Marvel

What If…?: 1ª Temporada (2021)

• Maluquices hipotéticas

Sim, eu sei que estou alguns meses atrasado. Sim, eu tenho plena consciência de que talvez nem valha a pena escrever sobre isto aqui tanto tempo depois do lançamento, até porque o hype já foi embora há um bom tempo. Porém, o que seria do Pitacos do Leleco sem o pior timing do universo? Provavelmente um blog melhor, mas não importa. Eu demorei a assistir What If…? muito por conta da repercussão que teve na época. A maior parte das pessoas que eu vi opinando afirmava que era sem graça, o que me desanimou um pouco. Pra completar, ainda tinha muita coisa sendo lançada, então fui deixando essa obra pro fim da lista. Quando finalmente assisti, me surpreendi com a qualidade dos episódios. Vou falar mais sobre isso a seguir.

 

Sinopse

E se o Neymar tivesse feito aquele gol contra a Bélgica na Copa de 2018? E se a Manu Gavassi tivesse sido eliminada no lugar do Prior no BBB20? E se a DC fizesse um bom Universo Estendido? Alguns questionamentos podem tirar o sono até dos mais sãos. Pensando nisso, a Marvel decidiu embarcar na brincadeira. E se Peggy Carter tivesse sido injetada pelo soro de supersoldado no lugar de Steve Rogers? E se T’Challa tivesse sido raptado no lugar de Peter Quill? E se Ultron tivesse vencido a batalha contra os Vingadores? Com tantas possíveis histórias, o UCM se aventura em incursões hipotéticas sem precisar alterar os desdobramentos da franquia, tudo isso em um formato inédito de animação.

A Capitã Britânia

Crítica

Como se trata de uma produção antológica, sem conexão aparente entre os capítulos, é possível analisar What If…? pelo conjunto ou de forma separada, episódio por episódio. Vou começar com a segunda abordagem, pra depois dar um veredito geral. O primeiro capítulo dá um bom panorama de qual era a ideia por trás dos roteiristas. Ao trocar os destinos de dois personagens queridos, a trama mostra que o soro não daria certo apenas com o Capitão América. Apesar de ter uma proposta interessante, eu achei o primeiro episódio parecido demais com os eventos de Capitão América: O Primeiro Vingador. São poucas as diferenças realmente impactantes, e no final das contas eu tive a impressão de que era apenas o mesmo filme com uma roupagem diferente.

No segundo episódio, pude ter um vislumbre melhor de uma realidade alternativa. O Pantera Negra como Senhor das Estrelas é uma ideia bem mais curiosa do que a anterior, dando um toque maior de imprevisibilidade. Além disso, gostei da forma como exploraram as principais qualidades do T’Challa, mostrando que ele seria um Star Lord melhor do que o original, pelo menos no quesito eficácia. O enredo de Guardiões da Galáxia é distorcido, deixando um ar de familiaridade, mas entregando também algo original.

O terceiro episódio foi o meu favorito. Explorando o que aconteceria se o mundo tivesse perdido os Vingadores antes mesmo do grupo se formar, a história não deixa muitas pistas de onde irá terminar, criando novamente uma atmosfera de imprevisibilidade. As escolhas narrativas também são curiosas, proporcionando um interesse genuíno de saber qual seria o destino de cada um daqueles super-heróis.

O quarto capítulo é o grande destaque. Não foi o meu favorito, mas é o dono do melhor roteiro e do enredo mais forte de toda a temporada. O tom melancólico e até depressivo entrega uma sensação pouco comum no Universo Cinematográfico da Marvel, tão recheado de otimismo na maior parte do tempo. O final é aterrador, e neste momento eu percebi o quanto a falta de uma limitação narrativa pode ser saudável no ato de se contar uma história.

O quinto episódio é um dos mais singulares, com a trama mais absurda. O que aconteceria se o mundo fosse acometido por um apocalipse zumbi? Não tem como negar que os visuais dos personagens aqui estão impecáveis, e o capítulo também dá espaço para que super-heróis de menos destaque consigam brilhar na ausência dos protagonistas. Essa alteração de dinâmica é legal de se ver, sem falar no entretenimento que vem junto a arcos semelhantes na ficção.

Eu gostei do sexto e sétimo capítulos, mas um pouco menos do que os outros. Um deles tem uma interação inesperada entre Killmonger e Tony Stark, suficiente para conduzir uma trama instigante, mas que não me conquistou tanto. O outro foca na figura de um Thor baladeiro, construindo o episódio mais leve da série. É a calma antes da tempestade, porque os dois últimos possuem uma alta carga de dramaticidade. Gostei muito de algumas escolhas feitas pelo roteiro, mas achei outras um tanto quanto questionáveis.

Ultron Shippuden Nham Nham

Veredito

What If…? é muito melhor do que eu imaginava antes de começar a assistir. Ok, também tem a questão das expectativas baixas proporcionadas por críticas mistas, mas em uma análise fria eu chegaria às mesmas conclusões. Por se tratarem de histórias separadas dentro de uma mesma temporada, era de se esperar que algumas fossem mais fracas do que outras. Contudo, há um bom nível geral que proporciona uma experiência legal e diferente dentro do Universo Cinematográfico da Marvel. É um dos projetos mais ousados da franquia, e que conseguiu ser divertido e cativante ao mesmo tempo. Nota final: 3,9/5.

