• Atos de coragem
Um jovem palestino, em parceria com um jornalista israelense, grava os horrores diários das invasões de soldados ao seu vilarejo.
A cada ano que passa, eu aumento minha convicção de que a categoria de Melhor Documentário é a mais regular do Oscar. Algumas categorias podem decepcionar dependendo do ano, mas não essa. Dificilmente você assistirá a um documentário de baixo nível e, se isso acontecer, será um ponto fora da curva.
No Other Land é um dos exemplos dessa excelência. Se a gente pegar o contexto sociopolítico mundial, o cenário deste documentário é o mais relevante atualmente. Em termos de proporção, não há nenhum conflito mais importante do que a guerra entre Israel e Palestina. Nesse sentido, o filme é capaz de capturar a nossa atenção de forma instantânea, mas de nada adiantaria se fosse um conteúdo de baixa qualidade – o que passa longe de ser o caso.
No Other Land é muito bem coordenado. Os documentaristas cumprem com primazia a tarefa de registrar o que está acontecendo longe dos olhos da mídia tradicional, sobretudo a de viés mais ocidental, digamos assim. O filme não quer propriamente tecer comentários aprofundados sobre o conflito. A sua intenção é mostrar as vidas de centenas de inocentes sendo atingidas por ações temerárias e que se escondem covardemente atrás da noção deturpada de Lei.
Coragem é uma palavra-chave neste documentário. A coragem nunca vai andar lado a lado com o poder. Na verdade, é o contrário. A coragem surge justamente em situações em que as pessoas encontram força suficiente pra lutar por uma causa perdida. Porque, pra elas, essa causa jamais estará perdida. Expulsar civis, demolir frágeis casas e intimidar gente indefesa com fuzis não é um ato de coragem. Resistir contra a injustiça, e fazer isso com recursos quase nulos, é um verdadeiro ato de coragem.
No Other Land é um documentário revoltante e indispensável pra quem se interessa por política e tenta entender o mundo através das infinitas nuances que ele proporciona. É um filme histórico em todos os sentidos, e cuja curta duração é inversamente proporcional ao tamanho de sua importância.
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Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?