Marvel (MCU)

MCULeleco #30 – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022)

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

• Sucessão do manto

Ninguém esperava que o clima para Pantera Negra: Wakanda Para Sempre seria de melancolia. Depois do sucesso absoluto do primeiro filme e a consolidação do personagem no panteão do Universo Cinematográfico da Marvel, a morte de Chadwick Boseman pegou a todos de surpresa. O mundo da cultura pop entrou em um longo período de luto, até que o estúdio entendeu que era hora de seguir em frente. Era o que Chadwick desejaria, com toda a certeza. Por isso, apesar do novo filme gerar aquele clima costumeiro de empolgação nos fãs, eu pelo menos fui assistir com mais apatia do que necessariamente entusiasmo. Além do mais, uma parte de mim estava curiosa pra saber como a Marvel lidaria com o assunto. Fizeram isso muito bem, mas o filme em si infelizmente está longe de ser tão memorável quanto o primeiro.

 

Sinopse

Depois da morte de T’Challa, rei e protetor de Wakanda, a nação africana se viu em um período de indefinição. Tal cenário evoluiu para instabilidade política a partir do momento em que outros países enxergaram uma brecha para tentar colocar as mãos no precioso vibranium. A instabilidade política ganha novos contornos quando surge uma ameaça submarina. Com isso, a fragmentada Wakanda precisará se unir pra derrotar o novo inimigo e ressurgir das cinzas perante o cenário interno e externo do planeta.

Elas têm o molho 🥶🥶🥶

Crítica

Quando você lança um filme de sucesso e decide elaborar uma sequência, tenha em mente que o segundo filme sofrerá com as comparações. É inevitável, como diria Thanos. Por um lado, isso é bom, pois impele os espectadores a querer acompanhar novamente algo de qualidade. Por outro, qualquer desnível em relação à obra antecessora pode ganhar um peso ainda maior. Eu falei a mesma coisa no pitaco passado de House of the Dragon. A série em questão foi capaz de driblar as armadilhas de Game of Thrones, mas Pantera Negra: Wakanda Para Sempre não teve a mesma sorte.

Não é o absoluto foco da trama, mas o filme toma o cuidado de homenagear Chadwick Boseman sem deixar tudo apelativo demais. E faz isso muito bem. As passagens são delicadas e a obra também deixa claro que deseja seguir em frente, a fim de apresentar outros conteúdos pro futuro daquele universo. Não vou mentir, eu queria que tivessem dado mais detalhes sobre o que levou ao destino de T’Challa. Porém, eu entendo que não queiram ter se aprofundado nesse quesito, até porque é um assunto extremamente delicado.

Homenagens póstumas à parte, um grande problema de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é o roteiro. A dinâmica da nova personagem Riri Williams, por exemplo, é excessivamente parecida com a de America Chavez em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Eu gostei da Coração de Ferro, não me entendam mal, mas o contexto no qual ela foi inserida na história me deu uma sensação chata de repetitividade. Ainda assim, isso é apenas um detalhe, visto que, na minha opinião, talvez o maior defeito do filme tenha sido a falta de um protagonismo sólido.

Eu sempre gostei da Shuri, desde quando ela apareceu em Pantera Negra pela primeira vez. Contudo, é o tipo de personagem que funciona muito melhor como coadjuvante. A mesma coisa vale pro Bucky Barnes, o Drax, o Máquina de Combate, o Wong e incontáveis outros exemplos dentro da própria Marvel. Analisando somente as particularidades wakandianas, Okoye, Ramonda e até mesmo Nakia têm muito mais a entregar em um papel principal do que a Shuri. Além disso, eu tive constantemente a sensação de que Pantera Negra: Wakanda Para Sempre não sabia muito bem pra onde direcionar suas atenções, girando em volta dos personagens até decidir que o foco seria a Shuri.

Quando comparamos com a figura de T’Challa, tão imponente e interessante, o protagonismo de Wakanda Para Sempre se mostra ainda mais sem brilho. Em compensação, o antagonismo é sensacional. Namor é uma adição certeira ao MCU, com uma história de origem bastante diferente do habitual e que trouxe um ar fresco a uma saga que dá cada vez mais sinais de cansaço.

Quanto aos outros aspectos da obra, senti falta de coreografias de luta mais emblemáticas. Sinceramente, não consigo citar uma cena de batalha em Wakanda Para Sempre que tenha ficado marcada na minha cabeça. As outras características audiovisuais, que chamaram tanto a atenção em Pantera Negra, aqui aparecem dentro da média. A respeito das atuações, Angela Bassett se destaca como a Rainha de Wakanda, e as interpretações de Lupita Nyong’o e Danai Gurira como Nakia e Okoye, respectivamente, também me chamaram a atenção.

Como é que a Coração de Ferro expressa felicidade? Ela “Riri”

Veredito

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é uma competente homenagem a Chadwick Boseman, com um manejo delicado da situação envolvendo o ator que pra sempre ficará na memória dos fãs. O filme é capaz de divertir, entreter e fazer refletir, e tem provavelmente o melhor vilão da Fase 4 do MCU até agora. Entretanto, é uma história que essencialmente não possui nada de particularmente memorável e foi incapaz de expandir o potencial que Wakanda tem a oferecer. Vários bons personagens estão em tela, mas o roteiro escorrega nas tomadas de decisão quanto ao enfoque. Em resumo, é uma obra que vai te manter interessado enquanto estiver rolando, mas que não deve permanecer por muito tempo depois disso.