Gavião Arqueiro Contra a Rapa, óleo sobre tela

 

>> Crítica de WandaVision

>> Crítica da Falcão e o Soldado Invernal

>> Crítica da 1ª Temporada de Loki

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Caso vocês tenham ficado confusos igual a mim no último episódio, quando apareceu subitamente a Gamora, saibam que a temporada era pra ter tido dez capítulos em vez de nove. Porém, por causa da pandemia e do atraso na produção, o episódio acabou ficando de fora e será lançado apenas na segunda temporada. Ok, agora vamos em frente.
  • Eu gostei do primeiro episódio e tudo mais, mas vocês também não sentiram que aconteceram praticamente as mesmas coisas da realidade com o Steve Rogers? Teve a dinâmica da Capitã ser uma mulher e tudo mais, só que achei que poderiam ter ido mais a fundo. Foi quase como se eu tivesse escolhido um mesmo personagem no Mortal Kombat, mas com roupas diferentes.
  • O Colecionador como antagonista e o T’Challa como Senhor das Estrelas foi muito massa de se ver. Quebrou totalmente a caracterização musical dos Guardiões da Galáxia, mas mostrou o quanto Peter Quill é um herói fraco em relação aos demais. Sem falar no Thanos sendo um dos mocinhos e as constantes piadas em relação às suas tendências de exterminação. Além disso, temos uma Nebulosa com cabelo.
  • O terceiro episódio foi o meu preferido. Ver cada um dos Vingadores morrendo e ficando apenas a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro foi algo imprevisível pra mim, ainda mais depois da revelação de que Hank Pym era o vilão. Toda a atmosfera meio apocalíptica do capítulo me marcou demais, de verdade.
  • Ao contrário do que a maioria das pessoas acha, eu senti que algumas partes do quarto capítulo não foram tão surpreendentes assim. Talvez por eu consumir tanta coisa de viagens no tempo, o episódio do Doutor Estranho não tenha me deixado com a cabeça explodindo tanto. Contudo, ver o tom dramático de todos os acontecimentos e aquela conclusão melancólica foi um marco, sem dúvida alguma.
  • Fala sério, eu adorei o episódio dos zumbis. Uma das coisas que mais curti em What If…? foi justamente o protagonismo fornecido a personagens que não são protagonistas na visão mais ampla do UCM. O destino do universo ficar nas mãos de Peter Parker e T’Challa e na cabeça do Scott Lang foi algo pra lá de criativo, e ver os super-heróis transformados em zumbis foi bem legal, principalmente a Feiticeira Escarlate.
  • O sexto episódio já não me chamou tanto a atenção. Foi interessante de ver novamente como o Tony Stark só se tornou uma pessoa boa por mero acaso do destino, já que o seu potencial de egoísmo e destruição eram muito maiores. O resgate feito pelo Killmonger deixou claro como algumas pequenas viradas na vivência de alguém podem transformar tal pessoa pra sempre. No entanto, o restante da trama não me impressionou tanto assim.
  • Certo, o episódio do Thor foi divertidinho. De fato, foi massa ver uma visão mais descontraída da série, mas acho que este capítulo aqui deveria ter sido o segundo da temporada, pra destoar menos do restante. Destaque para o Loki gigante, algo que eu não sabia que precisava, e pro Thor “arrumando” a Torre de Pisa. Aquela parte foi boa demais.
  • Ok, sobre os dois últimos episódios. O Ultron vencendo a batalha e dominando a Terra foi sensacional de ver, e o penúltimo capítulo é um dos melhores de todos eles. Novamente, deram uma grande moral pro Gavião e pra Viúva, algo que deu um certo frescor à série. Por outro lado, eu definitivamente não curti as resoluções finais. O Vigia, um ser que consegue enxergar todas as dimensões do universo, realmente achou que as melhores opções para derrotar um Ultron que foi capaz de atravessar universos eram os personagens expostos na série? Isso não me desceu nem um pouco. O único que realmente parecia útil era o Doutor Estranho. Quanto ao resto, uma boa parte deles não era páreo pro antagonista. Isso só faria sentido se o Vigia não tivesse outra escolha, e isso não ficou muito claro no enredo. Um desperdício, sinceramente.
  • Ordem dos melhores episódios pra mim: 4, 3, 8, 2, 5, 7, 6, 1 e 9.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Doutor Estranho
Eu gostei muito do T’Challa como Senhor das Estrelas, mas era impossível não dar este prêmio pro Stephen Strange. Seus níveis de camadas e poderes são consideravelmente maiores do que todos os outros personagens de What If…?. Destaque também para o Ultron.

Doutor Esquisito

+ Melhor episódio: S01E04 (“What If… Doctor Strange Lost His Heart Instead of His Hands?”)
Não foi o meu predileto, mas ostentou o melhor roteiro e a carga mais pesada que eu já vi no UCM até hoje. Marvel acertou em cheio.

O maior stalker de todos os tempos

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).