Drama, Séries

House of Cards: 2ª Temporada (2014)

• Xeque-mate

A democracia é superestimada. As palavras de Frank Underwood jamais foram tão verdadeiras. Sem um único voto, ele construiu sua trajetória dentro do governo estadunidense até alcançar o posto de vice-presidente. É incrível perceber como ele passou de desprezado pela administração a um dos cargos mais importantes do planeta no espaço de uma temporada, usando apenas sua inteligência, estratégia e determinação. Na segunda temporada, Frank busca alçar voos ainda maiores, sempre ajudado pela presença notável de sua esposa, Claire. Em mais um ano de existência, House of Cards explana o quanto a política é um gigantesco e ininterrupto jogo de xadrez.

 

Sinopse

Francis J. Underwood é o vice-presidente dos Estados Unidos, um cargo abaixo do presidente Garrett Walker. Ao contrário de seu predecessor, Frank busca ser mais atuante, permanecendo com suas habilidades manipulatórias. Porém, as coisas podem não ser tão fáceis assim. No seu caminho pro lugar em que ocupa atualmente, ele precisou sacrificar – literalmente – o deputado Peter Russo, tecendo cuidadosamente sua teia pra não gerar desconfiança de nenhum lado. E, quando a desconfiança surgisse, ele trataria de expurgá-la o mais rápido possível.
Pra minar o governo de Walker sem que o mesmo descobrisse, Frank precisaria pisar em muito mais ovos. Isto porque o presidente confia cegamente no empresário Raymond Tusk, dono de uma série de empresas multinacionais. Seu julgamento é constantemente afetado pelo homem de negócios, e, para que Frank consiga conquistar a confiança de Walker, ele precisa diminuir de alguma maneira a influência de seu agora rival. A queda de braço metafórica entre os dois gigantes é o ponto principal da nova temporada, que mostra que Frank Underwood, apesar de genial, é capaz de perder algumas batalhas.

Um adversário à altura

Crítica

A primeira temporada de House of Cards é praticamente impecável, com poucas falhas aqui e ali. A segunda mantém o mesmo nível, ainda bem. O estilo da narrativa é um pouco diferente – mais ação e um pouco menos de maquinação. É claro que Frank manipulando as pessoas é um elemento que (eu acho que) sempre estará presente na série, mas os roteiristas deixaram isso um pouco de lado para focar em uma disputa frenética pelo poder da Casa Branca. O protagonista ganha enfim um adversário à sua altura, capaz de fazer qualquer coisa para manter seu posto. O duelo intelectual entre eles é particularmente interessante de se ver, e a gente percebe que, mesmo conhecendo o profundo lado negro do vice-presidente, acabamos torcendo por ele. A repulsa por seu competidor é maior do que o bom-senso, até porque não tem nenhum santinho naquele meio.
Claire é um aspecto que cresce muito na sequência do seriado. Anteriormente, seu núcleo envolvia basicamente investidas empresariais e o envolvimento amoroso com o fotógrafo Adam Galloway. Agora, ela dá vida a um dos arcos mais poderosos até então, envolvendo mentiras, assédio sexual, estupro, aborto e gravidez indesejada. Suas histórias ficam tão interessantes que acabam ofuscando o brilho do próprio Frank, colocando-a como a melhor coisa da temporada. Não que seu marido tenha perdido fôlego, o fato foi que ela é que deu um novo ar à série.
Entre os defeitos da temporada, devo dizer que eu senti muita falta dos monólogos de Frank com a câmera, quebrando a quarta parede. Ele continua com isso, mas em uma escala muito menor; em alguns capítulos ele solta só uma frase e acabou. O enredo como um todo também é um pouco mais fraco se comparado ao da primeira, mas ainda assim é melhor do que 90% das séries por aí. É aquele negócio, se House of Cards continuar nesse nível, será sem dúvidas o melhor negócio já feito pra televisão. Infelizmente, eu ouvi falar que não é bem isso que acontece. Acho que precisarei ver pra ter certeza.

Namore alguém que te olhe como esses dois se olham

Veredito

A segunda temporada de House of Cards está um pouco abaixo da primeira, mas ainda assim é uma puta de uma obra-prima. As atuações e a construção dos personagens são o ponto alto, sem dúvidas. Algumas novas adições dão mais riqueza à trama, mas o arco de Doug Stamper, por exemplo, foi um pouco enjoativo pra mim. No entanto, foi essencial para o desenvolvimento do mesmo, então dá pra passar. Claire reina absoluta, mas Frank segue como destaque. A season finale fecha com maestria todas as pontas soltas, deixando um gostinho de quero mais e um sorriso no rosto de quem acabou de acompanhar algo muito bem pensado e planejado.

