escrito pelo maravilhoso Luiz Felipe Mendes, dono do blog, e não necessariamente está alinhado às ideias dele.

Publicado por Ricardo Gomes

O cara que mais perde tempo assistindo TV e escrevendo sobre, segundo Michelle (minha gata).