Drama, Quadros, Revisitando Séries, Séries

RevisitandoSéries #03 – Breaking Bad (2008-13)

revisitando breaking bad

• O império azul

Breaking Bad foi uma das primeiras séries que eu vi na vida, lá pra 2014/15. Lembro de ter ficado impressionado com muitas coisas, e da série ter entrado no meu grupo de favoritas. Quando eu comecei este blog e fui escrever sobre ela, não me comprometi a ver tudo de novo pra poder desenvolver melhor a minha opinião. Como as resenhas foram escritas entre 2016 e 2018, vários detalhes já tinham me fugido à memória e eu tomei a brilhante decisão de recorrer a resumos na Internet pra escrever as críticas. Uma série do tamanho de Breaking Bad merecia um tratamento melhor, e tô aqui hoje pra corrigir esse erro. Estejam avisados: o texto terá spoilers.

 

Temporada por temporada

Antes de escrever este novo capítulo do quadro Revisitando Séries, eu li novamente os meus pitacos de todas as cinco temporadas de Breaking Bad. Cara, como a gente muda com o passar dos anos, né? Olhando hoje (e você pode procurar aqui no blog também, caso tenha curiosidade), várias das minhas avaliações eram rasas e até um pouco bobas. Não que atualmente eu seja um adulto maduro que trata tudo na base da seriedade, nada disso. Mas parecia que eu estava mais preocupado em fazer gracinhas e repetir 200 milhões de vezes as mesmas coisas.

Reflexões à parte, naturalmente eu mudei de opinião em relação a vários elementos de Breaking Bad. Assistindo pela segunda vez, a 2ª e a 5ª temporadas subiram muito no meu conceito, enquanto as outras caíram um pouquinho. Além disso, revisei várias das minhas próprias decisões a respeito dos melhores personagens de cada temporada. Mas vamos pelo começo.

A 1ª temporada é o “mal necessário” de Breaking Bad. Se a premissa de um professor de química com câncer entrando pro mundo do tráfico fosse feita de forma apressada, todo o castelo de cartas desmoronaria. Por isso, é natural que a história pareça meio empacada, porque Walter White era apenas Walter White, e Jesse Pinkman era apenas um viciado qualquer. É uma temporada mais bem humorada, mas que acaba sendo inferior às demais por não reunir tantos momentos marcantes.

Eis que nos deparamos com a 2ª temporada. Quando eu escrevi os pitacos originais da série, eu confundi muitos eventos da 2ª e da 3ª. Cara, a 2ª é ABSURDAMENTE boa. Temos o Walter mergulhando de cabeça no submundo da metanfetamina, mais desenvolvimento por parte do Jesse, todo o arco dele com a Jane, a construção do mistério do ursinho roxo, a queda do avião… é muita coisa boa. É a temporada com o melhor ritmo, de longe, e só não é a melhor de todas porque tem outra que consegue a façanha de ser superior.

A 3ª e a 4ª foram um pouco decepcionantes na minha segunda assistida. Como eu disse no parágrafo anterior, muitos dos eventos que eu julgava serem da 3ª na verdade eram da 2ª, e a 3ª de fato é menos redondinha do que a anterior. Aqueles irmãos que tentam matar o Hank soam demais como personagens de quadrinhos e a narrativa não é tão agradável de acompanhar. A 4ª traz uma evolução nesse sentido, mas demora um pouco a engrenar. Por outro lado, a reta final é muito boa e digna de nota, especialmente por causa do que acontece com o Gus.

Então chegamos na 5ª temporada. Que obra de arte, hein? Assim como a última de Six Feet Under, com a qual compartilha várias semelhanças, o encerramento de Breaking Bad passa por alguns percalços nos episódios iniciais. Porém, a partir do episódio 8, mais ou menos, tudo se transforma. A metade final desta temporada é uma das melhores coisas já feitas na televisão, digo com tranquilidade. E o desfecho é melhor do que eu me lembrava, e não é loucura dizer que é um dos mais emblemáticos do mundo das séries.

Aulas, cria

Reflexões sobre os personagens

Infelizmente, a gente é muito afetado por opiniões externas e também pelo contexto social em que estamos inseridos. Quando eu vi Breaking Bad pela primeira vez, eu era um adolescente. Portanto, eu achava Walter White o suprassumo do homem foda, o Jesse o companheiro leal por quem eu torcia, enquanto a Skyler era a mulher enjoada que impedia a subida do marido rumo ao topo do império azul.

Crescer é perceber que o Walter é um homem extremamente chato, que se acha muito mais do que realmente é e cujo sucesso se deve tanto aos esforços de quem estava ao seu lado quanto aos próprios méritos. Muitas vezes, inclusive, Walter só se deu bem por pura sorte. Se não fosse o Saul Goodman por acaso comentando sobre o Salamanca no asilo, Walter não teria sobrevivido ao Gus. E o fato do Walter ser o homem inteligente mais burro do mundo faz parte da graça do protagonista, é verdade, mas eu torci muito menos por ele desta vez.

