• Um herói genuíno
Após o fracasso comercial e criativo do Universo Estendido da DC (DCEU), o diretor James Gunn assumiu as rédeas e deu início ao novo Universo da DC (DCU). Com a promessa de se reaproximar do público por meio de uma abordagem mais lúdica, quadrinhesca e descontraída, nasceu o projeto de Superman, que é um ótimo início pra uma franquia que deseja aprender com os erros do passado.
Sinopse
Três anos depois de começar a salvar gente, o Superman perde a sua primeira batalha e se vê em meio ao conflito político entre dois países: Borávia e Jarhanpur. Vítima da opinião pública e das maquinações do magnata Lex Luthor, o herói vai precisar se reinventar pra salvar o mundo e a si mesmo.

Crítica
Depois de ter me acostumado com uma construção específica de franquias de super-heróis, em que os personagens são apresentados aos poucos, separadamente, antes de se convergirem em um grande grupo, confesso que o início de Superman me deixou um pouco perdido, ainda mais por não ser um ávido entendedor de quadrinhos. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, muitos nomes diferentes pra aprender enquanto a ação não dava trégua.
Aos poucos, porém, o filme vai fazendo a gente se situar naquele universo. O que parecia confuso vai se tornando familiar, e a identidade colorida e megalomaníaca passa a soar natural aos olhos. Continua bem diferente do que estamos habituados a ver no gênero, mas talvez isso seja uma coisa boa. A DC já tinha tentado “imitar” a Marvel no finado DCEU, então nada mais justo do que ignorar as introduções e partir direto pro ataque, sem a necessidade de desenvolver as interações iniciais entre heróis, vilões e cidadãos comuns.
Você pode dizer qualquer coisa do James Gunn, mas não dá pra negar que o homem tem estilo, conforme já havia provado com a trilogia + especial de Natal dos Guardiões da Galáxia e com O Esquadrão Suicida. Esse estilo pode até não te agradar, mas ele definitivamente está lá. É o tipo de cineasta que você bate o olho em uma de suas obras e já sabe a quem pertence. Isso também acontecia com Zack Snyder, mas a pegada mais sóbria do diretor acabou não se sustentando a longo prazo.
A principal qualidade de Superman, e que está totalmente atrelada a James Gunn, é a evidente paixão com a qual foi comandado o projeto. Isso fica claro no rosto dos atores, no cuidado com os detalhes, nos diálogos e no roteiro como um todo – sem falar na trilha sonora, embalada pelo tema clássico de John Williams, e nos efeitos visuais extravagantes. É tudo muito vivo. Na trama, é impossível não associar o conflito entre Borávia e Jarhanpur com o conflito entre Israel e Palestina. O texto ainda consegue traçar um comentário social e irritar um monte de gente no processo, o que pra mim é algo positivo.
Se eu fosse citar algum defeito no filme, seria exatamente o que eu mencionei no começo: a falta de contexto. Sim, dá pra entender o que está acontecendo à medida que a história avança, mas não dá pra criar laços maiores com todo mundo, especialmente os personagens secundários, porque é muita gente introduzida de uma só vez. Mas é possível que isso seja corrigido no futuro do DCU, porque essa franquia tá só começando.

Veredito
Superman é um melhor início pro DCU do que O Homem de Aço foi pro extinto DCEU – e olha que eu gosto do filme do Zack Snyder. Neste novo universo, James Gunn lidera uma aventura cheia de personalidade, arcos de bastante potencial e um senso de identidade capaz de se colocar de vez na memória da galera. Falando por mim, eu mal posso esperar pelo que vem por aí.

+ Melhor personagem: Superman
O que eu mais gostei na versão de David Corenswet do Superman é a inocência do personagem. Isso ficou cristalino durante a discussão com a Lois Lane logo no começo do filme, em que ele “explode” quase como se fosse uma criança discutindo com os pais. A bondade genuína do herói é encantadora, e eu adorei como o filme fez com que a opinião pública fosse a sua maior inimiga, uma maneira esperta de “nerfar” um ser superpoderoso sem parecer forçado. Além do protagonista, preciso destacar a Lois Lane e o Lex Luthor, duas excelentes adições. Palmas também pro Sr. Incrível e, é claro, dois biscoitos pro Krypto.

CURIOSIDADES
- Nicholas Hoult originalmente tentou o papel de Clark Kent, que acabou indo pro David Corenswet. Antes de ser escalado como Lex Luthor, Hoult ainda “disputou” com os irmãos Alexander e Bill Skarsgard.
- A volta da “cueca vermelha” pela 1ª vez desde Superman: O Retorno foi um pedido de David Corenswet. Segundo ele, era uma maneira de tornar o visual menos ameaçador pras crianças daquele mundo.
- O diretor James Gunn comentou que a morte de seu pai serviu de influência pra elaboração do roteiro de Superman. O filme foi lançado em 11 de julho de 2025, data do aniversário do pai de James Gunn.
- David Corenswet e Rachel Brosnahan foram escalados juntos. De acordo com James Gunn, David foi o melhor Clark Kent, Rachel foi a melhor Lois Lane, e ambos tiveram a melhor química.
FICHA TÉCNICA
Nome original: Superman
Duração: 2h09
Países: EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia
Diretor: James Gunn
Elenco principal: David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Hoult, Nathan Fillion, Edi Gathegi, Isabela Merced, Skyler Gisondo
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
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OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO
- Eu adoro quando personagens representados como “burros” na verdade demonstram ser bastante inteligentes. A Eve tirando selfies com os planos do Lex atrás dela foi genial.
- Achei massa pra caramba a Mulher-Gavião simplesmente deixando o presidente de Borávia cair de uma altura de centenas de metros sem que alguém tentasse dar alguma lição de moral nela. Se fosse em outro filme, ele teria sido salvo ou então alguém a teria impedido com o comentário “não podemos nos tornar igual a ele!”.
- Se você não está familiarizado com o conceito de “farmar aura”, é só ver o que o Sr. Incrível fez enquanto deixava a Lois dentro de um escudo, ao som de Five Years Time. Impossível não ficar vidrado no personagem depois daquilo.
- Outra cena muito boa foi o Lanterna Verde do Guy Gardner mostrando o dedo pros soldados da Borávia enquanto a GANGUE DA JUSTIÇA salvava todo mundo. E será que o Metamorfo realmente vai fazer parte do grupo agora?
- Krypto mordendo o Lex Luthor durante vários segundos é minha nova religião. O cãozinho roubou a cena mesmo, e mal posso esperar pra vê-lo em ação novamente ao lado da Supergirl.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?