• Desfecho condizente

Se o DCEU fosse um aluno de escola, será que ele passaria de ano? Aquaman 2: O Reino Perdido marca o fim do Universo Estendido da DC, que teve seu início em O Homem de Aço e prometia rivalizar com a Marvel na década de ouro dos filmes de super-heróis. Enquanto a concorrente reinventou o gênero e fincou o seu nome na cultura popular, ainda que tenha passado por momentos de baixa após Vingadores: Ultimato, a DC jamais conseguiu ser constante. E o filme que encerrou a franquia é um resumo perfeito da saga.

Sinopse

Depois de se tornar Rei de Atlântida e ter um filho com Mera, Arthur Curry passa por momentos de tédio com a política do fundo do mar, mas vive seus dias de forma relativamente tranquila. Quando seu antigo nêmesis, David Kane, conhecido como Arraia-Negra, inicia um plano pra destruir o mundo dos mares e da superfície, o Aquaman precisa se aliar com seu não tão querido irmão, Orm.

Crítica

Eu gosto muito da filmografia de James Wan. Jogos Mortais, Sobrenatural 1 e 2, Invocação do Mal 1 e 2, Velozes & Furiosos 7, Maligno, o próprio Aquaman… de todos os filmes que eu assisti do diretor (só não vi três até hoje), nenhum deles tinha sido ruim. Talvez Aquaman 2 não chegue a um nível de desastre em todas as instâncias, mas com certeza é o trabalho menos inspirado do cineasta entre os que eu já vi.

A criatividade visual presente em Aquaman não se renova na sequência. O Reino Perdido não é inventivo o suficiente pra fazer a gente se apaixonar pelas paisagens de Atlântida. A fotografia do filme é bonita, mas é uma beleza artificial e sem brilho. As sequências de luta são burocráticas e eu me divaguei em várias cenas diferentes, a ponto de precisar pausar e voltar pra entender o que tinha rolado.

Se pelo menos a história fosse boa, daria até pra passar pano, mas não é o caso. A trama é bem qualquer coisa e o vilão tá no piloto automático – na verdade, o elenco inteiro parece estar no piloto automático. Até Jason Momoa não ostenta tanto carisma aqui, por mais que ele se esforce. O roteiro preguiçoso coloca todo mundo numa zona de conforto. Quase todo mundo, na real, porque Patrick Wilson é o único que tenta fazer algo de diferente. Por mais que a ideia de um antigo vilão se aliando ao herói não seja nova (é praticamente a mesma dinâmica de Thor e Loki), o ator arranca um senso de divertimento nos momentos de comédia, quando não sabe como se portar na superfície, e é capaz de gerar sentimentos, por menores que sejam, nas partes dramáticas.

Na minha crítica de Adão Negro, eu escrevi que ele era possivelmente o filme de herói mais mediano de todos os tempos. Após assistir Aquaman 2, preciso fazer um “mea culpa” e reconhecer que talvez eu tenha sido um pouquinho duro com aquele outro longa, que pelo menos tenta algo de diferente aqui e ali. O Reino Perdido é o retrato da mediocridade no gênero. Ele não é bom, mas não vai te irritar por causa disso. É um filme que você assiste de forma meio apática. Tem fragmentos legais, mas na maior parte do tempo é apenas um amontoado de figuras se mexendo na tela; não empolga e é tedioso. Enquanto Adão Negro é mediano, Aquaman 2 é medíocre.

Veredito

Não tinha maneira mais poética de acabar o DCEU do que com um filme extremamente vazio. Aquaman 2: O Reino Perdido é a despedida “perfeita” de uma franquia que teve ótimos capítulos, como Mulher-Maravilha e O Esquadrão Suicida, alguns tão legais quanto, como Aves de Rapina e Shazam!, outros que também foram bons, como O Homem de Aço e Aquaman, mas que infelizmente entregou bombas como Esquadrão Suicida e Liga da Justiça. Na soma dos fatores, é um universo estendido que não deixará muitas saudades, por mais que tenha tido acertos ao longo do caminho.

Melhor personagem: Orm
Como eu disse na minha Crítica, Orm rouba a cena. Se não fosse pela interpretação de Patrick Wilson, Aquaman 2 provavelmente entraria na categoria de filmes ruins.

CURIOSIDADES

• Esta é a primeira vez que Nicole Kidman atua na sequência de um filme em que ela esteve. Ela apareceu em Batman Eternamente, terceiro filme de uma outra saga, mas não atuou nos demais.
• O Batman de Michael Keaton originalmente apareceria em Aquaman 2. Depois, os produtores mudaram de ideia e Ben Affleck regravou a cena de Keaton pro filme, mas ela também foi cortada.
• Aquaman arrecadou mais dinheiro em sua primeira semana do que Aquaman 2 em todo o seu período nas telonas. No total, a sequência arrecadou US$ 430 milhões, contra mais de US$ 1,1 bi do primeiro.
• Willem Dafoe não retornou pro seu papel como Vulko devido a problemas de agenda. Consequentemente, a Rainha Atlanna assumiu o posto de “conselheira” do herói neste filme.

FICHA TÉCNICA

Nome original: Aquaman and The Lost Kingdom
Duração: 2h04
Países: EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália, Islândia
Diretor: James Wan
Elenco principal: Jason Momoa, Patrick Wilson, Yahya Abdul-Mateen II, Amber Heard, Nicole Kidman, Randall Park

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OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO

• Um negócio que eu não entendi. Se o Atlan era um rei tão poderoso assim, por que ele não quebrou o tridente do Kordax e matou o cara logo, em vez de aprisioná-lo com uma magia de sangue? O Aquaman só arremessou o tridente dele e matou dois coelhos com uma só cajadada, sem precisar trocar um único golpe, então pelo que deu a entender o Kordax era uma ameaça meio bosta.
• Eu posso estar lembrando errado de Aquaman, mas pra mim o Arraia-Negra tinha bem mais imposição no primeiro filme. Neste aqui, ele foi só um vilão genérico. Não senti absolutamente nada quando ele recusou ser salvo pelo Arthur e se jogou no abismo.
• Ok, eu ri do Orm comendo a barata tanto na floresta quanto na última cena, com o hambúrguer. A expressão do Patrick Wilson foi sensacional. E é bastante cômico como essa foi a última cena da história do DCEU: um homem comendo barata.

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?