• O sonho da Netflix
A Netflix continua tentando emplacar seu tão sonhado Oscar de Melhor Filme. E dessa vez, chamou ninguém menos que Jacques Audiard, que já foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Será que agora vai?
Vamos direto ao ponto: Emilia Pérez é um musical, e eu já vou começar dizendo que gostei pra caramba. Mas calma, nem tudo são flores. O filme tem seus problemas, e vou explorar isso com vocês agora.
Para muita gente, o fato de ser um musical já é motivo para torcer o nariz. Eu, particularmente, adoro! O problema aqui está em como algumas músicas são inseridas. Elas normalmente têm uma sutileza grande na entrada, mas quando elas aparecem de forma tão abrupta, quebram o clima da cena. Um exemplo claro disso é a música que surge em um jantar beneficente.
Essa cena, inclusive, tem dois elementos que realmente chamam a atenção: a produção incrível e as atuações impecáveis. Mas a entrada da música foi tão brusca que, confesso, me tirou do momento. E eu nem falo que é porque é “mal feita”, porque aqui é muito difícil isso acontecer e, quando acontece, parece ser proposital.
Agora, vamos falar das coisas boas, porque Emilia Pérez também brilha – e muito! A produção é simplesmente espetacular. Dá pra ver que a equipe inteira estava empenhada em criar números musicais que realmente impressionassem.
Tem uma cena em uma feirinha, outra em um jantar luxuoso em Londres, e claro, a cena final, que é de arrepiar. A composição de cena, as coreografias, os cenários… tudo isso faz com que o filme ganhe vida.
E a direção de Jacques Audiard? O cara tem uma habilidade incrível para fazer transições suaves entre drama, tensão criminal e momentos de respiro. É um musical, então essa sintonia entre direção e equipe é essencial. E olha, aqui funciona muito bem!
Mas se tem um ponto que realmente rouba a cena, são as atuações. E eu diria mais: elas são o maior trunfo do filme.
Começando com a Zoe Saldaña. Ela é a protagonista e, com seu carisma e presença de tela, carrega a gente na jornada dela sem dificuldade nenhuma. É diferente de tudo o que estamos acostumados a ver dela, e, por ser um musical, exige muito mais.
Agora, se tem alguém que brilhou de verdade, foi Karla Sofía Gascón. Essa mulher entrega tudo! No começo, ela é um traficante ameaçador, mas, quando a transformação pessoal do personagem acontece… é algo digno da indicação ao Oscar. Sério, cada momento dela na tela é hipnotizante. E eu tô falando “só” sobre a transformação pessoal da personagem, nem parei para destacar a parte de cantoria ou mesmo de respiros que são muito bem aproveitadas por ela também.
Ah, e ainda temos a Adriana Paz, que já brilhou em 007 Contra Spectre, e a Selena Gomez, que mesmo com pouco tempo de tela consegue marcar presença como um elemento importante no núcleo familiar da protagonista.
O roteiro consegue equilibrar três pontos de vista diferentes sem perder a fluidez. A trama dança entre as histórias de Rita, Emilia e Jessi com uma leveza que só se percebe ao final. É impressionante como eles conseguem explorar o drama de cada núcleo sem deixar nenhum de lado.
Agora, sobre a fotografia… Confesso que geralmente não sou fã do estilo da Netflix. Aquela estética contrastada, que realça sombras, às vezes me incomoda. Mas aqui, isso é usado de forma criativa, especialmente nos números musicais. Paul Guillaume, o diretor de fotografia, faz um trabalho muito preciso e visualmente impactante.
Então, no final das contas, Emilia Pérez é um filme muito bom. Ele tem nas atuações seu ponto mais forte, mas também acerta em cheio na direção. Apesar disso, o final deixa um pouco a desejar. Talvez seja ali que alguns espectadores saiam com a sensação de que o filme não é tão bom quanto poderia ser.
Mas, no fim das contas, é a jornada que importa. E essa jornada, repleta de transformações, é o que torna o filme especial.
Emilia Pérez pode não ser o filme que vai garantir o Oscar da Netflix, mas, com certeza, é uma experiência única e envolvente. Se você curte musicais, drama e atuações de peso, esse filme é pra você!
Ricardo Gomes
O Sharkboy que se formou em Jornalismo e ama o cinema
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Este texto faz parte de um quadro de colaborações com outros redatores. O artigo não foi escrito pelo maravilhoso Luiz Felipe Mendes, dono do blog, e não necessariamente está alinhado às ideias dele.
