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TerrordoLeleco #04 – Premonição (2000 a 2011)

premonição franquia

• Confrontos contra a morte

Em meio ao lançamento de Premonição 6: Laços de Sangue, tomei a decisão de assistir a todos os outros filmes da franquia, algo que tenho certeza que várias outras pessoas também fizeram. Antes disso, eu só tinha visto o primeiro. Agora, resolvi conhecer melhor mais uma saga interminável de terror, com potencial de ter tantos filmes quanto Velozes e Furiosos. Já deixo avisado que, nas críticas abaixo, vou soltar certos spoilers pontuais. Por isso, só continue lendo se você já assistiu ou caso não se importe de saber algumas coisas que acontecem.

 

Premonição (2000) – Por um triz

Eu não sei muito bem o porquê, mas quando eu assisti a esse filme pela primeira vez, em 2020, eu não gostei muito. Acho que, na época, eu o achei meio repetitivo e cansativo, sei lá. Nessa nova maratona da franquia, eu gostei bem mais do primeiro capítulo.

A proposta de Premonição é muito boa, e inacreditavelmente simples. Na parte conceitual, a história não precisa de muito pra despertar o nosso interesse. A partir do momento em que ocorre a primeira morte após a queda do avião, o filme se transforma em uma espécie de slasher, em que o inimigo não poderia ser mais temível: a morte em si, no formato de uma sombra. A partir daí, eu acredito que o filme sofre uma ligeira queda de ritmo e algumas cenas se esticam além da conta.

Em uma nota pessoal, eu gostaria que o elemento sobrenatural fosse menos presente. Não tiro pontos do filme por isso porque é algo bem meu mesmo, mas eu teria apreciado mais se não houvesse nenhuma sombra rondando as pessoas prestes a morrer, como se as mortes fossem mais desencadeadas por um efeito borboleta do que por uma força soberana mexendo os pauzinhos, como na parte em que a água da privada faz o Tod escorregar e depois volta pra sua origem, pra fazer parecer que o cara acabou com a própria vida. Sei lá, qual seria o “interesse” da morte nisso? O principal não é eliminar todo mundo?

Premonição é um filme de terror que nasceu clássico no gênero slasher porque reúne todos os elementos necessários pra se destacar: personagens minimamente interessantes pra fazer a gente torcer contra ou a favor; uma série de mortes e a missão de evitá-las; um elemento que foge à compreensão humana; e um desfecho aberto o suficiente pra deixar espaço pra continuações. Todos sabemos que Hollywood adora isso.

Incrível como o Alex e o Carter estão exatamente com a mesma expressão

Premonição 2 (2003) – Múltiplas fatalidades

Eu estava curioso pra saber como seriam os demais filmes de Premonição. Teríamos a Clear como a “final girl” da franquia, como a Sidney em Pânico? A habilidade de fazer premonições passaria de pessoa pra pessoa? Ou os roteiristas só dariam uma desculpa qualquer pra manter a saga viva por tempo indeterminado?

As respostas pra essas três perguntas são, ao mesmo tempo, positivas e negativas. O que importa é que a franquia deixou bem claro que apostará na rotatividade de personagens, mais ou menos do jeito que Jogos Mortais faz. A história, por outro lado, é basicamente a mesma. A única diferença entre Premonição e Premonição 2 é que, na sequência, a galera sabe que algo parecido já aconteceu e tenta encontrar uma maneira de mudar as coisas.

O primeiro ato de Premonição 2 é mais legal do que eu pensava. Os personagens presos no congestionamento e um acidente de proporções bíblicas acontecendo aos poucos é uma baita sequência de ação. A partir dali, o filme desacelera e, por algum motivo, acelera tudo até demais na reta final. Em Premonição, as mortes foram mais espaçadas, criando mais tensão pela morte seguinte. Aqui, as últimas acontecem em rápida sucessão, quebrando um pouco desse fator.

Premonição 2 é bem semelhante ao primeiro, então provavelmente a sua opinião a respeito de ambos será muito parecida. Eu acredito que o primeiro é ligeiramente melhor, mas o segundo possui algumas partes mais empolgantes.

