• Em primeira pessoa
Depois de ser visto pela polícia no lugar errado e na hora errada, Elwood é levado para o Reformatório Nickel. Lá dentro, ele forma uma amizade com Turner, e ambos se veem envolvidos nos perigos causados pelo racismo dos EUA na década de 60.
Escolhi empurrar O Reformatório Nickel pra minha reta final de maratona do Oscar 2025, muito porque eu não queria deixar pra depois apenas os filmes que tinha menos vontade de assistir. Se fizesse isso, talvez perdesse o pique. Eu tinha altas expectativas pra essa produção, mas devo dizer que não gostei tanto quanto imaginava.
Sem dúvida alguma, O Reformatório Nickel é muito audacioso. Afinal, o filme se passa todo em primeira pessoa, como se nós fôssemos o protagonista de um jogo de videogame. Essa proposta me deixou intrigado desde o início, e é uma experiência única acompanhar os acontecimentos através de lentes tão incomuns no cinema. O roteiro é ótimo, a fotografia é excelente e eu aplaudo de pé a ousadia do diretor RaMell Ross.
O problema é que a ideia da narrativa em primeira pessoa só funcionou pra mim até certo ponto. No início, a técnica inventiva me agradou e me deixou curioso pelo desenrolar da trama. Depois de uma meia hora, o estilo me deixou meio cansado e eu não consegui me conectar direito com os personagens. As interações, por mais contraditório que pareça, soaram impessoais demais. Tem uma cena em que a vó de Elwood abraça Turner, e eu não consegui enxergar aquilo como um gesto natural. Parecia muito que eu tinha apertado X no meu controle de videogame pra que o personagem fizesse aquela ação.
O filme ganha um respiro na metade, quando passamos a ver o mundo não só pelos olhos de Elwood, como também pelos olhos de Turner. A mudança de cadência beneficia a narrativa e eu não fiquei tão confuso quanto imaginei que ficaria quando essas alterações de perspectiva passaram a ocorrer subitamente. Por outro lado, há diversos momentos em que a edição interrompe uma cena no meio pra mostrar figuras aparentemente sem contexto, e depois avança no tempo sem se justificar. Essas figuras ganham sentido no fim, mas não achei as respostas tão recompensadoras assim.
O Reformatório Nickel é um filme que vale a pena conferir pela proposta, mesmo se você, como eu, encontrar problemas com a narrativa. É uma produção muito bem dirigida e com truques de câmera impressionantes. O enredo é forte e tem uma reviravolta no terceiro ato que eu não esperava. Só queria ter me conectado mais com os personagens.

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