De Frente com Gavin

 

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~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Uma das maiores tristezas da minha vida é ter pegado o spoiler do Frank empurrando a Zoe nos trilhos de trem. Certo dia, eu tava navegando no Facebook e o Capinaremos postou o gif da cena. Eu, desavisado, assisti. Eles nem se deram ao trabalho de avisar na legenda. Sim, eu descurti a página e nunca mais voltei a acessá-la. Demorei meses pra finalmente assistir House of Cards, mas nunca consegui apagar da memória aquele momento. Por isso, a cena em si não foi um choque pra mim, eu só esperava que ela fosse acontecer mais tarde na série. Ainda assim, foi muito foda ver a frieza de Frank e a maneira com que ele conversa com a gente através do espelho, nos dizendo pra “não lamentar a morte da Srta. Barnes”. Que roteiro do caralho.
  • Mano, eu fiquei abalado demais com a história envolvendo o Freddy e suas costelinhas. Ele era um cara tão firmeza, fiquei tristão quando ele foi afetado na cruzada de Frank. Também senti pena do Galloway, mas nunca cheguei a ter muito apego emocional.
  • O Doug é um cuzão do caralho, né? Por que não deixar a Rachel ter uma vida normal, feliz com aquela mina da igreja? Ele teve o que mereceu no final, embora não deva ter morrido.
  • Aquela trama do FBI foi bem chatinha, né? Na primeira metade da temporada até que fez sentido pra poder fechar o arco do Lucas Goodwin, mas depois continuaram insistindo naquele Gavin Orsay, chegando em lugar nenhum. Um dos pontos negativos da temporada.
  • Puta merda, velho, a Claire é muito rainha. Sim, ela mentiu sobre a história do aborto, mas o cara do Exército era um tremendo de um filho da puta, então ela acabou fazendo a coisa certa, mesmo que tenha traçado um caminho errado. Sei lá, é um assunto muito controverso.
  • Eu consegui SENTIR aquele ménage envolvendo Frank, Claire e Meachum episódios antes de acontecer. Não vou mentir, sinto muito orgulho de mim mesmo quando consigo fazer isso. E ah, o casal Underwood levou muito a sério a expressão “faça sexo com segurança”.
  • Obviamente que iria dar merda a relação do Remy com a Jackie, né? Ainda mais envolvendo dois potenciais rivais na política dos Estados Unidos.
  • Que ódio eu fiquei daquele Raymond Tusk durante a temporada. E pensar que as coisas poderiam ter dado certo pra ele se tivesse engolido o orgulho naquela última proposta do Frank, no estádio de beisebol. Mereceu se foder muito.
  • Eu fiquei com um pouco de dó do Feng ao imaginar que ele iria viajar rumo à sua pena de morte, mas que ele tinha que pagar de alguma forma por sua extensa lista de atos de corrupção, disso não há dúvidas.
  • Veeeeelho, mentira que aquele toquinho da Netflix antes dos episódios é por causa da batida do Frank na mesa ao fim do último episódio da segunda temporada. Que coisa mais foda, se foder.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Claire Underwood
Até o quarto capítulo, Frank é o melhor da temporada. A partir desse momento, porém, Claire toma as rédeas e comanda uma história incrível, mesmo se tratando de um arco secundário em relação à parte de seu marido.

Aquele sorriso… aquele maldito sorriso

+ Melhor episódio: S02E04 (“Chapter 17”)
Este capítulo é a prova da diferença que faz ter um bom roteiro e um talentoso elenco.

Um acordo amigável

+ Maior surpresa: Jackie Sharp
Nova figura no ambiente da Casa Branca, ela mostra uma abordagem singular em suas investidas políticas. É legal traçar o paralelo dela com o modo sem escrúpulos de Frank Underwood.

Eu nem sei se essa imagem é da segunda temporada, mas é difícil demais achar fotos boas dessa série, pqp

+ Maior evolução: Remy Danton
Antes um coadjuvante com não tanta importância assim, ele ganha mais espaço e lidera bons núcleos ao longo dos episódios.

Indo procurar o Vallelonga

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).