• Mísseis teleguiados

Em uma cidadezinha dos EUA, quase todos os alunos de uma mesma sala de aula somem misteriosamente. A professora desponta como a principal suspeita, mas algo sem explicação circunda os acontecimentos.

Por que toda tradução brasileira de filmes de terror precisa ter “mal” no título? Em inglês, “Weapons”, que significa “armas”, evoca uma aura misteriosa e se conecta com a premissa. “A Hora do Mal” faz parecer que é uma história genérica em que pessoas são possuídas todas as madrugadas às 3h30, por ser a hora do Demônio. É uma tradução que passa longe de fazer jus à singularidade desta obra.

A Hora do Mal não é um terror convencional; em alguns momentos, fica mais próximo do suspense. A narrativa não tem pressa de fazer as coisas acontecerem, e o espectador mais ansioso talvez fique um pouco impaciente ou entediado. Não foi o meu caso, e fiquei feliz pela trama ter feito valer a pena o meu tempo investido naquela investigação. Porque sim, o roteiro nos convida a investigar e teorizar sobre o que pode estar rolando naquela pacata cidade.

Mesmo usando artifícios conhecidos do gênero, A Hora do Mal os distorce e dá origem a algo único. O diretor Zach Cregger, do ótimo Noites Brutais, que tem várias semelhanças com este aqui, tá no controle do que quer contar e os jumpscares são imprevisíveis – em uma cena, que se passa em um quarto, eu levei um susto que há muito tempo não levava. E o melhor é que o filme não depende disso, só utiliza essa artimanha porque sabe que estamos desprevenidos frente a uma trama que anda mais devagar.

Se eu fosse apontar um problema, seria a quantidade de ramificações. O filme é separado por capítulos com pontos de vista de diferentes personagens. Dois deles eu achei que ficaram sobrando, e por alguns minutos meu interesse diminuiu em relação ao que tinha sido apresentado antes e ao que viria depois. Sobre o que vem depois, aliás, eu adorei como o terceiro ato transformou a tensão acumulada em uma série de eventos exagerados.

A Hora do Mal mostra que o ano de 2025 está sendo frutífero pro terror até aqui, vide o excelente Pecadores e o bom Premonição 6.

CURIOSIDADES

• Netflix, Universal e Sony/Tristar estavam no páreo para distribuir o filme, mas a New Line venceu a “guerra” ao garantir um lançamento nos cinemas e dar mais liberdade para o diretor Zach Cregger.
• Jordan Peele, diretor de Corra!, estava disposto a tirar dinheiro do próprio contrato pra produzir o filme, mas a Universal não topou. Peele demitiu seus empresários depois disso.
• Elizabeth Olsen e Rooney Mara receberam ofertas pra estrelar o filme, mas recusaram. Pedro Pascal e Renate Reinsve chegaram a ser contratados, mas tiveram de deixar o projeto por conflitos de agenda.
• Zach Cregger revelou que cortou algumas cenas cômicas do filme porque o público presente em sessões de testes não riu. O cineasta afirmou que retirou várias piadas que achava bem engraçadas.

FICHA TÉCNICA

Nome original: Weapons
Duração: 2h08
País: EUA
Direção: Zach Cregger
Elenco principal: Julia Garner, Josh Brolin, Alden Ehrenreich, Benedict Wong, Austin Abrams, Cary Christopher, Amy Madigan

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