A Skyler é um caso interessante. Nas primeiras temporadas, ela é 100% vítima das circunstâncias e todas as suas reclamações são justificadas. Até mesmo quando ela começa a lavar o dinheiro do Walter no lava-jato, ainda podemos utilizar o argumento da tortura psicológica por parte do marido. Contudo, ela também não é santa (ninguém é, só a Holly). Foi escolha dela ajudar o Ted a sonegar imposto. Foi escolha dela entregar milhares de dólares ao Ted. Foi escolha dela não contar a verdade ao Hank mais cedo, e proteger o Walt até mesmo quando não havia mais sentido nisso.

Quanto ao Jesse, é muito doido pensar que ele frequentemente é quase um coadjuvante de sua própria história. Nas três primeiras temporadas, ele divide protagonismo. A partir do momento em que mata o Gale, é como se parte do personagem morresse – o que não poderia ser mais poético. O seu destino final, ao escapar dos nazistas e dar um jeito no esquisito do Todd, é quase tão cruel quanto se ele tivesse de fato morrido. É um legítimo final agridoce.

Se o ator Jesse Plemons está na tela, pode saber que a coisa será boa

Melhor série da história? (E mais: notas e avaliações atualizadas)

No IMDb, uma plataforma que eu particularmente gosto muito, Breaking Bad aparece como a melhor série da história, com média de 9,5/10. Eu entendo o apelo, de verdade, e acredito que haja diversos elementos pra isso. Mas também acho que a série tem mais falhas do que costumam comentar. Nem todos os arcos são tão bons assim, e alguns episódios flertam com o tédio. Não por serem lentos, vejam bem, mas por apostarem em núcleos repetitivos e que dão a impressão de andar em círculos. Além disso, de vez em quando o Vince Gilligan, criador da série, tenta ser metafórico em excesso e transforma cenas simples em coisas tão cheias de floreios que ficam até pedantes, fingindo ter mais substância do que realmente têm.

Dito isso, é uma das séries mais bem amarradas e regulares quando analisamos a trajetória de começo, meio e fim. E o fato de ter uma reta final espetacular ajuda a aumentar o meu apreço pela série, porque é bem mais difícil concluir uma história do que iniciá-la. Se eu fosse fazer uma lista objetiva de melhores séries, falando dos aspectos técnicos e tudo mais, Breaking Bad estaria no top 5, é claro. Mas, no meu gosto pessoal, ela talvez entre apenas no top 10.

Sobre as notas das temporadas, vamos lá. Todas elas tiveram alterações. A 1ª passou de 4,3 pra 4,2 e teve o Melhor Personagem alterado; antes era o Jesse, mas acredito que o Walter merece esse prêmio. A 2ª subiu de 4,3 pra 4,7, e a categoria de Melhor Personagem sofreu a mudança contrária, com Jesse tomando o lugar do Walter. A 3ª caiu de 4,6 pra 4,4. Eu mudei o Melhor Personagem de Walter pro Gus Fring, e adicionei Saul Goodman como Maior Surpresa. A 4ª saiu de 4,7 pra 4,5, e o Melhor Personagem não é mais Gus Fring, mas sim Mike Ehrmantraut. Por fim, a 5ª subiu de 4,5 pra 4,9, e mantive Walter White como Melhor Personagem, com menção honrosa a Hank Schrader.

Espero que tenham gostado de mais um texto do meu quadro Revisitando Séries. Eu já reasisti e fiz um novo pitaco sobre a 1ª temporada de Justiça e sobre Sons of Anarchy como um todo, deixei os links lá embaixo. Em breve, devo rever Dexter pra poder adicionar mais um capítulo a esse quadro, mas vai demorar um pouco pra sair, até porque ainda nem comecei. Enquanto isso, continuem ligados que as críticas de outros filmes e séries seguem a todo vapor!

Do alfa ao ômega

 

CURIOSIDADES

  • Jesse Pinkman morreria no 9ª episódio da série. Porém, após o hiato causado pela greve de roteiristas da época, o criador Vince Gilligan, impressionado com a atuação de Aaron Paul, manteve o personagem vivo.
  • O ator RJ Mitte tem paralisia cerebral, mas em um grau menor em comparação ao seu personagem. Para viver o filho de Walter White, ele precisou aprender a falar mais devagar e andar com muletas.
  • Na cena em que Walter joga uma pizza no telhado, na 3ª temporada, a equipe da série estava pronta para fazer vários takes e até utilizar efeitos especiais, mas o ator Bryan Cranston conseguiu de primeira.
  • O ator Giancarlo Esposito estava à beira da falência antes de Breaking Bad. A série literalmente salvou a sua vida, já que ele estava pensando em encerrá-la para que os filhos conseguissem o valor do seguro.
  • A decisão de terminar a série na 5ª temporada foi do criador Vince Gilligan, que não queria cometer o mesmo erro de outras produções ao esticar desnecessariamente a história.

 

FICHA TÉCNICA

Nome original: Breaking Bad
Duração: 62 episódios
País: EUA
Criador: Vince Gilligan
Diretores: Vince Gilligan, Adam Bernstein, Jim McKay, Tricia Brock, Bronwen Hughes, Tim Hunter, Bryan Cranston, Charles Haid, Terry McDonough e outros
Elenco principal: Bryan Cranston, Aaron Paul, Anna Gunn, RJ Mitte, Dean Norris, Betsy Brandt, Giancarlo Esposito, Bob Odenkirk

 

RevisitandoSéries #01 – Justiça: 1ª Temporada (2016)

RevisitandoSéries #02 – Sons of Anarchy (2008-14)

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).