Rory Gilmore e dois amigos

Premonição 3 (2006) – Montanha-russa de emoções

A fórmula está bem definida. Personagens são apresentados e inseridos em um contexto que nós já sabemos que vai dar ruim. Depois de uns 20 minutos, a trama coloca a tragédia em curso, faz alguém ter uma premonição e evita a morte de um bando de gente. A partir dali, essa pessoa fica excluída dos outros e é tratada como aberração. Quando percebe que a morte tá indo atrás dos sobreviventes um por um, é ridicularizada até finalmente ser levada a sério, quando já é tarde demais.

Pronto, te contei a história de todos os filmes da franquia até agora. Premonição 3 não é nada diferente. Pra não dizer que é um completo ctrl c + ctrl v, há um elemento presente aqui que não esteve nos outros: as pistas através de fotografias. Acontece que Wendy, a protagonista da vez, descobre que os registros fotográficos tirados por ela dão dicas de como cada um dos sobreviventes vai partir desta pra melhor. Isso cria um ar quase investigativo que dá um certo frescor, mesmo diante de tanta repetitividade.

Como essa repetitividade tá muito presente, é difícil classificar Premonição 3 como um longa memorável. Se você perguntar pra alguém que viu todos os filmes da franquia, mas já há algum tempo, se ela lembra qual é o terceiro da saga, é possível que a única coisa que ela tenha a dizer é algo como “é aquele da montanha-russa, né?”. Se pressionar em busca de mais detalhes, provavelmente os eventos serão confundidos com outros arcos dentro desse mesmo universo.

Premonição 3 é um filme legal. Não chega a ser ruim, a não ser que a premissa introduzida lá no primeiro não tenha te agradado em nenhum momento. Neste caso, o terceiro capítulo terá bem mais aspectos negativos do que positivos.

O passado sombrio de Ramona Flowers

Premonição 4 (2009) – A mesma coisa de sempre

Por mais que eu tenha minha preferência pessoal, eu consigo entender qualquer ranking dos três primeiros filmes de Premonição. Você acha o primeiro melhor? Compreendo. Tem uma queda maior pelo segundo? De boa. O terceiro tá no topo da sua lista? Discordo, mas sem problemas. Agora, no que tange ao quarto capítulo (tô escrevendo como se fosse uma redação do Enem, mas ok), confesso que eu julgaria um pouquinho quem acha esse aqui superior.

É comum no gênero slasher do terror que as histórias sejam meio recicladas. No entanto, há sempre espaço pra um mínimo de inovação, uma ligeira diferenciação que consiga dar um sentimento distinto. Premonição 4 falha feio nisso. A direção é brega e abusa demais dos efeitos visuais esquisitos, os personagens são totalmente esquecíveis – eu lembro do nome de pelo menos um personagem dos três filmes anteriores, e não consigo me recordar de nenhum do quarto -, as mortes estão muito preocupadas em ser gráficas e não em ser marcantes, por causa da explosão do 3D na época, e o enredo anda no automático. Vou dar o braço a torcer e dizer que a morte do cara na piscina e a da menina na escada rolante ficam na memória, assim como a sequência no lava-jato, mas são momentos bem isolados.

Não acho que Premonição 4 seja difícil de assistir. Existem diferentes tipos de filmes ruins: os entediantes, que são quase torturantes de ir até o fim, e os rasos, que até te mantêm entretido até o fim, mas que não deixarão marca após os créditos. Premonição 4 se encaixa no grupo dos “rasos”. Ele não se preocupa em se arriscar de alguma forma. Em vez disso, só desenvolve qualquer coisa pra aproveitar o nome já consolidado da franquia.

Premonição 4 é um filme desinteressante. Há algumas cenas boas e que causam algum tipo de sensação acentuada na gente, mas em geral é apenas mais do mesmo. Um entretenimento básico, mas que pelo menos é regular o suficiente pra não se tornar maçante.

Esse filme fica na lanterna no ranking dos melhores

Premonição 5 (2011) – De volta às origens

Premonição 5 tinha uma tarefa simples e, ao mesmo tempo, complicada. Depois de um antecessor que destoou do nível de qualidade dos demais, dificilmente ele seria pior, até porque poderia aprender com os próprios erros da franquia. Por outro lado, se o quinto filme fosse um outro fiasco, a saga poderia cair de vez no ostracismo, em vez de recuperar parte de seu prestígio de volta no mundo do terror.

