• Otimismo na tragédia
Na Itália, em meio à Segunda Guerra Mundial, o jeito otimista de enxergar a vida de Guido ganha um novo desafio quando ele e o filho são enviados a um campo de concentração e o homem precisa convencer a criança de que aquilo tudo não passa de um jogo.
A Vida é Bela é como se fossem dois filmes em um. Certa vez, a minha avó me contou sobre a premissa dele e, até por ser tão elogiado por público e crítica, sempre pensei que se tratava de um drama denso e pesado. Eu realmente não esperava que, durante a primeira metade, ele fosse tão engraçado. Abraçando a comédia com todas as forças, o roteiro dá pequenas pistas de que algo ruim está no horizonte, mas ficamos totalmente distraídos pela paixão do protagonista.
Guido é um homem romântico em todos os sentidos da palavra. Ele faz de tudo pra chamar a atenção de sua amada Dora, e a sua personalidade bem-humorada não tem como não ser cativante. O filme poderia ter caído na infantilidade exagerada, mas, pelo menos pra mim, a interpretação de Roberto Benigni, que também é responsável pela direção, consegue driblar esses obstáculos. É uma delícia acompanhar as suas aventuras.
A partir da segunda metade, A Vida é Bela muda completamente de figura. A essa altura, já estamos apegados aos personagens, então a iminente tragédia tende a doer por antecipação. No meu caso, eu não senti tanta tristeza quanto achei que sentiria. Talvez seja porque eu já sabia várias coisas da história antes mesmo de assistir, ou talvez tenha sido porque, mesmo diante da tristeza, a energia do protagonista impede que a gente caia em um abismo emocional.
O final parece quase incompleto e me deixou querendo mais, mas eu entendo que a conclusão foi condizente com a mensagem que o filme queria passar. Um epílogo serviria apenas pra interromper o sentimento agridoce.
A Vida é Bela é, ao mesmo tempo, comédia e drama, mas é bem diferente da comédia dramática contemporânea. É um filme que tenta sempre manter o alto astral, através de seus personagens e da trilha sonora, mostrando o quão longe pode ir o amor na tentativa de proteger quem é amado.

CURIOSIDADES
- Roberto Benigni e Nicoletta Braschi, que interpretam Guido e Dora, são marido e esposa na vida real. Os dois estão casados desde 1991, seis anos antes do lançamento do filme.
- O título do filme foi inspirado em uma citação de Lev Trotskiy. Ao saber que seria morto por assassinos encomendados por Stalin, ele olhou a esposa no jardim e disse que, apesar de tudo, a vida era bela.
- Roberto Benigni é uma das únicas pessoas até hoje a ganhar um Oscar de Melhor Direção e Melhor Ator pelo mesmo filme. O outro foi Laurence Olivier por Hamlet, de 1948.
- O filme nunca diz explicitamente para onde Guido e sua família foram enviados. Porém, provavelmente era “Fossoli de Carpi”, o único grande campo de concentração italiano na Segunda Guerra.
FICHA TÉCNICA
Nome original: La Vita è Bella
Duração: 1h56
País: Itália
Diretor: Roberto Benigni
Elenco principal: Roberto Benigni, Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini, Giustino Durano, Horst Buchholz, Marisa Paredes
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