• Pico da espionagem
Tá virando moda esse negócio de eu ficar revisitando franquias e escrevendo sobre elas aqui, né? Espero que estejam gostando, porque eu tô achando divertido maratonar sagas inteiras só pra me preparar pro próximo lançamento. Caso vocês não saibam, Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 estreia no Brasil em 13 de julho. Eu pretendo vê-lo nos cinemas, mas antes preciso conferir todos os títulos antes dele. Pra não deixar o pitaco grande demais, vou dividi-lo em textos diferentes, começando pelos três primeiros filmes. Se você não conhece o modelo aqui do blog, saiba que spoilers estarão sendo contados a rodo, então não diga que eu não avisei. Simbora!
Missão Impossível – Suspensão da realidade
O primeiro filme é o que podemos chamar de clássico. A cena do Ethan descendo em uma corda e ficando pendurado e suspenso, parecendo uma estrela do mar, é provavelmente a cena mais influente e importante da história dos filmes de ação, e digo isso sem nem um pingo de medo de exagerar. Também devo dizer que Ethan Hunt é um dos nomes mais legais da ficção, e não sei bem explicar o porquê. Acho que é mais pela sonoridade mesmo.
Enfim, Tom Cruise é a grande estrela do filme, como não poderia deixar de ser. Eu gosto muito do primeiro e do segundo atos e considero ambos praticamente perfeitos, apesar de achar que a reviravolta do Jim ser o vilão não é tão surpreendente assim. A principal regra de mortes na ficção é: sem corpo, sem morte. E, considerando que o corpo do Jim caiu na água e nunca foi visto depois disso, era de se deduzir que ele estivesse vivo o tempo todo. Ainda assim, Missão Impossível consegue ser extremamente empolgante e tenso, mesmo quando você já sabe que vai dar tudo certo no final. É inevitável sentir aquele medinho de que algo estrague o plano ou sei lá.
Pra mim, e acho que isso deve ser unânime, o ápice do filme está na invasão da CIA. Depois daquilo, eu me senti um pouco disperso, e a sequência do trem-bala e do helicóptero não é tão fodástica quanto eu esperaria que fosse. É massa e tal, mas o auge já tinha passado, e eu assisti com uma dose de indiferença que passei longe de sentir na sequência inicial em Praga e nas infames cenas na CIA.
No resumo da ópera, Missão Impossível é um grande filme, e um dos principais expoentes da ação dos anos 90. Não quero parecer saudosista, mas não se fazem mais filmes assim hoje em dia. Toda a estética, o clima, a simplicidade inteligente da trama e os personagens estilosos são marcantes.
Missão Impossível 2 – O leão e a serpente
É meio que um consenso geral entre os fãs que Missão Impossível 2 é o pior da franquia. Quanto a isso, talvez seja verdade, mas não significa que o filme é ruim. Sendo bem honesto, eu me diverti mais do que eu achava que aconteceria, apesar dos defeitos serem bem evidentes.
A primeira sequência, da queda do avião e tudo mais, e toda aquela cena de abertura do Ethan Hunt escalando o cânion (como alguém com medo de altura, morro de agonia daquela parte), são muito boas. A partir do momento que o filme desiste de ser ação e foca demais a atenção no romance entre Ethan e Nyah, devo dizer que perdi um pouco do interesse. Indo além, achei a direção de John Woo até meio brega, com aqueles slow motions e os cortes rápidos. Sei que é o estilo dele, mas ainda assim. Os diálogos também não ajudam, e é totalmente aceitável torcer o nariz em alguns momentos.
O roteiro não é dos melhores. Aparentemente, Missão Impossível 2 teve um corte original de três horas e meia, que precisaram ser reduzidas para duas por exigência do estúdio. Talvez isso explique alguns momentos meio nada a ver. O que mais me incomodou foi o quanto o vilão Sean Ambrose conseguiu ser, ao mesmo tempo, um cara super genial e um caboclo pra lá de burro. Pô, ele foi capaz de prever TODOS os movimentos do Ethan, quando ele invadiu o prédio da farmacêutica. Em vez de tirar as ampolas de vírus de lá e trocar por algum outro componente aleatório, Sean chega atrasado com sua equipe, quando o Ethan já tinha destruído duas das três ampolas. Por que diabos ele não chegou antes então, ou fez algum tipo de armadilha?!
Independentemente de roteiro e direção questionáveis, é inegável que as cenas de ação são bem empolgantes. Temos vários momentos icônicos, como o Ethan correndo entre os pombos, aquela parte da corrida dos cavalos e todo o terceiro ato, com o duelo entre Ethan e Hunt naquele morro. Missão Impossível 2 obviamente é inferior ao primeiro, mas ainda acho que é um filme bastante digno e divertido.
Missão Impossível 3 – Amuleto da sorte
Eu tenho uma tênue relação pessoal com Missão Impossível 3. Ele me traz lembranças de quando eu era criança e ainda existia aquela mágica de alugar filmes na locadora. Lembro direitinho de assistir repetidas vezes MI:3 e + Velozes + Furiosos, duas obras que eram sensações entre os pré-adolescentes da época. Inclusive, uma das cenas que nunca saíram da minha cabeça foi quando o Owen Davian morre atropelado por aquela van no final. Na minha cabeça de moleque de 8 anos, eu ficava pensando em como aquele veículo seria capaz de matar uma pessoa, pois parecia algo extremamente banal.
Ok, voltando ao filme e revisitando-o em 2023, deixando de lado qualquer relação pessoal que eu tenha com ele, Missão Impossível 3 é muito bom. Eu não lembrava de praticamente nada da história, então quase todos os desdobramentos, exceto a morte do Davian, foram novidade pra mim. Por isso, foi possível curtir ainda mais as sequências no Vaticano, o pêndulo em Shangai e o tiroteio do terceiro ato. E, por falar nisso, acho que a maior qualidade dessa franquia está na execução das missões que requerem uma equipe se disfarçando e capturando algo ou alguém. Concordam?
Sem dúvida alguma, o Owen Davian é o melhor vilão da franquia até aqui. O Jim foi um antagonista decente, serviu ao propósito da trama e tal, mas não acho que seja particularmente memorável. O Sean também teve seus momentos, mas oscilou um pouco entre o inimigo-inteligente-lutador e o estúpido-genérico-abusivo. No caso do Owen, a interpretação do Philip Seymour Hoffman possui algo especial. É um personagem inquietante, não há palavra melhor para descrevê-lo. Ele não é o cara mais musculoso, com a maior cara de mau, mas, de alguma forma, é o que mais oferece ameaça e o único até agora que eu realmente acreditei que poderia derrotar o Ethan em alguma circunstância.
As cenas de ação são tão boas quanto nos outros filmes, e é legal saber que foi a estreia de J. J. Abrams em um longa-metragem. A direção é competente, as atuações são convincentes e até os personagens secundários são legais. Consequentemente, não tinha como o filme não ser bom.
+ Veredito
Não é por acaso que Missão Impossível é a franquia de ação mais longeva ainda em atividade. Tom Cruise dá vida a um excelente protagonista, no papel de Ethan Hunt, e os filmes conseguem ser empolgantes, descontraídos e dramáticos, encontrando o equilíbrio perfeito para não se levar a sério demais. O primeiro filme é o mais clássico, com a melhor trama. O segundo escorrega no roteiro, mas ainda assim conta com ótimos momentos de ação. O terceiro é o mais regular e, pra mim, o melhor, sendo que não possui nenhum desnível durante a sua duração. De qualquer forma, essa primeira trilogia vale muito a pena ver e rever.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê acha dos filmes. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?