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CurtinhasdoLeleco #169 – Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno

sugarcane sombras de um colégio interno

• Hipocrisia religiosa

Uma comunidade indígena do Canadá busca justiça contra os abusos cometidos pela Igreja Católica durante o século passado.

Antes de mais nada, preciso falar sobre algo que às vezes me incomoda nas análises cinematográficas, principalmente em documentários. Não é porque o tema de um filme é socialmente relevante que ele é necessariamente bom. Sem dúvida alguma, o genocídio indígena é um assunto que precisa ser discutido, mas não é isso que está em pauta.

Apesar de dar espaço pra um tópico importante, Sugarcane é de mediano pra bom. A sua melhor qualidade é talvez o seu melhor defeito: a produção. Dá pra perceber que é um documentário muito bem filmado e com técnicas bem apuradas, mas de que adianta se a narrativa não se sustenta? O filme tem um sólido ponto de partida, mas não faz ideia de como trabalhar suas ramificações.

A temática central é a violência contra os indígenas cometida por membros da Igreja. Dentro desse assunto, temos os relatos dos diferentes tipos de abuso; a investigação desses casos; os testemunhos da vida de diversas pessoas daquela comunidade; a ida de um deles pro Vaticano; a complicada relação familiar de Julian Brave NoiseCat, um dos diretores do filme (ao lado de Emily Kassie), com o pai; e por aí vai. A história principal se bifurca demais e não há um elemento de unidade que conecte todos esses arcos de maneira satisfatória.

A minha impressão é de que Sugarcane tinha muito material em mãos, mas permitiu que a narrativa se tornasse dispersa. Há um excesso de personagens e a montagem é um grande problema, pois a trama viaja de um ponto a outro sem tanto critério. Ainda por cima, a produção perde tempo com sequências vazias e que só contribuem pro ritmo empacado e irregular.

Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno tem um excelente conteúdo disponível pra ser trabalhado, com fortes denúncias e relatos pessoais variados e que chama a atenção individualmente aqui e ali. Como conjunto, o documentário sofre com a falta de um elo de ligação e acaba sendo um amontoado sem foco de histórias.

Bem melhor que muita festa por aí

 

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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).