Premonição 5 começa parecendo um filme comum, sem necessariamente estar atrelado ao mesmo universo. As atuações estão um pouquinho melhores e o roteiro exagera menos nas caracterizações. Com o tempo, as marcas registradas voltam a aparecer, como o protagonista tendo a boa e velha visão, uma galera morrendo das maneiras mais malucas possíveis, até que o personagem principal volta a si e tenta evitar aquele destino.

No papel, não há muita diferença em relação aos outros. Indo direto ao ponto, é bem improvável que algum desses filmes faça alguma coisa realmente fora da curva, mas é possível criar novas dinâmicas em meio a um contexto familiar. Premonição 2 havia feito isso com a regra da “vida nova”, e Premonição 3 criou a história das fotos. Premonição 5 se diferencia através de uma nova regra de que, matando alguém, um sobrevivente rouba o tempo de vida daquela pessoa. É claro que, se formos exigentes, a criação de novas regras até ali desconhecidas soa meio forçada, mas pelo menos diverte.

Premonição 5 é uma evidente evolução em comparação ao anterior. Por mais que não reinvente a roda, ele possui efeitos mais convincentes, mortes mais imprevisíveis e malucas, com um nível de tensão alto, uma direção mais estável e um elenco mais regular. O desfecho é digno de nota, e eu particularmente gostei demais do efeito borboleta proposto pela franquia.

Se eu fosse fazer uma ordem do melhor filme para o pior, seria algo como 1 > 2 > 5 > 3 > 4, mas sem muita certeza disso, sinceramente. A única certeza é de que o 4 é o pior, enquanto o 1 é o melhor, por ser mais original. Acho que os outros três podem ser rearranjados em qualquer ordem.

Esse ator da direita é a cara do Dave Franco

 

CURIOSIDADES

  • Na cena de abertura do filme, o ator principal Devon Sawa precisava apenas fingir que estava dormindo. Contudo, ele acabou pegando no sono de verdade em um cochilo que durou quatro horas.
  • O acidente na estrada do segundo filme foi inspirado em um caso real, que aconteceu no estado da Geórgia, em março de 2002. Neste acidente, 125 veículos estiveram envolvidos, com 4 fatalidades e 39 feridos.
  • Os membros do elenco precisaram andar de montanha-russa um total de 26 vezes em uma única noite pra realização da filmagem da sequência principal do terceiro filme.
  • Durante a sequência no lava-jato em Premonição 4, a atriz Haley Webb realmente quebrou a janela do carro em que estava. Os editores do filme gostaram da cena e a mantiveram no corte final.
  • O quinto filme tem a sequência inicial de tragédia mais longa da franquia até aqui. O desastre na ponte de Premonição 5 dura um total de 4 minutos e 44 segundos.

 

FICHA TÉCNICA

Nome original: Final Destination
Duração: 1h38
País: EUA
Diretor: James Wong
Elenco principal: Devon Sawa, Ali Larter, Kerr Smith, Daniel Roebuck, Roger Guenveur Smith, Tony Todd

FICHA TÉCNICA

Nome original: Final Destination 2
Duração: 1h30
País: EUA
Diretor: David R. Ellis
Elenco principal: A.J. Cook, Ali Larter, Michael Landes, Tony Todd, James Kirk, David Paetkau, Justina Machado

FICHA TÉCNICA

Nome original: Final Destination 3
Duração: 1h33
País: EUA
Diretor: James Wong
Elenco principal: Mary Elizabeth Winstead, Ryan Merriman, Kris Lemche, Alexz Johnson, Sam Easton, Jesse Moss

FICHA TÉCNICA

Nome original: The Final Destination
Duração: 1h22
País: EUA
Diretor: David R. Ellis
Elenco principal: Bobby Campo, Shantel VanSanten, Nick Zano, Haley Webb, Krista Allen, Mykelti Williamson

FICHA TÉCNICA

Nome original: Final Destination 5
Duração: 1h32
País: EUA
Diretor: Steven Quale
Elenco principal: Nicholas D’Agosto, Emma Bell, Miles Fisher, Ellen Wroe, Arlen Scapeta, P.J. Byrne, Tony Todd

 

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Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê acha dos filmes. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).