Dora a Aventureira Milaje

 

Aviso: Tem uma cena pós-créditos.

 

>> MCULeleco #18 – Pantera Negra

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: pra saber sobre quais filmes eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco: Filmes

Nota nº 4: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Vamos começar pela morte do T’Challa. Queria ter sabido exatamente qual era a doença que acabou com a sua vida. O meu irmão comentou que ficou subentendido que foi por conta da abstinência da Erva Coração, mas eu não percebi isso. Se for realmente o caso, faz bastante sentido, mas poderiam ter deixado mais claro. Ainda, queria ter visto como foi a repercussão do falecimento do Pantera diante da opinião pública, se houve algum tipo de nota oficial dos Vingadores ou algo assim. Mas, novamente, entendo não terem se aprofundado nisso.
  • Uma coisa que eu senti falta no filme foi expandir Wakanda como país. A gente conheceu bastante da cultura daquela nação em Pantera Negra, e achei que poderiam ter ido além, ainda mais considerando que o nome da sequência é Wakanda Para Sempre. Sei lá, talvez uma atenção maior na população, não sei. Só que isso é uma visão puramente pessoal.
  • Curti bastante o rolê das sereias. Ao meu lado, minha namorada praticamente teve as mesmas reações, como dizer “caralho, que foda” e ficar com os olhos grudados na tela. Um bom acerto do roteiro.
  • Então, eu gostei da Riri Williams, mas preciso ver mais dela. Eu sou hipócrita de colocar a America Chavez como Maior Surpresa em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e não fazer o mesmo com a Coração de Ferro em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre? Sinceramente, acho que não. Com a America, eu fui sem esperar muito dela, e gostei da sua personalidade. Com a Riri, inicialmente pareceu que dariam a atenção devida à personagem, mas de repente deixaram-na para escanteio. Portanto, acho que acabou passando batido entre as demais personagens.
  • Já faz mais de uma semana que eu assisti ao filme e até agora não tenho certeza do que achei do arco do Everett Ross. Não que fosse um personagem com muito a entregar, mas se o tirasse totalmente do filme, talvez a história nem perderia tanta coisa. Mas ok, dá pra passar.
  • Por ooooutro lado, o Namor foi pika, com o perdão do palavreado chulo. As origens dele, a razão por trás do seu nome, as motivações, tudo foi muito bem construído. Ainda acho que a motivação do Killmonger foi mais bem trabalhada, até porque uma coisa ficou na minha cabeça: os humanos realmente teriam a capacidade de ameaçar o domínio subaquático? Digo, mesmo que os terrestres estejam em um número consideravelmente maior, pouquíssimos teriam os recursos pra invadir o oceano atrás de um reino bem protegido. Mas sei lá, dá pra entender pela perspectiva do colonizado, de se antecipar ao movimento do colonizador.
  • Também não gostei do modo como a Ramonda lidou com a Okoye. E isso não é uma crítica ao roteiro, é mais uma reflexão a respeito da trama mesmo. Pô, a Okoye tinha provado centenas de vezes a sua lealdade, e, embora eu entenda a rainha de Wakanda ficar sentida após o sequestro de sua filha, a pior coisa que ela poderia fazer era afastar uma das pessoas que estariam mais motivadas a recuperá-la.
  • Vamos falar sobre um dos principais pontos da obra, agora: a Shuri como Pantera Negra. Pra mim, alguma coisa não se encaixou. Eu não sou muito fã de quando filmes pegam personagens já estabelecidos pra ocupar outra “função”. A Shuri é uma excelente coadjuvante, mas não me convenceu como protagonista. Pra mim ela não dá certo como lutadora porque simplesmente nunca foi. É o mesmo motivo pelo qual não faz mais sentido o Hulk participar de combates na atual fase da Marvel. O negócio da Shuri é ficar nos bastidores, sendo o cérebro das operações. O seu potencial meio que fica desperdiçado no campo de batalha. Sei que nos quadrinhos é assim, e sei que faz sentido tendo em vista a jornada da personagem, mas possivelmente Okoye e Nakia ocupariam muito melhor o vácuo deixado pelo T’Challa. Até mesmo o Killmonger, mas ainda bem que não o trouxeram de volta à vida. Aquela interação foi mais do que suficiente.
  • Gostei do retorno da Nakia, inclusive, era uma personagem que sempre enxerguei potencial desde o primeiro filme. Acho até que teria sido legal se ela fosse a sucessora do T’Challa, mas acredito que a utilizaram bem em Wakanda Para Sempre. E eu realmente não esperava que Nakia tivesse tido um filho com o Pantera. T’Challa II vem aí, galera! E vale ressaltar que Toussaint também é um nome de respeito.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Namor
Você sabia que o Namor é mais antigo do que o Aquaman? Legal, né. Independentemente disso, a Marvel acertou em cheio ao repaginar a origem do personagem, dando um toque a mais de charme que anda faltando no MCU.

Vai encarar, Jason Momoa?

+ Maior evolução: Rainha Ramonda
Decidi colocar a mãe de T’Challa aqui porque Angela Bassett, sua intérprete, ostentou a melhor atuação de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre. Como peça narrativa, foi essencial para a transição do legado do filho para a filha.

Ramonda Flowers

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).